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Poema | Nunca Mais, por Jeane Tertuliano

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|Coluna 10| Entre quatro paredes, a solidão perene ecoa e o vazio destoa a voz que, chorosa, sufoca l e n t a m e n t e. Toda a gente padece um pouco maia a cada manhã dorida de verdades fingidas. Nada mais tem valor no vão ostensivo que reluz incolor. Empatia é sonora nos lábios sem amor de homens e mulheres. Eu sempre me questiono: o que eles pretendem falando do que não sentem? Mentiras há muito contadas desfilam encorpadas nas ruas, nos lares e nos corações frios. Apenas eu divago adoidado sobre os nossos temidos vazios?! Ignorar a escuridão à janela não apagará as sequelas. Nada mais será como antes! Deitada em minha gélida cama escuto o crocitar da ave medonha que sobrevoa o alto do meu ser...  "nunca mais" — eu a ouço dizer.

Seis poemas de Laila Zanov | "Sonhos loucos de uma mulher sã"

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  Imagem de Sarah Richter por Pixabay. Seis poemas de Laila Zanov Estup*ada   Em seu saco azul, antes de dormir, ela recordou sua infância: a ausência necessária da mãe, Agora, mais uma vez, uma mão adulta entre suas pernas, um pênis duro cheirando a mijo em sua boca, Movimentos curtos, para trás e para frente, mais e mais rápido. "Toma, sua p*tinha! Toma o leitinho do Titio!". Nunca fora um pesadelo, nunca fora um alento. Ela treme compulsivamente. "isso! Treme, sua cad*la miserável!". Ajoelhado diante de si, o desconhecido geme enquanto se masturba em seus lábios e massageia sua vagina ferida. Ela cerra os olhos imediatamente. Dói, dói muito. Sangue e pus escorrem em sua virilha. São os vestígios de suas mortes: - Toma, sua put*na! Mata tua fome, vagabunda! Tá gozando é, vadia desgraçada? Mais uma vez: dor, desespero, lágrima, saliva e   po**a. *   E-mail   Se você me odeia, faço-o aos berros. Nada de silêncios! Enfrente-me! Não se esconda! Perturbe a natureza, Pe

MulherArte Resenhas 15 | Entrega-se poesia em Domicílio - Por Marli Walker

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  Entrega-se poesia em Domicílio  - Por Marli Walker            Marta Helena Cocco nos entrega poesia em Domicílio num período em que a pandemia da Covid 19 começa a perder força diante da vacina. Embora os poemas tenham sido escritos em 2017, alguns poucos receberam os últimos retoques em meio a reclusão forçada que vivenciamos. É interessante pensar no surgimento da proposta temática há dois ou três anos, pois quando li o arquivo em primeira mão, já estávamos todos trancafiados em casa, obrigados a conviver com espaços até então pouco reparados, sentidos ou até mesmo evitados. No entanto, ficamos sem saída, acuados em domicílio, literalmente. Esse fato interferiu na leitura e fez pensar na proporção com que Bachelard se dedicou em suas observações sobre a simbologia do espaço, essa poética tão íntima de cada ser. Por óbvio que o Domicílio de Marta é metáfora da ambiência psíquica, dos nossos recantos, quartos, salas e cômodos da bagunça. Entramos, pois, com o cuidado que a visita e é

Lançamento | Coletânea Mulherio das Letras para Elas

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  Mulherio das Letras lança e-book gratuito em prol das mulheres do Afeganistão     O Mulherio das Letras lança, em   10 de outubro, às 18h ,  na página do movimento, a Coletânea Mulherio por Elas, poemas e prosas para as meninas e mulheres afegãs. A obra em formato e-book é um apelo para chamar a atenção das autoridades para apoiar a luta pelo espaço para a mulher no Afeganistão.      A organização é da escritora e editora Vanessa Ratton, com apresentação da Jornalista Adriana Carranca e da escritora Maria Valéria Rezende, e mediação de Chris Herrmann.    A obra tem 120 páginas, 56 coautoras e estará disponível gratuitamente no site da Editora  amarelivros. com. br, no site sermulherarte. com e do issuu. Capa, artes e diagramação de Chris Herrmann. Link para ler e/ou baixar gratuitamente: http://bit.ly/mulheriodasletrasparaelas A Edição é da Amare em parceria com o selo Ser MulherArte Editorial .    O movimentação Mulherio das Letras reúne mais de 7 mil mulheres escritoras. Tem art

Para não dizer que não falei dos cravos | Seis poemas de Jansen Hinkel

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  Coluna 26 Seis poemas de Jansen Hinkel  cera   (paragrafias, p. 57).   vespas medonhas em conjunto de ponta cabeça na madeira podre.   de pedaço em pedaço na trajetória do ar de uma árvore qualquer para o canto da calha.   abelhas-cupins direcionadas a um trabalho formal de cera.   uma colônia de escuras asas e um plano ancestral para o deus-hexágono.   nós, quase tal elas, com a segurança, antinatural, de também organizar o tudo em formatos.   e alienígenas sem asas de inflamadas conjuntivas nos prendemos em lados centros e túnicas de futuros que não serão.     uma bruxa (paragrafias, p. 130).   Compostos venenos, bem arrumados na tábua pregada a servir de estante. Emplastros e líquidos com cheiro de fruta podre. Uns ramos amarrados com palha. Um gato magro e orelhudo, a espiar panelas. Alinhadas cartas de tarô de Sevilha e os incensos. Era o fim de uma tarde azul e a luz invadi