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Preciosidades Antológicas 01 - três autoras

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|  coluna 01  | Preciosidades Antológicas - três autoras Amanda Vital, Cinthia Kriemler e Cláudia Gonçalves por Chris Herrmann Nesta coluna aperiódica que temos o prazer de iniciar hoje, destacamos o poema de três autoras da nossa I Antologia Digital de Poesia Porque Somos Mulheres . Foram 149 poetas selecionadas (entre elas, algumas convidadas) das 208 inscritas, que nos orgulharam muito pela qualidade e diversidade das obras. Desejamos a vocês boas leituras! clique na imagem para ler o e-book gratuito selo Revista Ser MulherArte, 2020

O estreito que se alarga | Marilia Kubota

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MOSAICO Coluna 10    –  Resenha O estreito que se alarga  por Marília Kubota Mulheres. Estas são as protagonistas dos 19 contos de "Passagem estreita" (Carlini Caniato Editorial, 2019), de Divanize Carbonieri. A autora acompanha a trajetória de deficientes mentais, mães solteiras, ex-escravizadas, guerrilheiras, interioranas, escritoras, professoras e sem-vozes que buscam brechas para entrar num sistema desigual.  As narrativas se assemelham a uma algaravia, escritas num bloco só — um fôlego só ? — explorando a complexidade de recursos literários da modernidade. Alternância de vozes e foco narrativo, representação de vários dialetos (da fala de  analfabetas até a de super-letradas) e  paródia de linguagens  do discurso literário e de roteiros de cinema.  Para permitir que o leitor entre no universo das personagens, a narração adota o ponto de vista delas, mesmo que entre em conflito, como acontece em "Fia". Quando a protagonista é incapaz de interpr

O Tempo, um poema e um presente - Chris Herrmann

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Arte: Luciane Valença O TEMPO - meu poema traduzido e um vídeo de presente por Chris Herrmann Não são todos os dias que se ganha um presente de valor como esse, porque esse valor é estimativo e para mim, o maior de todos. Trata-se de um projeto do Thiago Alexandre Tonussi na revista eletrônica Mallarmargens , chamado TO BE TUPI . Nesse projeto, a revista apresenta uma série de poemas em português traduzidos para o inglês e vice-versa. A Revista Mallarmargens, para quem ainda não conhece, vem prestigiando desde 2012 a arte contemporânea e, em especial, a Literatura. Eu tive o prazer de ter sido uma das colaboradoras durante um bom tempo e que me trouxe muitas alegrias.  Pois então, apresento abaixo o meu poema original, com a tradução e o belo vídeo do Thiago. Presentes assim, são para se guardar para sempre! Agradeço muito ao Thiago e a Revista Mallarmargens, ao Nuno Rau , à Amanda Vital , ao Ricardo Escudeiro , ao Alexandre Guarnieri e a todos mais que dirigem e col

As implicâncias doces da minha mãe - por Chris Herrmann

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 10 As implicâncias doces da minha mãe por Chris Herrmann Minha mãe tinha um humor variável, mas até quando era mau me fazia rir. Ela detestava que eu andasse de roupas pretas (porque eu sempre gostei). Ela nunca teve preconceito de raça, mas de cor preta de roupa! Quando eu ainda vivia no Brasil e era solteira, era uma guerra: „você parece uma viúva! Nem se casou e já quer matar o marido??“ E eu, não dava ouvidos, só ria e continuava a vestir roupas pretas. Nas vezes que ela veio me visitar na Alemanha (foram quatro), a primeira coisa que ela fazia era abrir a porta do meu guarda-roupa e dizer: „você não mudou nada. Que decepção!“ A última vez que ela esteve aqui foi em 2002, para o batizado do meu filho. Fui buscá-la toda feliz no aeroporto e antes de eu abraçá-la, ela disse: „eu só vim pra impedir você de ir ao batizado do meu neto de preto, porque batizado não é enterro!“ Depois me abraçou e rimos muito. Desde

Fotografia 2 | Projeto Pixel Ladies + Revista Ser MulherArte - Ritiele Brasil

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| fotografia 2 - Ritiele Brasil | Projeto Pixel Ladies + Revista Ser MulherArte   por Bianca Velloso, Suzana Pires, Chris Herrmann e Lia Sena Pixel Ladies é um grupo de fotógrafas brasileiras com experiências de vida diversas e a Revista Ser MulherArte é um coletivo de artistas mulheres de língua portuguesa. Ambos têm o objetivo de divulgar a produção artística das mulheres. A arte é o que nos salva da dureza dos dias. Por isso a Pixel Ladies e a Revista Ser MulherArte lançaram um desafio poético durante a quarentena. A Pixel Ladies propõe a imagem em postagem no Facebook e as poetas que se sentirem tocadas escrevem um poema. A Revista Ser MulherArte seleciona e publica. A segunda fotografia foi da Ritiele Brasil E estes foram os poemas selecionados: Como seria Que forma teria Deus Se tivesse Um corpo? Eliane Silva ... MELISSA MEL o normal das aves é voar dos gatos, dormir só de vez em quando as aves dormem já os gatos voam sempre Virgi

