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As artes integradas de Patrícia Claudine Hoffmann e Cy Claudel

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Quatro Habitações em Vestígio para Aguardar dos Dias 1 Cada casa tornou-se castelo com olhos e cancelas escancarados para o medo... para os cantos da falta que ali ainda habita, num silêncio de peixe capturado. Caracol encoberto por um sol-reserva, mantendo, no forro das horas, seu mínimo endereço. Abaixo de uma lua para dentro do céu de bem carpidas nuvens, - de ontens para fora - Adorna de agoras as árvores sem flora, que desprendem suas filhas-folhas para o outono, como quem polvilha - de si mesmo - no terreno,    uma pequena alegria. A alegoria da morada. 2 O pavor não arrepende as flores do alerta no lado de fora do peito em pânico. Um acalanto codifica os descampados magnéticos de albatrozes, em abismo nada imaginário, dos desertos já socorridos por alguma paz. É o que não se faz no chafariz inconsciente, convicto... coletivo de ar, orvalhos e narinas cósm

Um Conto de Eliana Bueno Ribeiro

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Luciane Valença Moema por   Eliana Bueno Ribeiro Fui eu quem o viu primeiro, trazido pelo mar. Caído lá,mais morto que vivo. Afogado? Corremos todas, ele deu um suspiro e olhou pra mim. Juro, ele olhou primeiro pra mim, depois pra ela, depois pras outras que o cercavam. Logo depois fechou os olhos como se tivesse morrido. Como se tivesse dormido. Elas ficaram ali rindo e falando e ele imóvel como um peixe grande encalhado na praia. A cara encostada na areia, cheia de cabelos pretos misturados com as algas e peixes miúdos que se debatiam como numa rede. Um branco vestido como um branco, cheirando como um branco. Joelhos no peito, abraçava um osso escuro ou galho de árvore que lhe ia quase aos pés. Quando os homens chegaram ele se esticou num pulo, como uma cobra.No meio de todos eu abria caminho para que ele me visse, empurrando as outras. Apertei seu braço para que ele não tivesse medo, eu estava ali, eu sempre saberia do que ele precisasse. Eu e ela.Nós duas cuidamos

A belíssima poesia de Érica Azevedo - seis poemas

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Carmen Luna Esquinas Entre passos e paisagens os dias atravessam mares e planos. Entre becos e caos a lama e a grama seguem sem fronteira. Há uma rua nos olhos de minha esperança: Paredes, becos e tempos em branco. Há uma esquina em minha estrada que margeia palavras e escapa lucidez. Luciane Valença   Partituras Laços e sonhos emaranhados no peito. A veia rasgada de esperança alimenta os nós do desejo: partituras de verbos e sentimentos. A marca apagada no papel rasgado -Aborto de verso- declaração e silêncio. imagem pinterest -borboleta abstrata Desajuste Uma borboleta intrusiva insiste entrar no casulo. O experimento do mundo fora demasiado doloroso. Carmen Luna Instantes Uma bala perpassa meu peito bem devagarzinho... E sigo cheio de morte pela vida.

Uma resenha de Hugo Pontes do novo Romance de Chris Herrmann - PECCATUM

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arribaçã editora/2020 PECCATUM Romance de Chris Herrmann Ano de 2020  por   Hugo Pontes   Se buscarmos no século XIX o que foi o Romance Urbano, deparamo-nos com o enfoque temático voltado para uma vida social de época cuja característica primeira era retratar e criticar os costumes da sociedade. Dessa forma, os estudiosos da literatura denominaram essa fase de Romance Realista. Os personagens não são mais os aristocratas com seus rígidos códigos de honra e os valores da nobreza para serem tão somente pessoas vivas, comuns, de origem burguesa ou do povo envolvidas em dramas humanos, tais como: casos sentimentais, sociais, políticos e financeiros tão comuns em todas as épocas entre a maioria das pessoas nas diversas camadas da sociedade. Peccatum, palavra de origem latina que significa falta, má ação, erro e – sob o viés religioso, pecado - é o título do romance de Chris Herrmman que narra a história de amor, nos anos de 1970 do século 20, entre Carolina e Teresa, mulh

Ouvindo Mulheres 05 - Apenas um instante

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Ouvindo Mulheres - 05 por Cris Lira Olá, leitoras e leitores! É com imenso prazer que escrevo para vocês hoje para divulgar o vídeo da leitura do conto "Apenas um instante," da escritora Dailza Ribeiro (Rio de Janeiro). A narrativa faz parte da Coletânea I (Volume II) do Mulherio das Letras. Finalmente chegamos lá (o início de uma nova playlist)! Trata-se de um conto próximo demais de nossa realidade: quem nunca se viu envolta na solidão de uma vida em família? Quem nunca quis experimentar de novo o sabor daquela fruta que se busca, mas que está invariavelmente encapsulada numa lembrança? Quem nunca se viu diante de um conto de Clarice Lispector e se sentiu assaltada por aquela vivência? O conto de Ribeiro faz o mesmo conosco. E... não digo mais. Deixo aqui o convite para que vocês o escutem comigo e o compartilhem com os amigos. Deixo um abraço, Cris Lira Obrigada  por me escutarem. Obrigada por nos escutarem. Leiamos mulheres. Escutemos mulheres. Até a

Artes integradas de Ana Maria Oliveira - Poesia e Artes Plásticas

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Foto alterada - Ana Maria Oliveira Ecos de um pensar maior As gotas de água ampliam a perspetiva cinzenta das árvores nuas Pela lente do sonho pardacento por entre o cruzamento De pinceladas alvoraçadas sobre o informe volátil Dos elos quebráveis no despertar das projeções cruas Os falantes não se dão conta da realidade subjetiva Estendida em palpação nos veludos dourados de um sol invasor Lançando dardos e fluídos espevitando o verbo Peneira diluída na força da expressão da vida A refração hipnotiza as condutas de oxigénio Onde florescem catos sobre o prisma da perfeição das molduras Qual afago ajustado na delicadeza do toque em transe E no renascer da cópia enlaçando o raspar das esquinas Trocando infinitas faculdades em truques mágicos Denunciadores de danças ancestrais conturbando rituais de animação Teatro de tragédias abissais onde a ação se expande Em fria argamassa de paraísos e infernos Gerados no sopro eterno dos mistérios A