Abre o olho – Marília Kubota
MOSAICO Coluna 14 – Conto Abre o olho por Marília Kubota Sonhei que eu caminhava por uma trilha, quando encontrei uma placa em que estava escrito: Abre o olho. Meus olhos estavam bem abertos, mas logo que vi a placa, pisquei. Saiu um bocado de pus. Eu não sabia de onde vinha o pus. Talvez fosse conjuntivite ? Tinha ouvido falar que havia uma epidemia. Fui caminhando pela trilha e encontrei outra placa: Abre o olho. Pisquei e mais uma camada de pus aflorou. Conforme seguia a trilha, fui encontrando placas com os mesmos dizeres. Eu piscava e saía pus. Não percebi imediatamente, o pus saía e a remela se depositava em meus olhos. Na quinta ou sexta placa é que percebi o desconforto de ter um grude . Comecei a esfregar, o grude não saía. Eu não conseguia parar de seguir as placas. Meus pés se moviam sozinhos, e embora eu sentisse grande desconforto, as perseguia. Assim, depois da décima, meus olhos estavam tomados pelo pus. Fecharam-se. Não conseguia abrir. Esfreguei co