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Máyda Zanirato em 4 poemas

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Versos Intransitivos verbo l ela conjugou amar no presente no passado no futuro ele no jamais verbo ll rasgou o verbo ao meio e quando quis depois juntar as partes viu que a conjugação ficara no futuro do presente indicativo de um amor cortado no passado (no não mais) Verbo lll ...e o verbo se fez verso mas não se aninhou entre nós Encruzilhada Enrola bem o xale no teu rosto o fogo do amor já não aquece a madrugada fria Paremos um instante Eu ficarei até fumares teu cigarro não tenho pressa Sei que mais adiante eu me transformarei em estátua de sal No espelho (I) Há um tempo em que o coração se cala ...................................os poros ...................................as veias ...................................a respiração perguntam quem são e a que vieram num corpo qu vai se tornando todo ...................................silêncio ........................................e ...................................interrogação

Uma colher de chá pra ele - Weslley Almeida

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| uma colher de chá pra ele - 05 | Poesia para um tempo que dói Gustave Caillebotte A PERMEABILIDADE DAS HORAS A castidade dos dias a permeabilidade das horas meus olhos sangrando de horizonte o arrebol a máscara o álcool o desapego das coisas fúteis carros cheios de formol e valas com mais de sete palmos feitas a braços de escavadeiras arrancando terra corpos ao chão sem velas, velórios só valetas e uma dor que tem comunhão com o sopro de nossa finitude da magnitude dos nossos corpos vãos. ARQUITETURA DAS SOMBRAS Ficar em casa acostumar-se com a arquitetura das sombras as paredes brancas sofá, cama geladeira e fogão com o hábito da mão a preguiça dos olhos toda mecânica e automação dos nossos corpos biônicos com hastes de óculos lentes de contato pontes de safena e celular controle remoto como epiderme músculo ossos links lives de extensão. Lida Matviyenko FAINA Cunhar moedas fazer barganha comprar o pão de todo dia Dar du

A poesia terna e lúdica de Alessandra Sanches

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Gabriel Moreno Condição Se você flor eu voo na vertigem do encontro *** Re(construção) Descalço meu chão costuro asas é preciso voar para sonhar ainda que a vida peça ajustes Gabriel Moreno Mosaico Não me procures por aí não me encontrarás assim mesmo que me vejas não me encontrarás sou constituída de cada pedacinho de dor de mim gosto de estar do lado de dentro Gabriel Moreno Manhã Numa manhã de Manoel de Barros um pio de pássaro eterniza o amanhecer toca a alma e ilustra a vida Sou além do que sou cheia de céu por cima e à flor da pele *** Amaino pedras solitárias ouço barulho das águas líricas sinto vento próspero quando me encontro em estado de poesia Gabriel Moreno Entre mim e você Há céu com presságio de aves há vento que sacode o abrigo da minha timidez há aurora com olhar de primeira vez há po

200 palavras/2 minicontos - por Lota Moncada

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Cris Acqua Minicontos com cem palavras contadas Acompanhantes (Lota Moncada)     São fugidios, talvez tímidos, durante o dia não se deixam ver. Ficam se camuflando entre as muitas fotos ou as roupas penduradas no armário, mas sempre estão aí. Esperando uma oportunidade. Às vezes, um farfalhar, quase um suspiro, me faz virar depressa tentando surpreendê-los. Somente uma frustração. Remexo, ansiosa, nos muitos papéis espalhados, nas cartas amareladas, falo baixinho, provocando, fingindo paixão... Então, eles pulam, deixam meu cabelo em pé, reviram meu mundo e tomam conta do insuportável vazio. Hoje, estou decidida a deixá-los me assaltar e enfrentá-los. Mesmo que amanhã não tenha mais monstros, medos, fantasmas, passado...   E nenhuma companhia. ****  A melindrosa ( Lota Moncada) Todos a achavam fraquinha. Apenas se podia arrastar o carrinho do supermercado, sempre com olheiras e mal alimentada. Falava pouco também. No bairro era conheci

Cinthia Kriemler - 5 poemas pra não esquecer

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Carmen Luna Natureza morta II A mulher chinesa estática na fotografia em p&b é diferente de mim Não sorri não fala português não diz palavra não tenta ser minha amiga no Facebook A mulher chinesa usa um chapéu de cone para colher arroz e umas calças largas que eu não quero usar Porque eu sou gorda e as calças largas avolumam ainda mais os visuais arredondados por carnes em acúmulo A mulher chinesa não quer ter filhas, só filhos, porque as meninas são inúteis para a revolução Mesmo que a revolução já seja tão velha quanto a minha memória mais antiga do que seja uma revolução A mulher chinesa se deita todas as noites e chora sem ruído por alguma coisa que ela não conhece e que faz falta                                      Tem medo que descubram que ela sonha com viagens com livre-arbítrio e com campos de girassóis bem mais bonitos que os campos de arroz que tornam plana a paisagem dos dias chine