Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Poesia Indígena

UniVerso de Mulheres 11 - A Poesia intrínseca e cativante de Rosi Waikhon , por Valeska Brinkmann

Imagem
UniVerso de Mulheres 11 A poesia intrínseca e cativante de Rosi Waikhon Foto  ©  Rosi Waikhon     Arapaço S eguindo conhecimentos milenares do meu povo, meu pertencimento étnico é pratrilinear Pirá-tapuia /Waikhana. Portanto, assim me apresento indiscutivelmente.   Ao longo da vida obtive conhecimentos de avôs e avós,   de partri e matri. Conhecimentos que me fizeram ser poeta e artista, apresentando versos e poesia. Conhecimentos que me fizeram ser cientista e pesquisadora, frequentando universidades  almejadas por todos que queiram trilhar o ramo científico. Responsabilidade a qual prezo muito.   Mas, quando sobrevoo a literatura e escuto a fala de meu finado avô José, Arapaço, Sinto-me como esse pássaro pica-pau (referência do povo de meu avô) Incrivelmente pousada no poste em meio aos fios de tensão, tentando alçar voo   Há tanta dor por tantas perdas nessa dura realidade de covid 19. Horas escrevo, choro, escrevo, choro… e assim vou seguindo Aprendi

UniVerso de mulheres 09 - Três Poemas de Rayen Kvyeh - traduzidos por Valeska Brinkmann

Imagem
| Coluna 09 | Três Poemas de Rayen Kvyeh  - tradução Valeska Brinkmann Tempo da lua fria     * Inesgotável tempestade de granizo do wekufe chicoteia as araucárias sem piedade expulsa os choroyes** de seus ninhos bandos tempestuosos enlouquecidos .viajam pelo espaço No altar  o tambor do pajé ,soa na noite sem lua lá ao alto os choroyes se detêm   : e lançam o fatídico presságio chegarão os estrangeiros .e um tremor rasgará a terra   wekufe – força negativa que tenta destruir o equilíbrio natural * Choroy – espécie de papagaio típico dos boques do sul do Chile ** Tiempo de luna fría Granizada inagotable del wekufe azota sin piedad las araucarias desaloja de sus nidos los choroyes enloquecidas bandadas tormentosas .recorren el espacio En el rewe el kulxug de la machi suena .en la noche sin luna Allá en lo alto los choroyes se detienen :y lanzan su fatídico presagio llegarán los extranjeros .y un temblor partirá la tierra   §§§§§                                                            

UniVerso de mulheres 07 - Um poema de Paula Gunn Allen, traduzido por Valeska Brinkmann

Imagem
|  coluna 07  | Um poema de Paula Gunn Allen,  traduzido por Valeska Brinkmann Foto: Black Mesa Afternoon, by Harold Hall                      Recuerdo Subi no silêncio para respirar ar puro e sobre mim avistei os picos erguendo-se como deuses. Eles moram lá, dizem os anciãos. Quando criança, eu os ouvia falar quando subíamos a montanha para fazer piquenique ou apanhar madeira. Tremendo no ar frio eu espreitava e ouvia. Agora escrevo tentando combinar som e memória, rastrear essa mensagem, a voz que outrora ouvia e quase tinha me esquecido. Era ali entre os picos mais elevados. Havia uma voz no vento - algo que me aterrorizava e me fazia chorar Queria me agarrar à minha mãe ser confortada por ela, que ela me explicasse essa voz e meu medo, mas fiquei sentada congelando, tentando me sentir tão quente como uma fogueira, Os da minha família costumavam dar esse conselho. Agora escalo as Mesas* nos meus sonhos. Os deuses da montanha estão calados e eu os procuro. Br

UniVerso de Mulheres 06 -Três poemas de Jamille Anahata, por Valeska Brinkmann

Imagem
  Três poemas de Jamille Anahata, por Valeska Brinkman        não sou só  meus joelhos ralados  ou a cicatriz na minha barriga sou também canga estendida  em dias ensolarados,  sorriso bordô, dança e cantiga *** toda vez que um de nós sem aldeia fala se reconhece no espelho  tem coragem de usar a palavra-tabu  sinto o fortalecimento  na pele no peito no sangue o plano deles era nos arrancar   nos engolir e integrar  apagar nossa memória mas nenhum vínculo é  tão forte quanto o dos encantados a ancestralidade  nos guia de volta *** teu beijo me acordou de um sonho as estrelas eram nossas cúmplices e teus cabelos com cheiro de carambola  me traziam de volta sempre que eu ia longe sol e lua desceram do céu e  nos observaram dançar e se embrenhar  entre infinitas raízes retorcidas teu beijo me acordou e ainda era sonho Jamille Anahata é manauara, ativista indígena, poeta e pesquisadora de Re