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Minha Lavra do teu Livro 03 | "INVISÍVEIS OLHOS VIOLETA", de ROSÂNGELA VIEIRA ROCHA, por Nic Cardeal

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  Minha Lavra do teu Livro 03 - resenhas afetivas -   A INVISIBILIDADE  FEMININA NA VELHICE  Na realidade, não faz diferença, jovem, velha, quem se lembra, lá bem fundo, lá no alto, faz tempo que me tenho por inteiro. Reflexos? Só no espelho. Deixem-me ficar velha.   (Nic Cardeal, in: Reflexos, ‘Sede de céu’)   Em INVISÍVEIS OLHOS VIOLETA (Rio de Janeiro/RJ: Ventania Editorial, 2022), ROSÂNGELA VIEIRA ROCHA trata de um tema muito importante nesses tempos de relações tão líquidas, ou já quase gasosas: em um romance realista, traz à pauta a necessidade de refletirmos não somente sobre as verdadeiras  razões das dificuldades amorosas enfrentadas pelas mulheres da terceira idade, como também sobre meios de modificar, ou mesmo aceitar, de maneira  mais tranquila, essa realidade. De acordo com a escritora, “a partir dos 50 as mulheres vão ficando invisíveis e eu quis explorar esse assunto” (em artigo de Letícia Perdição, para a coluna ‘Entretenimento’, do site ‘Met

UM TRECHO DE INCRÍVEL ROMANCE DE HENRIETTE EFFENBERGER | QUASE NADA DE AZUL SOBRE OS OLHOS

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  fotografia do arquivo pessoal da autora   Hoje é dia de homenagear a grande escritora HENRIETTE EFFENBERGER , com o primeiro capítulo de seu romance  Quase nada de azul sobre os olhos :  Capítulo 1 Não fosse pela repercussão que o ato poderia causar, bateria as solas dos sapatos, uma na outra, para não levar consigo nem mesmo a poeira desse lugar. Mas repetir Carlota Joaquin, quase duzentos depois, não era uma opção. Tudo que ela não precisava naquele momento era chamar a atenção das pessoas sobre si. Só lamentava é que não estaria presente para ver as reações daqueles que tripudiaram sobre os seus sentimentos. Quando desceu as escadas, o barulho dos saltos altos que ressoou pelos degraus de madeira foram os últimos sons de sua presença naquele local. Abriu a porta que levava à rua e também a trancou atrás de si, do mesmo modo como faria um pouco mais adiante com o portãozinho de ferro de grades torneadas à maneira antiga, presos por duas muretas, típicos das casas da década de 1950.

"PERMANÊNCIAS OUTONAIS SOB O SIGNO DA LEVEZA", ARTIGO DE ISABEL CORGOSINHO

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  livro Permanências outonais , de Vania Clares PERMANÊNCIAS OUTONAIS SOB O SIGNO DA LEVEZA sobre o livro "Permanências outonais", de Vania Clares                                                          por Isa Corgosinho             Ao final da leitura do livro de Vania Clares, veio-me a vontade de sistematizar questões que fui anotando durante a leitura. Assim, deixo aqui registrados os meus devaneios interpretativos de suas Permanências Outonais.     A prosa poética de Clares deixa entrever em suas fontes a ambivalência das personagens femininas de Clarice Lipector.   Com essa chave genealógica, ousamos mergulhar no processo de estranhamento intencionalmente construído numa temporalidade, cuja noite tem a mesma duração do dia. O resultado é o mergulho conjunto no equinócio intensamente vivenciado pela constante alteração do estado de consciência da personagem outonal. A gangorra do tempo malbaratado situa esse romance entre aqueles dinâmicos e interativos, também ad

UM TRECHO DE PREMIADO ROMANCE DE ROSÂNGELA VIEIRA ROCHA | VÉSPERA DE LUA | Projeto 8M

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fotografia do arquivo pessoal da autora 8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal)   Hoje é dia de homenagear a grande romancista Rosângela Vieira Rocha, com o primeiro capítulo de seu livro Véspera de Lua :  I Se pudesse destruir todas as pontes e dizer ah, estou aqui, eu vim, vim para o amor, todas essas frases cinematográficas e baratas, ou não tão baratas, as frases que selecionava de seus poetas prediletos e que escrevia nas primeiras páginas dos livros, nos cadernos, há anos, muitos. Pudesse dizer isso sem culpas e agir solta, um bicho. Entregar-se uma única vez a um grande impulso e esquecer a idade que tem, os anos, tantos, que peso, e quer a le

Um trecho de romance de Babi Borghese | "Em nome do papa"

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  Imagem de Kitty Vanrooij Um trecho de romance de Babi Borghese Em nome do papa “(...) Solana deu um giro de 180 graus na paisagem que a cercava... a senhorinha à sua direita terminara o café, mas não dava nenhum indício de ir embora ou fazer novo pedido, concentrada que estava em seu exercício mental. Uma mãe muito elegante aguardava com duas pequenas o sinal verde para atravessar o lungotevere Augusta em frente a ponte. No ponto de ônibus à sua esquerda, uma octogenária de cabelos azuis curtos em cachos muito bem penteados dava informações a uma turista de shorts e mochilão nas costas. Uma van escolar presa no trânsito parou à frente de Solana, cheia de meninas uniformizadas que conversavam alegremente. A cena toda era de um equilíbrio perfeito, nenhum som e nenhuma imagem fora de contexto. Eis o sagrado feminino, Solana pensou, fazendo conexão com a parte mais essencial e sublime do ser humano, especialmente da mulher: a alma. A alma saudável (sagrada). Poderosa. Um dom aguardando