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Mostrando postagens com o rótulo Literatura

De Prosa & Arte | Quando as máscaras caem

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  Coluna 36 https://pixabay.com/pt/users/anncapictures-1564471 Quando as máscaras caem É notório o acúmulo de sentimentos que disfarçávamos. Agora mascarados diariamente, horas a fio nestes dias densos de perdas e adoecimentos, olhos expostos são denúncia e premonição de fatalidades, são resenhas inteiras de insatisfação. A parte quase boa de não mais mostrarmos os dentes em largos sorrisos, é que precisamos de um esforço colossal para que sejam expressos no olhar os afetos. Sinto muito termos aprendido tardiamente a sorrir com os olhos, janelas da alma como diria um poeta, ultimamente esses labirintos de observação e lágrimas, são capazes de denunciar qualquer esboço de aflição e também a sutileza de nossos desejos.  Apartados de beijos e abraços, os olhos são capazes de nos esvaziar dos incômodos e das mazelas. Também podem nos impingir medo. E agora mascarados é que mostramos nossa verdadeira face. Ansiamos reencontros, desvelamos as angústias, isolados do mundo nos vimos a sós cono

Preta em Traje Branco | Falsa Liberdade por Lu Amor Spin

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Coluna 36 https://pixabay.com/pt/users/fietzfotos-6795508/ Falsa Liberdade Dia treze de maio de oitenta e oito É mentira o que dizem para o povo. Negros não foram libertados, Continuaram escravizados. Milhares pelas ruas, sem emprego, Sem ter onde morar e o que comer Se desdobrando pra sobreviver, Que liberdade é essa que falam Se os negros continuaram marginalizados. Resistindo dia a dia, Lutando pra não ver sua cultura morrer. Há séculos tentam nos tornar invisíveis, Jongos, congadas, capoeira, proibir, Mas não podem apagar de nós a história, E a memória do grande guerreiro Zumbi. O negro tão bem construiu as riquezas do nosso Brasil, Mas nas capas dos livros, alguém já viu? E não me venha dizer que o Pedro descobriu o Brasil, A história não é contada da maneira como deve ser Nossos meninos e meninas precisam se reconhecer Walt Disney, contos de fadas, Cadê os príncipes e princesas pretas Para representar a criançada. Antes de persistir com o seu discurso sobre laicidade, Procure sab

De Prosa & Arte | O caos como inspiração

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  Coluna 42 Acervo pessoal O caos como inspiração "O vento que venta lá venta cá..." Ataulfo Alves É certo que nos meus deságues rotineiros, nas chuvas de letrinhas dos meus devaneios literários, tem um bom punhado de dissonâncias e mazelas que vivencio rotineiramente. Ouvi dizer, durante a devolutiva da equipe editorial no evento da publicação do meu primeiro livro, que meus escritos denunciavam meu caos interno. Achei lírica e poética essa observação. Nunca tinha compreendido meus versos dessa maneira. Então, decidi encarar de frente meu caos interior. É dele que ecoam os pensamentos, é do caos que emerge minha veia literária. Digo isso, porque esse caótico movimento sempre foi deflorado pelos amores desfeitos, a animosidades entre pessoas de convívio e é dessa vivência que brotam minhas reflexões e catarses. É dali que surge o espantoso ato de escrever. Não sei se por efeito da pandemia, ou se por efeito de um desenlace complexo e dolorido, sofri um bloqueio lite

De Prosa & Arte | Chegadas e Despedidas

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Coluna 41   Chegadas e Despedidas "Mande notícias/ Do mundo de lá/ Diz quem fica/ Me dê um abraço/ Venha me apertar/ Tô chegando/ Coisa que gosto é poder partir/ Sem ter planos/ Melhor ainda é poder voltar/ Quando quero" M. Nascimento Venho aprendendo a me levar e trazer nos lugares que gosto, a dirigir pra mim mesma, a trocar torneiras, descobrir barulhos no carro, carregar móveis pesados, acender a churrasqueira.  Eu massageio meus pés quando estão muito cansados dos caminhos para onde os levei. Estou aprendendo a me levantar e partir, quando não há mais afeto ou respeito, que possa ser compartilhado. A vida é isso: eterno (des)aprender, (des)construir, tomar pé e consciência de si. Não é à toa que venho me obrigando a fechar ciclos. Trancar portas . Erguer paredes. Ironicamente, quando a ação é externa causa um estranhamento, quando vemos o outro fazê-lo, nos causa um amargor na língua.  Renascer é um processo muito violento. Desprender-se dos nossos maneirismos, manias t

