Um Conto bem-humorado e surpreendente - por Sonia Nabarrete
Aquarela de Luciane Valença Entre corpos Havia cheiro de sexo no ar. Eles já tinham se beijado longamente e explorado com línguas e dedos o corpo um do outro, quando eu, que a tudo assistia, fui convidada a participar. Cheguei no melhor da festa. Ela já estava devidamente lubrificada e ele exibia sua potência, sem disfarçar um certo orgulho. Naquela noite quente de verão, numa ampla cama redonda de motel, cenário para cultos hedonistas, eu estava entre um homem e uma mulher, sintonizados em um tesão que se traduzia em movimentos instintivos, num ritmo crescente. Feito o recheio de um sanduíche, sentia as manobras e recebia fluídos de ambos. Recebi o calor e a energia daqueles corpos que se fundiam numa coreografia perfeita, cada um buscando o próprio prazer. O orgasmo foi simultâneo e intenso. Depois, quando a paixão deu lugar à ternura, fui excluída do contexto. Com a mesma sutileza com que fui chamada, me dispensaram. E em seguida, atirada ao lixo, que é lu