Postagens

Mostrando postagens com o rótulo aquarelas

A poesia encantadora de Martha Galrão

Imagem
Tilen Ti - Aquarela Palavras Uma palavra lasciva: delícia, uma palavra dengosa. Duas palavras alegres: peteca e manhã. Uma palavra tensa: tempo. Uma palavra firme: chão. Duas palavras tristes: dor e saudade. Uma palavra livre: beija-flor. Rain by Anna Otton A chuva de Maria   Tudo por fazer é água que Maria acolhe e carrega no cesto. Chove, Maria chora o leite derramado lambe as letras sorve o leite pranteia seus amados, Maria. Männern   Do coração à boca o rastro é curto. Engulo palavra Cuspo fogo Engulo fogo Palavra, eu cuspo. imagem pinterest Deixei a menina gritando no coreto da praça. Larguei lá ― a menina chorando no quintal passarinho morto na mão. A menina parada com seu vestido cada vez mais curto estatelada. Tanto gritou que escutei e fui buscá-la. Olga Cuttell a l i b e r d a d e explode em meu peito libertinagem indiscipli

A poesia visceral de Maria Marta Nardi - seis poemas

Imagem
Vermelho I Pincelei seus olhos Pelo meu corpo Decalque na pele Pontas da mesma estrela Na extensão da madrugada II Dentro de mim Vermelho de algas Alguma sede Invertebrada Água - Viva Água – Linfa Sais Seios Línguas Até o osso I Suturas em linhas Que se esgarçam Ou apenas Sínteses E antíteses Da existência II Tensão estirada Sobre cactos Centenas De espinhos Contra o corpo Abrem a vida Até o osso III Galho ereto Corte de folha afiada Perfume Que escapa Arpejo De violetas Terminais IV Bigornam Os ouvidos Vão – se Os pássaros De chumbo Na pele da manhã A noite exala seu hálito de lírios Deitada sobre o linho Todos os sentidos me despem Lateja em flashes O nervo exposto Palimpsesto de esperas Um furor negro me atravessa Todas as vísceras me movem A noite é um grito de êxtase E distâncias Iridescência de todas as febres Dissolvidas na pele

Cinco poemas da baiana Luh Oliveira

Imagem
Aquarela de Luciane Valença livra-me de tudo que é falso avulso analto farsa carma sigma livra-me de tudo que é cinza ** teu fetiche um corpo nu com scarpin vermelho o meu uma alma nua que reflete no espelho Aquarela de Luciane Valença sou feita de lágrimas secreções e orgasmos nada em mim es cor re em vão ** É um rasgar-se constante para cobrir feridas que a pele camufla é um abrir fendas Em desconforto silente que agoniza e aterroriza todo o encantar do arrebol Ainda bem que não existe o pra sempre ** todo aquele medo instalado no ventre feito novelo sem ponta para desenlaçar dissolve-se na noite toda vez que a lua cheia vem saudar a poesia que se esconde em mim ** Luh Oliveira é baiana, mãe, poeta, professora de Língua Portuguesa, Mestra em Letras. Ocupa a cadeira de número 03 da Academia de Letras de Ilhéus. Sempre gostou de escrever verso

Um Conto (inteiro) e um Poema de Ana Valéria Fink

Imagem
Aquarela de Luciane Valença MEIO A MEIO                                                                  Não sei muito bem como contar. Porque não sei muito bem como começar. Porque não sei muito bem como devo referir-me a eles – penso que desconheço a moderna nomenclatura para os pares. Até onde estou inteirada, se isso ainda voga, se dois se relacionam sem nenhum tipo de compromisso, seriam ficantes ; se admitirem uma constância, passariam a namorados; se cometerem a promessa de compromisso, mais adiante, mas ainda vivem cada qual no seu local, noivos; se oficializam a parceria, via lei dos homens ou divina, esposos, ou marido e mulher. Mas, e quando se envolvem, não oficialmente, e vivem sob o mesmo teto? Mais: sob o mesmo forro, que é o mesmo abrigo, mas visto de dentro, o que conota muito mais intimidade?  Ou seja, partilham o mesmo dormitório, mas não se limitam a usá-lo somente para o que a denominação sugere? Decididamente, os termos pejorativos (concubinos, amásios)