A presença da Poesia de Mariana Stelko, na quarentena francesa. Com tradução livre para o português
La Solitude vit sa vie
Elle marche en écoutant Nikita d’Elton John, et soudain, la nuit se
convertit en karaoké au 17ème arrondissement.
En arrivant à la maison, l’Attente devient l’unique, l’attraction, elle se
jette sur la canapé et balade son verre de rouge dans le salon, se retourne au
lit, joue avec les draps, éteint la lumière, soupires, transpiration - de la
pure provocation - tout ce dont elle insinue qui dépend de son temps.
L’Ecriture s’interpose, jalouse, elle se rend bien compte que l’Attente
instigue des songes de l’inconnu et des délires profus, c’est à quoi elle
répond, que ce soit par la thèse ou par des poèmes, qu’elle provoque des
éblouissements! Elle suggère les germes du service public dès le Moyen Age à
1791, d’interroger quoi de la solidarité dans les entretiens d’évaluation –
elle dit - que ce soit des manageurs du Pôle Emploi, ou dans les fiefs des
seigneurs, de la part des patrons, toujours des soupçons, sur la capacité de
production, et que tout ça, fait pas si longtemps, était fort intéressant. Elle
parle de ses poèmes : dès « Les Mots et Les Choses » à la mathématique,
autrefois, tout passait par son crayon. Tu sais quoi, dit-elle, voyons-nous
urgemment, elle prend la Solitude par la main pour qu’elles allient en errance,
vers les mots et expressions, qui peuvent les rendre euphoriques pendant le
confinement.
Attachée à l’Ecriture, la Solitude devient Délectation, entre délires et
interprétations, sur le néo-libéralisme et les caresses, des récits de
solidarité et de tendresse, du Moyen Age à nos jours, des applaudissements aux
soignants aux injonctions des gouvernements, elle veut parler de ce que l’Etat
d’urgence et la démocratie d’exception font aux services publics depuis
longtemps et aux amours pendant le confinement.
Mariana Stelko*
Nikita: Sony/ATV Music Publishing LLC
A solidão vive sua vida
Ela caminha ouvindo Nikita de
Elton John,
e, de repente, a noite se
transforma em karaokê no bairro 17.
Chegando em casa a Espera
torna-se a única atração,
Atira-se no sofá e passeia com
o copo de vinho na mão;
Revira-se na cama, brinca com
os lençóis,
apaga a luz,
suspiros, transpiração- pura
provocação-
tudo o que ela insinua depende
da sua duração.
A Escritura interpõe-se
ciumenta,
ela se dá conta de que a
Espera instiga sonhos desconhecidos e delírios em profusão
Ela diz que com ela, seja pela
tese ou por poemas, a vida é pura exaltação!
Ela sugere escrever sobre as
origens do serviço público, da Idade Média à 1791
questionar a solidariedade nas
entrevistas de avaliação- ela diz-
sejam os gestores de Centro de
Emprego,
ou nos fortes dos senhores
feudais,
a gestão sempre a suspeita da
capacidade de produção,
e que tudo isso, não faz muito
tempo, era muito interessante.
Tu sabes diz a Escrita:
“vejamo-nos urgentemente”
Ela pega a Solidão pela mão para
que vagueiem em direção às palavras e expressões que podem torná-las eufóricas durante a quarentena.
Abraçada à Escrita, a Solidão
se torna torpor, alegria, descontração, entre ilusões e interpretações, sobre
neoliberalismo e carícias, solidariedade e ternura, desde a Idade Média até os
dias atuais, dos aplausos às equipes de saúde às imposições governamentais, ela
quer falar sobre o que o estado de emergência e a democracia de exceção têm
feito aos serviços públicos há muito tempo
e sobre os amores durante o
confinamento.
Tradução livre: Ivonete M. M. Zanqui*
*Mariana Stelko é psicanalista e professora de Sociologia na França.
Mora em Paris. Além de artigos acadêmicos, escreve crônicas, contos e poesia. Neste Poema, ela fala sobre a quarentena na França.
*Ivonete M. M. Zanqui é graduada em Letras - Português-Francês, pela
UEM-Universidade Estadual de Maringá. Leciona gramática portuguesa e francesa
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