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Mostrando postagens com o rótulo Poesia brasileira contemporânea

Cinco poemas de Eva Potiguar | Uma poética de raízes imersas

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  Cinco poemas de Eva Potiguar Uma poética de raízes imersas ODE AOS LIVROS   Livros são pássaros banidos... Aventureiros revirando sentidos, Quebrando vidraças de opressão, De conceitos de tradição. Eles rasgam cortinas de egos, Abrem baús como martelos, Como deliquentes rivais, De paradigmas banais.   Oh livros renegados... Reis abandonados... Como águias famintas, Consumam em tintas, Versos e prosas, Espinhos e rosas.   Oh aves mensageiras, Saiam das belas estantes! Dominem as fronteiras, De nossos horizontes!   Livros, livrai-nos! E livres, Livremos!!     MUNDO BOLHA   Ah se a poesia se tornasse realidade As palavras pregos de manutenção Os versos cordas de arremate   Para enlaçar e arrastar teu coração E prender a tua atenção O mundo poderia então Ser uma bolha de sabão Colorida e flutuante Lúdica e instigante   Poética e radiante Feita de sorrisos De mãos e amigos De poesias e livros Fonte: pixaba

Quatro poemas de Helenice Faria | Uma poética da resistência

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  Rosana Paulino Quatro poemas de Helenice Faria Uma poética da resistência Deixe-me em  oralidades. Quero sorvê-las com calma E absorver a riqueza de cada uma delas.   Não quero regras,  padrões e imposições. Não acato ordens Já me desfiz dos  chicotes e das dores.   Concebida na escuridão Pelas caladas da noite Vi a vida pelos buracos abertos a ferro. Nasci à claridade do dia.   Cresci caminhando  em cantos, becos e  valas Apaixonei-me pelas  favelas e bares E quis todos os lugares.   Desfilo por avenidas Meneio a cabeça, o corpo Ao  ritmo do tambor. Verte suor, calor E no constante ardor permito-me filhas e filhos.     Rosana Paulino As  armas e as lanças traduzem os traços. Pontaria em estilhaço. Não queremos cangaço. Se pisamos arenas de morte,   Ouça canto e  grito forte. É nosso direito à fala. Às desculpas (in)conscientes? Aprumamos o peito Acenamos a bandeira ancestral. Apagamos, Retraçamos os olhos, os lábi

Para não dizer que não falei dos cravos | Cinco poemas de Andri Carvão

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  Coluna 04 Cinco poemas de Andri Carvão (do livro  Dança do fogo dança da chuva,  no prelo)   Noite e dia   Borboleta amarela... Estrela preta... O sol é incerto e a noite, certeza. Borboleta preta! Estrela amarela! A noite cai e o sol se impõe.   Fechado em Concha   Quando quero esquecer, quando quero sonhar, quando quero a noite e quando não quero mais, fecho minhas pérolas em concha e não procuro saber o que perdi.   Fonte: pixabay.com Em trânsito   Você vai e eu fui Você foi e eu regressei Você voltou e eu fui de novo Você outra vez e eu retornei Você veio e eu brequei Você parou e eu caminhei Você andou e eu corri Você disparou e eu passei Você acelerou e eu sumi Você desapareceu e eu big bang Você deus e eu amém Você venceu e eu empatei Você perdeu e eu também   Caracol   Eu não sou de sol Eu sou de lua Não mordo o anzol Nem entro na sua Eu sou caracol No meio da rua P

Quatro poemas de Diana Pilatti | "Palavras Póstumas"

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  Eliane Fraulob Quatro poemas de Diana Pilatti "Palavras Póstumas" Os poemas a seguir fazem parte do livro Palavras Póstumas ( volume 5 da II Coleção de livros de bolso do Mulherio das Letras, Editora Venas Abiertas, Belo Horizonte/MG, 2020 ), que traz poemas sobre mulheres vítimas de relacionamento abusivo: solidão, medo, violência psicológica e física, e feminicídio. As ilustrações são de Eliane Fraulob. * senti a típica rudeza fálica entrando no meu corpo indiferente sem sabor                  |  obrigações sociais  |   lembro do menino de olhos claros que uma vez elogiou minhas tranças: refúgio-infância   Eliane Fraulob olha o que me fez fazer!   outra vez já não estranho mais esse sabor hemácio na língua   lavou a louça e meu silêncio arranha as paredes da cozinha   socorro inaudível outro sonho translúcido pelo ralo Eliane Fraulob não sei meus sonhos minha voz já esqueci meu gosto meu verso meu verbo só sei o s

Três poemas de Dayane Soares | Uma poética do tempo e da ancestralidade

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  Harmonia Rosales Três poemas de Dayane Soares Uma poética do tempo e da ancestralidade Engole o Choro! Menina lágrima, ouviu. Pela primeira vez, Para, Para, Para. Engole esse choro, anda, agora! Maiss, Maiss. Mais nada, já disse. Engole logo esse choro. E larga de Pirraça.   Tic, Tac, Tic, Tac. Tempo, Tempo, Time.   Aborrecente lágrima, ouviu. De novo, já tá chorando? Para de drama, tá de TPM é? Maiss, Maiss, Mais nada. Larga de moage, draminha, afss coisa de Adolescente.   Tic, Tac, Tic, Tac. Tempo, Tempo, Time.   Adulta lágrima, ouviu. Humm, oia lá, ohh troço que chora. Deve ser por causa do ex, de macho. Que vergonha, numa idade dessa fazendo drama e cena.   Tic, tac, Tic, Tac. Tempo, Tempo, Time.   Lágrimas, Lágrimas, Lágrimas. Choro, choro, choro, gritos e berros. Ops, mais quem tá chorando? Não sou eu lágrima. Não pera, morreu? Harmonia Rosales   Meu Querido Pé de Goiabeira   Sinto sua falta, agora que já sou a

Para não dizer que não falei dos cravos | A poesia de Eduardo Mahon numa curadoria de Edson Flávio Santos

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  Coluna 03 A poesia de Eduardo Mahon numa curadoria  de Edson Flávio Santos A pedido desta coluna, Edson Flávio Santos selecionou os poemas a seguir a partir de toda a obra poética de Eduardo Mahon. Nevralgias (2013) Cuiabá O sol ilumina três dias Cozinha as gentes de cá Suor que me dá agonia Uma cortesia de Cuiabá   O comércio fazia sesta Havia saraus de piano Povo que gosta de festa Seresta e luar cuiabano   Rodados os paus de outros barrancos Migrantes paulistas e do Paraná Outrora tomados por saltimbancos Fincaram raízes em Cuiabá   Está consumado: segui pra Piedade Fui enterrado como um paisano Sou semente nova na velha cidade Em Cuiabá, morri cuiabano.   ** Poema de Cristaleira Se eu não rir, não presta Nada vale a poesia sem um sorriso Se eu não ler em voz alta, descarto A poesia tempera sabor às palavras Se eu não reler, não serve Não há uma grande poesia esquecida Se eu não arrebatar uma mulher, desisto A boa poesia v