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A Face da Divícia | Um Náutilo

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  Coluna 03 Um Náutilo - Por Divanize Carbonieri Quando ele surgiu do éter, eu já estava conformada com a minha situação. Tinha desistido de espernear e gritar por socorro. Ninguém iria me ajudar mesmo. Talvez fosse a palermice depois de tanta picada. O fato é que não me assustei com a sua carranca esverdeada boiando no ar. Afinal, não deixava de ser uma bela cor, igualzinha àquela do gramado em frente. Só achei insana a recomendação que me prescreveu. Mas quem era eu para julgar? É mister que Vossa Senhoria ingira quarenta copos de água a cada rada do dia. Primeira vez que se dirigem a mim com tal reverência, e o que vem a ser rada , meu Deus do céu? Isso nem falei em voz alta, mas ele já foi logo respondendo porque o danado ouvia pensamentos. Vinte e quatro são as horas de um intervalo diário, que, divididas por quatro, contabilizam seis. Cada um desses conjuntos constitui um rada . Hum, são dez copos por hora, não? Perfeitamente! Bastante coisa, e quando eu estiver dormindo? Adorme

A Face da Divícia | 24 Haicais de Divanize Carbonieri

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Coluna 02 24 Haicais de Divanize Carbonieri Imagem de Givaldo Guilherme Santos por Pixabay.   acerolas rubras cobrem maduras o chão rolinhas entre bolinhas “tchuva do cadju” chuvisqueiro em cajueiros a cor surge em cachos irmã aceroleira permita a boa colheita não atice a coceira espinhos do limoeiro pinicam os intrusos a coleta vale os lanhos as echarpes verdes envolvendo agora as árvores prendas da chuva tronco todo preto morto só até a tempestade berço para o broto calangos lambem nacos de melões e mangas gatos colam neles calango no muro a cabeça chacoalha um tango ou kuduro? uma lagartixa tremelica na treliça teatro de graça bebê lagartixa espremido na dobradiça só um esqueletinho esses olhos redondos que se demoram em mim o amor mora em gatos o pequeno deus que me mira dessas órbitas deu-me amor maior Imagem de Christel SAGNIEZ por Pixabay.   revoada de araras voo rasante sobre o sítio gritos rascantes: susto amarela o coco que a arara alcança almeja só o soro o bem-t

A Face da Divícia | Os caminhões e a ponte

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  Coluna 01 Os caminhões e a ponte* - por Divanize Carbonieri no dia 12 de março estava num auditório lotado, em mato grosso ninguém parecia ainda temer o vírus, eu ouvia sobre as mortes na itália, lia a respeito do isolamento na china, os primeiros casos em são paulo, não estava mal informada, mas no fundo pensava que seria algo como a febre amarela de 2018, dela só lembrava dos bugios morrendo como moscas na mata, claro, porque ninguém iria vacinar macacos, vacina aí sendo justamente o diferencial, ao contrário da febre amarela, para o novo vírus ainda não havia (e não há) imunização, mesmo isso me passou despercebido, não atinei que estava diante de algo mais ameaçador, de 13 a 18 de março tentei vender meus livros, visitei muitas casas, levando os exemplares, encontrei amigos que queriam comprá-los, nessa altura já achava que seria necessária alguma restrição de deslocamento, mas não o confinamento, imaginava que haveria momentos de socialização, mais raros, porém, existentes de qu