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Preta em Traje Branco | Cordel reconta: Antonieta de Barros de Joyce Dias

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  Coluna 25 Fonte: Acervo Familiar. Reprodução/Maruim.Org/PISMEL, Matheus Lobo.   Cordel reconta: Antonieta de Barros Viva Antonieta Mulher Preta de luta Criou essa festança Lembrem a heroína De vida não contada Urge essa mudança   Hoje é dia do mentor Daquele que nos guia Trabalho duro, senhor! Que faz seu ofício Ensina e aprende Sempre com muito primor   Respeita esse povo Que luta, leciona... Busca valorização Mas sem nunca esquecer Que bem nesse trabalho Está sua grande missão   Ninguém nasce sabendo Nessa vida de buscas Sempre há o Professor O que nos movimenta Pessoa que incentiva Esse é educador!   Saúdo com carinho Quem as vidas transformam, Rompe dificuldades, Sempre firme e em pé Com toda maestria Muda sociedades Minha singela homenagem aos professores-educadores desse nosso país e, sobretudo, a nossa heroína Antonieta de Barros, primeira mulher negra eleita no Brasil, cuja bandeira era o poder revolucionário d

PONTE-AR: literatura preta em dia(logo) | Demandas - Catita

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  Coluna 4 Demandas             Tina, acordei hoje, seu 13 de maio, com um ponto na cabeça: “Ogum, vencedor de demanda, ele vem de Aruanda pra salvar filhos de Umbanda Ogum, Ogum Iara, Ogum, Ogum Iara, salve os campos de batalha, salve a sereia do mar, Ogum, Ogum Iara”   O ponto na cabeça, sua voz nos meus ouvidos, sua imagem nos meus olhos internos: a senhora cantava esse ponto, essa parte, muitas vezes quando estava na cozinha ou no quintal. Às vezes eu cantava junto, outras ficava só observando.  Muito mais tarde fui entender que o canto ocorria sempre que um problema nos rondava e você estava matutando como resolvê-lo.   Em nenhuma fase de minha vida, por mais difícil que fosse – perdi a conta de quantas foram e são – nunca imaginei uma situação como a que vivemos atualmente. “Pandemia” para mim e boa parte do mundo era palavra de dicionário apenas. Eu me pego pensando em como a senhora agiria, Tina? Certamente ficaria apreensiva com as restrições ao entra e sai das crianças, m

De Prosa & Arte | Pelo Centenário de Paulo Freire

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  Coluna 30  Pelo Centenário de Paulo Freire Hoje me ocorreu contar de uma experiência pedagógica que tive em terras mineiras (minha terra natal ancestral), precisamente em Belo Horizonte, adentrando o ambiente Universitário da UFMG:  "Seguimos num grupo de docentes congressistas para ouvir palavras de aprendizado e acalanto da nossa alma educadora, trocar vivências pedagógicas e nos afinizar com as ideias de Paulo.   Nessa ocasião, tive oportunidade de reconhecer a força motriz dos povos nativos, nossos irmãos indígenas, caboclos, curadores, da força primaz do verde e da terra-mãe num lindo Toré. Eram Pataxós Hã hã hãe, Guaranis Mbya, Maxacalis e Xacriabás. Naquele rito circular sob manifestações indígenas de liberdade a presos políticos, se via a intenção de manter a resistência contra a opressão que limita o povo da terra, os origi nários. Num dos líderes indígenas, relembrei um tio, já falecido, do qual não pude beber a passagem-morte. Tudo nele lembrava seu jeito. Como mover

Preta em Traje Branco | Poética em Maiúsculas de Susana Malu Cordoba

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Coluna 24 Estética em Maiúsculas de Susana Malu Cordoba pixabay.com christoph_mschrd  Não se pede poesia como quem compra meia dúzia de pães na padaria Embora até o ato de comprar pães para quem saboreia a insignificância de existir, é poesia Não se pede poesia com a simplicidade de quem apaga as luzes A escuridão tem seus mistérios, seus perigos e carrega poesia Não se pede poesia como quem entra em um avião e dorme no trajeto Para voar, se faz necessário abrir o relicário da infância, só assim é poesia Não se pede poesia como quem compra um saco de terra na floricultura Para se tocar a terra, é preciso estar livre, recolhido em suas miudezas e entender que a terra de onde viemos é sagrada, tem sangue, glória e somos todos pequenas sementes de poesia. ******************** Intenções   São as intenções, que dilaceram as palavras que saem de minha boca. Foi a intenção e seu liquido corrosivo, que derreteu as vogais do seu nome. Todas as vezes que seu nome abriga minha boca

Seis poemas de Nirlei Maria Oliveira | "Palavrear"

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  Imagem de congerdesign por Pixabay.   Seis poemas de Nirlei Maria Oliveira palavrear   não reduza o falante das palavrinhas dos palavrões das cultas palavras incultas palavras mal(ditas) benditas palavras palavras que ressuscitam sentimentos engasgados e mortos buscar palavras nas tripas buscar palavras dentro de si palavras vivas dentro de um corpo vivo palavra que sai sacode a inércia palavra que esqueceu o grito pacto das palavras juntar palavra e corpo territórios dos sentidos linguagem dos sentidos corpos atravessados por signos e significados nem tudo pode ser traduzido palavras não podem ser presas em uma única interpretação palavras para dizer o peso das palavras palavras moles palavras duras voz do acaso palavras vãs palavras ao vento   vozes intrusivas palavras soltas palavras vivas na voz das mulheres *   desatei nós   matutei dia e noite ruminei pensamentos toscos embolei as ideias fiz um nó depois   desatei   mastiguei devagar e cuspi