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Mostrando postagens com o rótulo Divanize Carbonieri

Para não dizer que não falei dos cravos | Seis poemas de Jansen Hinkel

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  Coluna 26 Seis poemas de Jansen Hinkel  cera   (paragrafias, p. 57).   vespas medonhas em conjunto de ponta cabeça na madeira podre.   de pedaço em pedaço na trajetória do ar de uma árvore qualquer para o canto da calha.   abelhas-cupins direcionadas a um trabalho formal de cera.   uma colônia de escuras asas e um plano ancestral para o deus-hexágono.   nós, quase tal elas, com a segurança, antinatural, de também organizar o tudo em formatos.   e alienígenas sem asas de inflamadas conjuntivas nos prendemos em lados centros e túnicas de futuros que não serão.     uma bruxa (paragrafias, p. 130).   Compostos venenos, bem arrumados na tábua pregada a servir de estante. Emplastros e líquidos com cheiro de fruta podre. Uns ramos amarrados com palha. Um gato magro e orelhudo, a espiar panelas. Alinhadas cartas de tarô de Sevilha e os incensos. Era o fim de uma tarde azul e a luz invadi

A Face da Divícia | Um Náutilo

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  Coluna 03 Um Náutilo - Por Divanize Carbonieri Quando ele surgiu do éter, eu já estava conformada com a minha situação. Tinha desistido de espernear e gritar por socorro. Ninguém iria me ajudar mesmo. Talvez fosse a palermice depois de tanta picada. O fato é que não me assustei com a sua carranca esverdeada boiando no ar. Afinal, não deixava de ser uma bela cor, igualzinha àquela do gramado em frente. Só achei insana a recomendação que me prescreveu. Mas quem era eu para julgar? É mister que Vossa Senhoria ingira quarenta copos de água a cada rada do dia. Primeira vez que se dirigem a mim com tal reverência, e o que vem a ser rada , meu Deus do céu? Isso nem falei em voz alta, mas ele já foi logo respondendo porque o danado ouvia pensamentos. Vinte e quatro são as horas de um intervalo diário, que, divididas por quatro, contabilizam seis. Cada um desses conjuntos constitui um rada . Hum, são dez copos por hora, não? Perfeitamente! Bastante coisa, e quando eu estiver dormindo? Adorme

MulherArte Resenhas 14 | O "Domicílio" de Marta Cocco: A arte de habitar a poesia contemporânea - Por Eduardo Mahon

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  O Domicílio de Marta Cocco:  A arte de habitar a poesia contemporânea   - Por Eduardo Mahon A beleza de ler um livro ainda não publicado é que, depois que encarna no papel parece ser algo completamente diferente. Exilado no Manso, há mais de 1 ano, li o copião do atual Domicílio (Gesto, 2021). Senti um gosto meio amargo de balanço, fim de festa, noves fora, trocando em miúdos. Talvez fosse a pandemia, o sol escaldante, o cenário do cerrado bruto. Li várias vezes como se, na poesia de Marta, houvesse alguma salvação. Nunca há. Quem sabe, dê-se justamente o contrário. Agora, devidamente vestido de capa e contracapa, o livro confirma a minha sensação inicial. A maturidade cobra uma espécie de retrospecto, antologia ou exposição do que se aprendeu até aqui. Não poderia mesmo ser um livro esperançoso em meio ao nosso contemporâneo desesperançado.  Domicílio abre-se em cômodos, cada qual dedicado a um estilo e/ou tema, prato cheio para os estruturalistas que babarão de gula com a “antig

MulherArte Resenhas 13 | Posfácio ao livro "Carga de Cavalaria" de Divanize Carbonieri - Por Paulo Sesar Pimentel

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  Posfácio ao livro "Carga de Cavalaria"  de Divanize Carbonieri - Por Paulo Sesar Pimentel “Eu não quero as réguas para traçar meus caminhos. Eu prefiro as éguas, num galopar torto y veloz” (Antônio Sodré)   “Pastora de nuvens, por muito que espere, não há quem me explique meu vário rebanho. Perdida atrás dele na planície aérea, não sei se o conduzo, não sei se o acompanho” (Cecília Meireles)   Como uma cavalgada, ler este livro é experimentar ritmos: frente a uma planície tão ampla, pode-se trotar, vagarosamente, degustando imagens pelo caminho, ou, num galope veloz, atravessar as distâncias que Divanize Carbonieri constrói. Esta obra, deste modo, fotografando em palavras que necessitaram ser selecionadíssimas, dadas as limitações do haicai, funciona igual a uma bula que ensina a sobre como olhar, no dorso de um cavalo, o mundo em movimento e, ao mesmo tempo, em pé, na beirada da floresta, as tantas possibilidades de liberdade. Não nos enganemos, leito