Ouvindo Mulheres 09 - Dez poemas em tradução

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Ouvindo Mulheres - 09 por Cris Lira Olá, leitoras e leitores! É com muita alegria que recupero a coluna Ouvindo Mulheres depois de um hiato em decorrência da transição das aulas presenciais para aulas on-line. A alegria também é imensa por retornar trazendo para vocês o resultado do belo projeto de uma das minhas estudantes, Brianna Franklin, de tradução de poemas de dez poetas brasileiras. Esse projeto é parte de um trabalho independente feito pela estudante para ganhar uma honraria associada ao curso de Língua Portuguesa que ela estava cursando. Como vocês verão, a escolha de poemas feita por ela é variada e, como justifica no ensaio que acompanha a tradução, foi feita em vista dos temas caros para ela sendo a escrita e a vivência do ser mulher os mais presentes. Convido as leitoras a conhecerem as poetas, os poemas e as traduções feitas por Franklin para a Língua Inglesa. Embora não sejamos tradutoras e o exercício aqui apresentado seja parte do que seria considerado uma pri

MEU PAIDEUMA FEITO DELAS: com Simone Teodoro, Clarissa Macedo e Nara Vidal

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[Simone Teodoro] A ESCAVADEIRA Era abril Eu arrastava mortalhas pelos espaços da casa sem sentido Eu arrastava mortalhas na palavra na boca da traça Lembrava a velha cicatriz na chaga aberta recém inaugurada de abril Abril dos ninhos desfeitos Abril do coração arrancado dos ossos por uma escavadeira Abril escuro como um grito por dentro. [Clarissa Macedo] C LICHÊ Não teve na vida pessoa que a inspirou: mãe, pai, tio, avô o que teve foi um dedo apontado na verruga mais triste na ferida mais velha. [Nara Vidal] Era eu. No reflexo do vidro era eu. Meu cabelo era uma juba bem cuidada, meticulosamente bagunçada, com cheiro de flor quase murcha não fosse por mim mesma a injetar-me de água, na tentativa de evitar a tragédia que é a morte plena. Morrer aos poucos ainda é alguma vida. Passei os olhos discretos pelo vagão. Um homem me chamou a atenção. Meio careca e já suado às oito da manhã. Traços finos, nariz

Amor/Vida/Resistência - cinco poemas de Helena Arruda

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Isabel Emrich   Cinco poemas inéditos do livro  Corpos-sentidos   Amor sei que é possível transcender pequenezas transcendo o azul-griverdoso dos seus olhos baços e sigo [lutando] a vida é mais que existência a vida, meu amor, é resistência. Holly Irwin Mulheres o meu mundo é habitado por Mulheres parideiras, rainhas, princesas e gatas borralheiras o meu mundo é habitado por Mulheres sofridas, vendidas, comidas, vividas o meu mundo é habitado por Mulheres guerreiras, bandidas, prostituídas, mutiladas, desguarnecidas o meu mundo é habitado o meu mundo é se não for, invento um mundo invento um mundo que seja um mundo só um mundo um mundo pra mim. Monika Luniak Morro um pouco todo dia clarões me invadem nessa manhã fria e cinzenta de domingo olho o arvoredo do bosque que me abraça e penso que as árvores me dizem coisas de repente, vem uma tormenta e meus pensamen

Eu também sou brasileira | Marilia Kubota

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MOSAICO Coluna 09    –  Crônica Eu também sou brasileira por Marília Kubota Drummond tem um célebre poema em que diz: “eu também já fui brasileiro, moreno como vocês.” O poema foi escrito nos anos 1930. Ainda vigorava o estereótipo do brasileiro como nativo carioca ou baiano,  queimado de sol. Desde fins do século XIX, o governo incentivava a imigração europeia, com o propósito de “branquear a raça”. Além de indios, portugueses, espanhois, negros e judeus que já integravam o caldeirão cultural étnico, entraram no país os brasileiros diferentes - a maioria italianos, mas também alemães, eslavos e asiáticos. Já na segunda geração, italianos não eram diferenciados pela etnia, o que não aconteceu com alemães e asiáticos. Depois de mais de 110 anos de imigração, filhos e netos de japoneses ainda são identificados como japoneses, ou estrangeiros. Tentam nos definir através de estereótipos: somos quitandeiros ou pasteleiros, inteligentes, bons em matemática, disciplinados