Postagens

O verso do avesso | Marilia Kubota

Imagem
MOSAICO Coluna 13    –  Crônica O verso do avesso  por Marília Kubota Sempre que chegava a data da comemoração da imigração dos japoneses ao Brasil, me pediam, quando eu trabalhava como jornalista, indicações para falar com fontes na comunidade de brasileiros asiáticos. As entrevistas seriam de pessoas que pudessem dar depoimento sobre os tímidos, honestos e diligentes japoneses, trajando quimono, comendo feijoada com "palitinhos"  —    que às vezes as mulheres também usavam como grampo para prender os cabelos  —   e contando piadas falando "errrado". Durante anos fui assessora de imprensa do Nikkei Clube de Curitiba e trabalhei para jornais étnicos. Por isto, eu era uma referência no assunto para os colegas jornalistas. Depois do centenário da imigração, acabei me envolvendo mais com literatura e a academia. Deixe para trás este passado. Colegas jornalistas ainda me procuravam como fonte. Alguns, já professores de cursos de jornalismo, me indicavam par

Conto e poesia- Artes integradas de Dairan Lima

Imagem
Um Conto e um Videopoema Monika Luniak Ao Som de Gita ( por Dairan Lima ) Resolvi terminar o namoro, porque você, ao ouvir o ronco do jipe do meu pai, pulou em cima da bicicleta e sumiu na estrada poeirenta e eu fiquei na maior frustração. Depois arrumei outro, o Zé Cristino, que era lindo de morrer com aquele cabelão comprido e olhos gateados. Foi até a fazenda do meu pai me pedir em namoro. Eu tinha tudo para esquecer a desfeita que você me fizera, mas não conseguia esquecer as primeiras sensações de ter o coração na boca e as mãos suando, geladas sempre que o via. Você arrumou a Irene para namorar, eu ficava roxa de ciúmes. Nas festas de Santo Antônio, no pátio da igreja matriz, o que rolava era Gita, que pirava a cabeça da moçada da época do paz e amor. Nunca esqueço, você fugia da sua namorada e eu do meu. Dançávamos colados nas festinhas, ao som do Maluco Beleza, eu sentindo seu corpo tenro no meu, sensação indescritível. Um dia, marcamos um cinema, às escondi

UniVerso de Mulheres 05 - Um Poema Inédito de Julie Dorrico, por Valeska Brinkmann

Imagem
Um Poema Inédito de Julie Dorrico, por Valeska Brinkmann                                                                               Foto©  Inaê Guion          O boto                                                                                            Para Márcia Kambeba Na ponta da canoa O canto ecoa Lá vem o boto! Da proa da canoa Dá pra ver o boto Brincando com o vô Lá vem o boto No pé do Apeú Atrás do canto! O boto gosta de canto! Um encantado faz o quê? Canta! Por isso ele veio! Por isso ele vem! Às vezes homem Às vezes criança Às vezes mulher Da ponta da canoa Quem ele é? Ô boto bonito Me leva pra ver o teu mundo? No balanço do maracá O canto ecoa Ecoa o canto! Julie Dorrico , nasceu em Guajará-Mirim (Rondônia) é descendente do povo Macuxi . Doutoranda em Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PU

ABUSADA / MARTINA - Dois Romances sobre relações abusivas

Imagem
A Editora Feminas acaba de lançar dois romances que abordam relações abusivas e violência contra a mulher: Martina de Vivian Retz Lucci e Abusada de Sonia Nabarrete **** Martina é o livro de estreia de VivianRetz Lucci. Conta a história de uma publicitária que chegaà capital para trabalhar em uma grande agência. Ela chama a atenção de um homem misterioso que a convida para fazer um freelancer. Conforme tenta desenvolver os dois projetos, Martina, a protagonista, se depara com mulheres em situação de vulnerabilidade por abusadores e tem seu nome envolvido em um crime. A história, que se passa nos anos 2000, tem como pano de fundo a relação de poder entre homens e mulheres. Abusada , primeiro romance de Sonia Nabarrete, autora também da novela Eretos e Contos Safadinhos, comtempla dois momentos da protagonista Regininha, nascida na década de 1950,em uma cidade fictícia da Grande São Paulo. Ela abusa viver plenamente sua sexualidade em tempos d

A Poesia renova esperanças: Júlia Alberto, 14 anos, Poeta.

Imagem
Autoria anotada na imagem liberdade de tão falada corri atrás dela da tão esperada por todos sonhei com ela ansiosamente sua chegada, a alegria de todos quando me falavam dela meus olhos brilhavam quando enfim ela chegou corri sorri dancei compartilhei asas coloridas com os amigos enfim o dia mais belo do ano sem anotação de autoria   um lar um lar talvez seja o lugar que deitamos nossa cabeça talvez onde vamos para nos sentir bem talvez não seja apenas onde temos uma cama não sei ao certo o que é apenas sei que anseio pelo momento que encontrá-lo. Josef Kote além a varanda velha meus pensamentos e esse cenário morto sufocando cada lado tem suas belezas convivemos com isso assim como temos de viver com feridas feitas pela saudade queremos estar vivos amanhã quando o sol nascer para que de tarde possamos ir além dos pensamentos vulneráveis que te

Quatro Vezes Amor - quatro poetas- quatro poemas

Imagem
Aquarela de Luciane Valença Antes que termine o dia... Chris Herrmann, Kátia Borges, Lia Sena, Mara Magaña *** O amor aparece nos momentos mais distraídos. Uma porta se abre. Os pesos se vão.  As levezas entram por ele. (Chris Herrmann) *** certeiro o amor é bicho desembestado mesmo quando sangra e manca não perde o passo não erra o galope o amor não deita na rede pega avião a jato. não mede esforços não vê empecilho o amor não é de papo não é de prosa é de poesia o amor é de fato a cada dia, o que importa o amor não fica à beira da porta não faz arrodeio, não mede distância o amor adentra e faz bem feito cresce no peito e pulsa na veia é de parelha: corpo e sensação o amor é mais que pão é mesa farta, banquete. se esparrama pela casa inteira brinca no tapete da sala acende a lareira molha as plantas no quintal o amor nunca é meia boca é boca cheia de arrebatamento é o melhor intento e a maior satisfação é explosão

Alma&Luz - A poesia de Ana Cleusa Bardini - seis poemas

Imagem
Tanya Shtseva Dor aguda Profundamente Num grito ferido Teu olhar trincou Meu olhar de vidro ### Dor servil na pele tua eu vejo a cor da tua alma nua nos teus olhos a dor à flor da pele tua a tua derme na minha fincou a ancestralidade do teu cerne o teu sangue forrando o solo foi o grito no colo da realidade crua... Monika Luniak Teus excessos vertem desafetos arranham meus neurônios inquietos ### Olho estrelas Derrubo café Vou ao chão Me ajoelho Junto cacos Esvazio espaços Faxino coração Gabriel Moreno MARCAS Na mente aflora a árvore da consciência com seus galhos seus frutos e sementes No pescoço, uma corrente presa à matéria em decomposição Nos ombros a arcada da existência Nos braços o símbolo da dimensão Os seios jorram mistérios e desejos O umbigo faz a divisão. Os pés prendem raízes à terra, que fincam