Cinco poemas de Elke Lubitz





Um quase agora

A palavra tempo
Desliza entre escuros
céus de tantas bocas

Minúsculo assombro
No apagar das luzes
A palavra tempo é:

Um quase agora
A devorar instantes
De uma quase vida.




Oceano

Minha ternura vaza
Olhos fundos
Neste mundo de meu Deus

Paixão pelo mar profundo
Peixes coloridos, algas entrelaçadas
O sal das correntezas
Neste mundo de meu Deus

A calmaria dos instantes
Da nau flutuante e das ostras
Águas fundas e medusas

O silêncio  dos corais
Estrelas luminosas
Neste mundo de meu Deus

Leme, âncora, vela e faróis
Deixem-me livre
Náufraga de mim
Neste mundo de meu Deus

Minha mente vaga
Todos os mares teus.


Desacertos

Por não ter
 aptidão para descobertas
Sou aquilo que não sou

Ainda não me conheci
Parto sem saber
O que fui

Ou o quê
Viria a ser

Tantos "eus"
Em Desconcerto
Me desconfio tanto

Mas não me acerto.



Acíclica

Sou cachoeira
Bruma rendada
Margem de rio

O mar em mim
Afoga os meus olhos
- Abrolhos -

Afluente sem fim
E choro todos os dias
Antes de nascer.



Ostentação

No brilho da rua
Uma poça
D'água
Acaba 
De ostentar
A lua



Poemas do livro um quase Agora (Editora Penalux/2019)

Imagens por WP @patrickdesenhoetattoo (WellingtonPatrick)




Elke Lubitz é catarinense, residindo em Jacareí (SP), pedagoga e poeta, membro da Academia Jacarehyense de Letras, publicou em diversas Antologias e revistas eletrônicas. Lançou o primeiro livro solo no final de 2019, pela Editora Penalux, um quase Agora.

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