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MulherArte Resenhas 18 | Sobre "Ao pó" de Morgana Kretzman - Por Irka Barrios

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  Sobre Ao pó de Morgana Kretzman  - Por Irka Barrios A aposta de Ao pó , livro de estreia da autora Morgana Kretzman, mira num assunto presente e doloroso para grande fatia do público feminino: o abuso sexual. Preciso reconhecer, não é um tema novo na literatura. É, ao contrário, um tema bem recorrente. Mesmo assim, o assunto sempre desperta interesse e instiga o debate. Talvez porque seguimos, em pleno século 21, assistindo, perplexas, a impunidade para essa violência vil e covarde. Na obra, Sofia, uma atriz que vive no Rio de Janeiro, coleciona alguns relacionamentos fracassados que (logo fica evidente) têm a ver com traumas que a personagem tentou enterrar.  Por conta dessas experiências traumáticas vividas na infância, Sofia tem dificuldade de se abrir, de se envolver, de confiar num companheiro. Como se não fosse carga suficiente, o sofrimento de Sofia vem carregado de uma boa dose de culpa. Quando optou por enterrar o passado, ela praticamente entregou Aline, a irmã mais nova

Um trecho de romance de Babi Borghese | "Em nome do papa"

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  Imagem de Kitty Vanrooij Um trecho de romance de Babi Borghese Em nome do papa “(...) Solana deu um giro de 180 graus na paisagem que a cercava... a senhorinha à sua direita terminara o café, mas não dava nenhum indício de ir embora ou fazer novo pedido, concentrada que estava em seu exercício mental. Uma mãe muito elegante aguardava com duas pequenas o sinal verde para atravessar o lungotevere Augusta em frente a ponte. No ponto de ônibus à sua esquerda, uma octogenária de cabelos azuis curtos em cachos muito bem penteados dava informações a uma turista de shorts e mochilão nas costas. Uma van escolar presa no trânsito parou à frente de Solana, cheia de meninas uniformizadas que conversavam alegremente. A cena toda era de um equilíbrio perfeito, nenhum som e nenhuma imagem fora de contexto. Eis o sagrado feminino, Solana pensou, fazendo conexão com a parte mais essencial e sublime do ser humano, especialmente da mulher: a alma. A alma saudável (sagrada). Poderosa. Um dom aguardando

A potência das escritoras negras | Por Vanessa Ratton

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Pamela Phatsimo Sunstrum A potência das escritoras negras - Por Vanessa Ratton Neste dia da Consciência Negra, acredito ser importante destacar as mulheres negras da escrita, uma potência pouco conhecida da maioria. Uma das mais antigas, Maria Firmina dos Reis (1822 - 1917) escritora do Maranhão, foi a primeira romancista brasileira com a obra Úrsula (1859). O livro também é considerado precursor do abolicionismo. Outro grande nome, mais conhecido do grande público, é Carolina Maria de Jesus (1914 - 1977), uma das maiores escritoras nacionais. Catadora de papéis e moradora da favela do Canindé, em São Paulo. Anônima até 1960, quando a obra Quarto de Despejo : Diário de uma favelada foi publicada. O livro é um marco de representatividade, com uma autora que escreve sobre e a partir do contexto social em que vive. A mineira, Conceição Evaristo é uma das maiores autoras nacionais contemporâneas. É uma acadêmica muito respeitada. Em sua obra valoriza a cultura negra e faz análise do panor

Dez autoras negras para seguir nas redes | E seus livros incríveis para ler

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Imagem de GDJ por Pixabay Dez autoras negras para seguir nas redes E seus livros incríveis para ler   * Ana Dos Santos https://www.instagram.com/ana.flordolacio/   * Cristiane Macedo https://web.facebook.com/profile.php?id=100041918079660 * Elisa Pereira  https://www.instagram.com/elisapereira1975/ * Janete Manacá https://www.instagram.com/janete_manaca/ * Juçara Naccioli https://www.instagram.com/junaccioli/ * Karine Bassi https://www.instagram.com/karinebassii/ * Lilian Rocha https://www.instagram.com/lilikamarques24/ * Lindevania Martins https://www.instagram.com/lindamartins/ * Luciene Carvalho https://www.instagram.com/luciene.carvalho.505960/ * Paty Wolff https://www.instagram.com/pa.tywolff/

Cinco poemas de Clareanna Santana | Do livro "Rebento"

