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Mostrando postagens com o rótulo contos

Minha Lavra do teu Livro 02 | "CHÃO DE EXÍLIO", de WANDA MONTEIRO, por Nic Cardeal

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  Minha Lavra do teu Livro 02  – resenhas afetivas  –  "CHÃO DE EXÍLIO":  TODAS AS ÁGUAS DO TEMPO  – O GRANDE RIO  –  Em CHÃO DE EXÍLIO (Belém/PA: Amo! Editora, 2021), WANDA MONTEIRO substitui a poesia pela prosa poética, para falar sobre a perseguição política diretamente sofrida por seu pai e, indiretamente, por toda a sua família, durante o período da ditadura militar. A autora homenageia o pai – o escritor, jornalista e advogado paraense Benedicto Monteiro (1924-2008) – trazendo sua história ao conhecimento dos leitores através de contos poéticos profundamente marcantes. A narrativa é ora fictícia, ora surpreendentemente realista, repleta de recortes das lembranças de sua infância. Memórias que jamais se apagarão, pois marcadas de todas as dores possíveis pela frequente ausência do pai – acusado de subversão à ordem, devido à atuação em defesa da reforma agrária no Pará, quando acabou fugindo e, mais tarde, foi capturado e preso em Belém. Os personagens de Chão de exíl

A ESCRITA DE GIOVANA DAMACENO | Projeto 8M

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  fotografia do arquivo pessoal da autora   8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Mergulhe na palavra sempre impressionante de GIOVANA DAMACENO : 1) SEM FILHOTE imagem via Pinterest  Uma amiga me perguntou como está o ninho vazio.  (Pra quem não sabe: é quando os filhos vão embora pra assumir seus próprios encargos neste mundo e a casa fica de um jeito que toda hora é nó na garganta.) Minha resposta ficou vaga, confesso. Não sei explicar claramente o que sinto sobre essa ausência. Não me vejo como a mãe que a sociedade considera normal, aliás, nem meu filho me vê dentro da caixinha. A educação dele foi libertária, com base em amor, respeito e libe

Para não dizer que não falei dos cravos | Vai passar o estandarte de "Bendita sois vós" de Clark Mangabeira

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Coluna 23   Vai passar o estandarte de  Bendita sois vós de Clark Mangabeira* - Por Divanize Carbonieri  Em Bendita sois vós , Clark Mangabeira examina o cotidiano por meio de uma série de lentes. Instantes aparentemente corriqueiros, como um mergulho no mar ou uma aula de Direito Civil na universidade, são aumentados para mostrar como a ficção e a boa literatura também podem ser encontradas neles. Outros momentos surgem meio que borrados, e aquilo que a princípio parecia ser uma coisa logo se revela outra. Não se trata simplesmente de uma “reviravolta ao final”, expediente que o narrador do conto que faz parte do epílogo, “Ave Maria”, diz apreciar, mas que foi criticada como um clichê por sua revisora. Por influência ou não dessas críticas (mais provável que não), o fato é que o final com reviravolta, presente em grande parte do livro, se parece mais com um ajuste de foco, com o avançar e afastar do zoom, com tornar mais ou menos nítida toda uma situação. Esse procedimento estético

Nietzsche conto! 02 | Eu conto ou você conta? por Chris Herrmann

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| coluna 02 | EU CONTO OU VOCÊ CONTA? por Chris Herrmann Allan Põe palavras: “ainda tô contando os corvos.“ Simone de Bom Ar: “o conto é misógino... por que não uma conta?“ Boka Lokowski: “só conto comigo e o meu cigarro“ Manoel João de Barros: “um passarinho me contou“ Freude-se: “já lhes contei que a culpa é da mãe“ Bispo Mais Sebo: “estou escrevendo o conto do vigário“ Fernando Mil Pessoas: “eu conto com os outros que há em mim“ Drums Mond: “antes eu contava as pedras enquanto caminhava. agora são elas que me contam, enquanto me diluo nesse caminho infinito de poeira cósmica“ Rubizão: “amanhã eu conto“ Garotão: “só conto pro meu advogado e pra mamãe“ Neverson Rodrigues: “eu conto e canto outras“ Delator premiado: “eu conto tudo que você quiser que eu conte“ Trumpeiro: “eu só conto com a minha superioridade!“ Ih, Manuel: “não kant comigo!“ Temeroso: “conto com a minha aposentadoria“ Morro: “e eu com a minha, Temeroso. Só não conte a ninguém os meus planos pra 2022” Maluca Mulher: “já

Nietzsche conto 01 | Do avesso ao verso

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| coluna 01 | Nietzsche Conto - Do avesso ao verso por Chris Herrmann Naquele dia quente, eu completava 501 anos, com cara de ‘brotinho’ de 45, quer dizer, 445 anos. Meus descendentes formavam metade da população de Duisburgo, aqui na Alemanha. Todos muito ocupados para comparecer festinha que não foram convidados porque eu não queria, enviaram seus hologramas para me parabenizar. E eu, tadinha, muito ocupada com meus exercícios (débeis) mentais, agradeci a todos em todas as línguas que estudara nos últimos 400 anos. Ou seja, todas as línguas esquecidas e mortas do planeta. Porém, ninguém me entenderia, ainda que tivesse prestado a atenção. Em seguida, estava me preparando para dizer AGORA CHEGA, DEIXEM-ME IR EMBORA PRA CATENDE, quando uma criança de uns 5 anos, que não era um holograma, se aproximou de mim e me perguntou em uma língua que eu ainda não tinha estudado mas compreendia, sem nem mexer os lábios: “Vó Chris, você está triste?” E eu: “Sim, penso que me transformei em uma selv

Divina Leitura | Sororidade e quebra de estereótipos em "Contos de Yõnu" de Raquel Almeida

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  Coluna 14 Sororidade e quebra de estereótipos em  Contos de Yõnu de Raquel Almeida  _ por Divanize Carbonieri   Em Contos de Yõnu (2019), Raquel Almeida apresenta uma galeria de mulheres comuns vivendo situações cotidianas em algumas cidades brasileiras. No entanto, é justamente nisso que parece residir a novidade do livro. São perfis de personagens que nem sempre encontraram expressão na literatura mainstream . A mulher comum, termo que se refere, na verdade, a milhões de indivíduos únicos que se localizam no amplo território do que se denominou de subalternidade, certamente não ocupou, na história dos estudos literários, o mesmo espaço que os homens brancos de classe média ou alta. É quase como se ela não pudesse ser vista como protagonista, como se suas histórias não tivessem interesse literário. O Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília, sob a coordenação da professora Regina Dalcastagnè, desenvolveu um estudo em que foram analisa