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Mostrando postagens com o rótulo Poesia feita por mulheres

UniVerso de Mulheres 12 - A voz da selva na poesia de Sandrinha Barbosa, por Valeska Brinkmann

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UniVerso de Mulheres 12                                                                                                                             Foto  © Luciana Frazão   A voz da selva na poesia de Sandrinha Barbosa, por Valeska Brinkmann Eu selvagem   selvagem como as pedras não polidas e intocadas selvagem como o fogo o sol do meio-dia e as grandes tempestades selvagem como os terremotos maremotos secas e enchentes selvagem como a pororoca amazônica que em sua passagem arrasta o tudo e o todo selvagem como a febre alta como a ferrada de arraia e o choque do puraquê selvagem como a noite sem fim sem luz e sem som repleta de pesadelos selvagem assim eu sou assim estou seria uma certeza ou auto-defesa? não sei explicar mas por alguns instantes ao deixar a selva encontro vocês: amigos fiéis que tanto falam, brincam e sorriem em seus olhos quanta esperança firmeza e carinho traduzidos a mim selvagem em jeito de luta persistência e não desistência o oxigênio a segurança a brisa morna qu

UniVerso de Mulheres 06 -Três poemas de Jamille Anahata, por Valeska Brinkmann

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  Três poemas de Jamille Anahata, por Valeska Brinkman        não sou só  meus joelhos ralados  ou a cicatriz na minha barriga sou também canga estendida  em dias ensolarados,  sorriso bordô, dança e cantiga *** toda vez que um de nós sem aldeia fala se reconhece no espelho  tem coragem de usar a palavra-tabu  sinto o fortalecimento  na pele no peito no sangue o plano deles era nos arrancar   nos engolir e integrar  apagar nossa memória mas nenhum vínculo é  tão forte quanto o dos encantados a ancestralidade  nos guia de volta *** teu beijo me acordou de um sonho as estrelas eram nossas cúmplices e teus cabelos com cheiro de carambola  me traziam de volta sempre que eu ia longe sol e lua desceram do céu e  nos observaram dançar e se embrenhar  entre infinitas raízes retorcidas teu beijo me acordou e ainda era sonho Jamille Anahata é manauara, ativista indígena, poeta e pesquisadora de Re

Fotografia 6 | Projeto Pixel Ladies + Revista Ser MulherArte - Julia Pilati

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| Fotografia  6 - Julia Pilati |  Projeto Pixel Ladies + Revista Ser MulherArte por Bianca Velloso, Suzana Pires, Chris Herrmann e Lia Sena Pixel Ladies é um grupo de fotógrafas brasileiras com experiências de vida diversas e a Revista Ser MulherArte é um coletivo de artistas mulheres de língua portuguesa. Ambos têm o objetivo de divulgar a produção artística das mulheres. A arte é o que nos salva da dureza dos dias. Por isso a Pixel Ladies e a Revista Ser MulherArte lançaram um desafio poético durante a quarentena. A Pixel Ladies propõe a imagem em postagem no Facebook e as poetas que se sentirem tocadas escrevem um poema. A Revista Ser MulherArte seleciona e publica. A fotografia número 6  foi da Julia Pilati Estes foram os poemas selecionados com suas respectivas autorias: Clube da Esquina Nas ruas de Londres, nas avenidas de Nova York, na periferia de São Paulo, nas favelas do Rio, somos  meninos. Nos deixem crescer. Valeria Bicca Ferrari

UniVerso de Mulheres 05 - Um Poema Inédito de Julie Dorrico, por Valeska Brinkmann

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Um Poema Inédito de Julie Dorrico, por Valeska Brinkmann                                                                               Foto©  Inaê Guion          O boto                                                                                            Para Márcia Kambeba Na ponta da canoa O canto ecoa Lá vem o boto! Da proa da canoa Dá pra ver o boto Brincando com o vô Lá vem o boto No pé do Apeú Atrás do canto! O boto gosta de canto! Um encantado faz o quê? Canta! Por isso ele veio! Por isso ele vem! Às vezes homem Às vezes criança Às vezes mulher Da ponta da canoa Quem ele é? Ô boto bonito Me leva pra ver o teu mundo? No balanço do maracá O canto ecoa Ecoa o canto! Julie Dorrico , nasceu em Guajará-Mirim (Rondônia) é descendente do povo Macuxi . Doutoranda em Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PU

A Poesia empoderada de Josimey Costa, em três poemas

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Cícero Dias EU TU DEUSA Cada mulher é um portal Há em seu ventre mundos Templos que erguem histórias Biografadas em carne Cada boca de cada uma É riso e grito incessante Fonte profunda telúrica Das muitas fases da lua Crescendo e minguando Como humor sazonal de rio Cada vagina faz rugir as feras As bestas dançarem mansinho Ao som dos tambores da pele Enquanto tudo é o tempo Sua cabeça de oráculo Emaranha qual serpente Sentenças certezas sentidos Seu rastro arando a terra Com fogo espaço e estrelas Cícero Dias INDISCRIÇAO A garganta ganha uma gruta de silêncio tenso imenso e só rarefeito no óxido do tempo A palavra mastigada entre os dentes pende quase rota quase nada que diz tudo No fundo o segredo dorme vazio na cara o escape acorda o espanto   Cíciero Dias NÃO Quero não o seu abraço de hera Se o corpo não basta, quanto mais braço ou perna Tudo tudo é só o que você quer Nã

UniVerso de Mulheres 04 - Poesia Alemã e Indígena - -Dois Poemas e Três Epigramas de Liselotte Rauner

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Dois Poemas e Três Epigramas de Liselotte Rauner, por Valeska Brinkmann Madeira utilitária Nós matamos a floresta Dia após dia e atingimos a nós mesmos com cada golpe Aquilo que verdes copas carrega cortado desfolhado descascado serrado torna-se madeira utilitária - torna-se papel e nele escrevemos poemas sobre árvores para que nossos descendentes saibam quão maravilhosas as florestas eram Nutzholz Wir schlagen die Wälder Tag für Tag und treffen uns selber mit jedem Schlag Was aufrecht grüne Kronen trägt gefällt entlaubt geschält zersägt wird Nutzholz - wird Papier und darauf schreiben wir Gedichte über Bäume damit die nach uns kommen erfahren wie wunderbar die Wälder waren Fui demitido Fui demitido, que significa liberado Então, sabemos como eles chamam isso Em sua língua são reconhecidos: Segurança social significa seguro-desemprego E racionalizar significa tanto quanto substituir gente por tecnologia O que as pesso