Preta em Traje Branco | 4P - Pretas, poetas, parceiras e poderosas

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Coluna 35 4P - Pretas, poetas, parceiras e poderosas  "Não misturo, não me dobro/  A rainha do mar anda de mãos dadas comigo/  Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim/  É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo/  Garante meu sangue, minha garganta/ O veneno do mal não acha passagem." Carta de Amor - M. Bethânia E da seiva de cada verso brotado, das salinas gotas que cortam nossa pele, trazemos nossa magnitude de ser. Mulher preta é encontro, o primeiro olhar de sua igual, na passagem pela escada do metrô de cabelos coroados, endredados, aqueles sorrisos de completude. O abraço a distância de um conselho pra firmar a Orì. Mulher preta é deságue, é mar revolto, maresia... é brisa. Cada uma de nós irmanadas carregamos no peito e na fronte o mesmo desejo de ocupação e visibilidade. Mulher preta é aguerrida, é batalha,  é sorriso, luta sem perder o brilho. E foi assim, que na humildade de querer me completar, de querer me refazer, que produzim

De Prosa & Arte | Passados Vencidos

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Coluna 40 Passados Vencidos Desejo um início de ano com consciência física, emocional e mental pra todos. Exatamente às 03h40 do dia 30.12.1978 eu nascia, sob a forja de Ogum, a vibração de Yorimá, a justiça de Xangô e a plenitude de Yemanjá. Aqui e agora, 43 degraus acima: m e aceito, me acolho, me respeito. Devolvo meu lugar de mulher, mãe, filha de orixá.  "Sou uma, mas não sou só". "E canto, canto, canto…" Quando sangra, quando dói, e u danço se transbordo. Sou bonita, sou cheirosa e meu corpo tem o tamanho ideal para abrigar meus sonhos e projetos. Estou saneando passados vencidos.  Construindo novas experiências.  Sempre fui mais Ariano Suassuna (realista esperançosa) que Mário Cortella (otimista). 2020 e 2021 por vezes me deixaram cética em relação as boas intenções das pessoas. Fiquei defensiva e reativa. Descobri que família é quem nos traz serenidade, aprendizagem e sorriso.  Não necessariamente quem divide os códigos genéticos.  Todos os planos que fiz, f

Poemia 02 | Mulher e menina - por Chris Herrmann

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  | coluna 02 | Esta é a segunda edição desta coluna, onde trago sempre dois poemas autorais e uma imagem artística. Hoje o tema é Mulher e Menina. Os Florais de Bárbara na alma rosa de hiroshima no coração magnólia nos olhos erva doce na boca dente de leão no palco comigo-ninguém-pode nas mãos as palmas Aquarela de Lu Valença (da minha coleção particular) Crepúsculo II havia um calor de saudade naquelas andanças a menina que queria alcançar as estrelas caiu tarde em mim segui saudando a criança rasguei as cortinas do crepúsculo anoiteci chovendo em meus olhos

De Prosa & Arte | Do latim expectare, reagi!

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Coluna 39 Foto StockSnap by Pixabay Do latim expectare, reagi! De todas as expectativas que criei, você foi a maior decepção. Talvez, porque eu tenha idealizado no continuum mental, um alguém que nunca fora. Falseei nos meus desejos, nos mais profundos, um porvir que jamais chegou. O erro está em criá-las, em sua etimologia a palavra expectativa   vem do latim "expectare", com o sentido de "à espera de". Então passei anos da vida “à espera de um milagre ”. Hoje, costumo acumular desejos possíveis, que minhas pernas alcancem e executo a mudança a partir de mim, o outro não se fez extensão do que sou. Cada um é um. E eu agora cuido desse um - único, que sou eu mesma e minha complexidade ruidosa. Recolho, cacos miúdos que me sangram os pés, na caminhada diária pra longe da sua falta de empatia, da sua irresponsabilidade afetiva, do seu egoísmo, da sua insensibilidade frente ao mundo. Tendo a acreditar, que na forja dessa sua passagem, não lhe foi atribuída a proprieda

De Prosa & Arte | Dispensáveis e substituíveis

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Coluna 38 Foto Maria Aparecida Castro Augusto Dispensáveis e substituíveis Nessa vida fui capaz de construir muitos (des) caminhos, transitando entre os (im) possíveis. Nada fiz sozinha, embora tenha tecido, um longo rastro de solidão em quase tudo que produzi. Desde os afetos às conquistas materiais. Minha vida sempre me pareceu um comercial de refrigerante concorrente. Aquele com muito Caramelo 4. Toda vez que desejei algo, a vida me perguntou: - Pode ser Pepsi? Eu que sempre tentei ser grata a tudo que me veio, nunca neguei. Só tomei Pepsi... Entendi que tudo era como poderia ser. Com aquilo que mereci durante as construções das trajetórias de (in) sucessos. Não posso reclamar em demasia, pois tudo que tenho, talvez seja mais do que eu mereça. E por isso, não renego. As coisas que me causaram perdas físicas, materiais e emocionais, entendi como aprendizado necessário pra me criar casca e escudo. Estou transmutando meus afetos, até aqueles que me são mais caros. Pois, não quero tolh