Postagens

Mostrando postagens com o rótulo De Prosa e Arte

De Prosa & Arte | Maternagem Real

Imagem
Coluna 29 Foto By Guiga Preta 2012 Maternagem Real Às vezes me pergunto onde cresce essa potência, que antes não estava ali, quando éramos sozinhas, antes de “rebentar”. Este poder de abrandar, acalmar, aconchegar, fazer seguir, encorajar, estimular.  Toda a preocupação, o zelo, a força nos momentos mais difíceis, um trabalho de tempo integral, que requer que se esqueça das próprias necessidades em prol de seu coração batendo fora do peito, doendo cada joelho ralado, noite insone, constipação, medo, pesadelos, falta de apetite e nota baixa no boletim.  Eu, que sempre me vi tão rebelde quando filha, queria contrapor, me indispor com regras, maneirismos, convenções, valores e crenças da minha matriarca. Ainda assim, sonhava ter meus filhos/companheiros, pra sorrir dias de sol, me aboletar sob as cobertas em dias nublados, comendo pipoca ou qualquer besteirice . Eu não me lembro de ter um desejo mais visceral do que ser mãe, mesmo que ali no fundo eu me dissesse que seria totalmente difer

De Prosa & Arte | Uma Carta de Nanã pra Oyá com inspiração em Wangari Maathai

Imagem
Coluna 28 https://fuep.org.br/orixas/iansa/ Uma Carta de Nanã pra Oyá com inspiração em Wangari Maathai "Aviso de saltos temporais: o que vem a seguir não depende da função cronológica da narrativa, saiu atabalhoado como tem sido os dias e os pensamentos. Espero que compreenda Bela Oya. Nunca quis ser invasiva, pois p ercebo que tem gente que não gosta de muita “ frescuragem ". Mas hoje não posso deixar de dizer. Por nós que não nos reunimos mais, porém vamos conectados lutando as mesmas guerras em diferentes searas. Sinto falta dos abraços. Mas acho que não sei abraçar, sempre que preciso, faço o melhor que posso!  E fico muito emocionada quando sinto a troca energética que um abraço me proporciona. Tenho medo de demonstrar minhas fraquezas, um abraço sempre as revela. Quero contar a experiência de quando podíamos ler juntos e em seguida dividir o toque profundo de um abraço-colo. Isso faz um tempo já. Uma incrível professora colou na escola em que trabalho pra fazer uma fa

De Prosa & Arte | Pétalas e Orvalho

Imagem
Coluna 27 htt ps://pixabay.com/pt/photos/flores-mulher-cheirando-731300 Pétalas e Orvalho Sem pudor, sem métrica / Sem plano, sem regra / Corpo e Alma / Tateando desejos bicolores. Guiga Preta Dia desses, parti numa busca por elementos da flora que encontrei na janela vizinha. Numa manhã qualquer aquilo que parecia um bulbo e se assemelhava a um figo no pé, era anúncio de um cacto em flor. Eu ainda não sabia. Da minha janela eu só via o bulbo pendente para o lado de fora. Naquele dia, esqueci de retirar a câmera do estojo e registrar aquele curioso despertar no vaso na varanda de frente. No dia seguinte,  perto do mesmo horário, ao sair na janela me surpreendi com aquela explosão em pétalas... aquelas peças florais carnudas, aveludadas, sedosas e com pistilos proeminentes. Tinha uma cor próxima ao marrom arroxeado.  Uma flor de cor tão análoga a outras flores que em manhãs orvalhadas, desabrocham em seu leito envolvendo os estames. Confesso que aquela flor curiosa, em formato de est

De Prosa & Arte | Conto - Crônica de Intenção

Imagem
Coluna 26 pixabay.com/pt/photos/vale-de-napa  Conto - Crônica de Intenção Vez ou outra, me ocorrem sopros de letrinhas travessas, reinventando intenções nos meus escritos. Temo que esteja me tornando violentamente e/ou assustadoramente escritora. Longe de querer receber esse título de outrem, eu mesma vou me dando o direito de assumí-lo.  Um dia depois de um vendaval de letras me tornei poeta, e porque não poetisa? Penso que até a Língua Portuguesa traidora, estimulada por alguns linguistas mais antigos ou tradicionais, tratou de estabelecer um substantivo feminino um tanto mais delicado. Talvez acreditando que o peso de ser POETA, só podia vestir calças e suspensórios. E até nisso, muita coisa mudou. Me afirmo poeta, com o valor e peso que a palavra tem. Mas não estou aqui pra discorrer sobre encrencas linguísticas. Não hoje. Queria lhes contar que dias depois dos vendavais de poesia, sofri de uma tempestade de ideias e reflexões. Então, me peguei organizando a sopa de letrinhas das m

De Prosa & Arte | Páscoa, Renascimento e o Capital

Imagem
Coluna 25 Raheel  Shakeel por Pixabay Páscoa, Renascimento e o Capital Nestas épocas em que se lotam supermercados atrás de futilidades que nada tem a ver com a energia, com o tônus espiritual desse momento, esvaziam-se as gôndolas. Estamos passando por um período de muitas mortes. Às vezes a fé parece esmaecer. Vivenciamos um desgoverno pseudo religioso onde os menos favorecidos precisam escolher entre a iminência de morrer contaminados no trânsito diário ou de fome pelo desemprego. Ainda assim, esvaziam-se as gôndolas. Caminhamos alienados diante do capital e pouco estendemos nosso raciocínio para além do senso comum. Seguimos o discurso empresarial e econômico que sobrepõe a segurança e a saúde pública, consequentemente a vida, nas filas de supermercado atrás de embalagens coloridas. Num país onde as desigualdades sociais são intensas e a luta de classes acirrada. Quem movimenta a economia e está atrás de volante, vassouras, máquinas, balcões são "as minorias", na verdad

De Prosa & Arte | Maresia e saudade

Imagem
Coluna 24 Foto By @guigapreta  Maresia e saudade "Me visto de maresia e o tempo nem corre, anda calmaria à beira mar. O quente asfalto corta a paisagem molhada: o verde, o cheiro, a brisa, o nde pequenos se distraem com conchas e pedrinhas. O sol anunciando a partida, tímido aquecendo sorrisos numa preguiça cheia de areia e calor. O tempo se veste de sal e ruído de arrebentação. E de tombo em tombo, brota vida beliscando e lambendo nossos pés, esmaecendo com seu cântico na areia. Nostalgia. Aqui no meu Templo silêncio flutuam mil pensamentos, corre denso líquido das grutas dos meus olhos tão salgado quanto o espelho que enfeita a miragem. Nessa hora eu sou quase mar, sem divisão entre o tempo e o destino. Nessa hora eu sou toda mar, sou maré…" Guiga Preta Todas as vezes que me botei na estrada depois de adulta, não pude deixar de conduzir meu olhar para as bonitezas das aventuras e desventuras de minhas migrações temporárias ao litoral. Sempre me lembrava de garantir que na b