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Imagem de Sirpa P. por Pixabay. Cinco poemas de Clareanna Santana Do livro Rebento gula põe a mão na carne e sente cheiro da fruta. esquenta em fogo suave, decerto o dedo lambuza. começa no fim da tarde só para depois que abusa. * a língua a boca em tom de barro as mãos perdidas no tempo um par de seios tão lindos que um dia eu esbarrei não sei e não saberei o que poderia ter sido se não ouvisse o gemido que um dia eu provoquei. Imagem de Shepherd Chabata por Pixabay vulva à vida vulva lucidez do dia amargo. viva a fluidez do teu afago. * ciúmes soda cáustica carne apodrecida tubo digestivo de ralo bolsa de raiva fedida ruminância sem sentido desgraça abrasiva. * tête à tête a tinta pele fresca com minha cara. a tinta seca pinta e borda. a pele clama morde e assopra. Imagem de Assy por Pixabay. Escrito antes e durante a fase de isolamento social da pandemia, o livro Rebento busca financiamento e promete apresentar uma nova fase da poeta baiana Clareanna Santana. Começou dia 05/10 a ca

|coluna 14| Fala Aí - NUA por Adriana Mayrinck

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Um livro em que a autora se despe de corpo e alma, mostrando toda sensibilidade à flor da pele e instiga o leitor a despir-se junto com ela, libertar emoções  deixar-se levar na leitura dos poemas e permitir que cada palavra toque profundamente percepções e sensibilidades.  As asas de anjo são da Ana Acto, que os empresta ao leitor e o conduz para um voo particular - do lado de dentro. Nua Minh ́alma aqui, NUA... Num vazio que me despiu e libertou das amarras que, em falsa segurança, me suspendiam Ilusório era meu voo que me levava ao céu e me mantinha cativa ao chão NUA Libertei-me com palavras e, nelas, renasci em graça alimentada do seu poder e de poder ser... E armada de letras, fé e asas, embutida de amor e verdade me concedi finalmente a tão merecida...liberdade Ana Acto Prefácio por Raul Tomé A Ana Acto é um Anjo. Afirmo-o assim, sem reservas.  E não julguem, caros leitores, que o digo de ânimo leve  ou que estou a tentar criar-vos uma imagem idílica de Ser.  Perfeito, nada di

MulherArte Resenhas 17 | "O Olho Esquerdo da Lua" de Jade Luísa - Por Antônio Torres

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  O OLHO ESQUERDO DA LUA (EDITORA PENALUX, 2021) DE JADE LUÍSA - Por Antônio Torres Nos tempos que atravessamos, ler “O olho esquerdo da Lua, de Jade Luísa, é pressentir a respiração indômita e libertadora de Lilith, tida como a mulher primeira; é vislumbrar a autonomia, sensualidade e prazeres no reino de Safo, em Lesbos; é perceber o esplendor erótico na arte de Maria Tereza Horta e de Lourença Lou; é sentir a multiplicidade de mulheres, lutas e caminhos que habitam e formam uma mulher, ao ler Mar Becker; é trilhar uma vereda original entre tudo que já foi dito e o que ainda não se nomeia e se oculta na encastelada hipocrisia. Já tivemos, nos primórdios, sociedades matriarcais, e a lua foi a primeira divindade do que passou a chamar-se humano. “O olho esquerdo da Lua” chega com essa aura de mistério e luz reveladora : de delicadezas, como em Gema (tornar-se pétala), Maré VII (asa no murmúrio das ondas) ou El comienzo del sueño (cata-vento enluarado); : de afirmação e autodescoberta

|coluna 13| Fala Aí - Os Poemas que o Diabo Amassou por Adriana Mayrinck

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                                                            Poesia nua e crua, igual a terra árida do Sertão Nordestino. Poesia latente e desbravada, igual a  semente que rasga o solo em busca de sol. Poesia transbordante e verdadeira, igual a chuva que  cai, após a seca castigante, com trovoadas e relâmpagos. Poesia que transcende a memória,  a história, o tempo, a imagem. Poesia sentida, vivida e pisoteada. Poesia dolorida pelas adversidades  e lutas da vida. Poesia de resistência e alerta em gritos silenciosos e torturados. Poesia de amor, embalada em uma rede feita à dois – e que se propaga. Poesia ferida, que traz marcas de tempos difíceis. Poesia libertadora que  atravessa oceanos e voa como pássaro que faz ninho em todo lugar. Poesia que transforma,  que chama, que arrebata. É assim, a poesia de Inêz Oludé da Silva.  Despida, autêntica, forte, e sobretudo, pincelada de arte! Arte da palavra, do sentir, do experimentar o mundo tal como é. Sem máscaras, sem comodismos, sem melindr