Coluna 06 - In-Confidências por Adriana Mayrinck

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Mengão do meu coração!

Vou confessar que desde que vim para Portugal, em 2017, os jogos do Flamengo não faziam mais parte da minha rotina, andava mesmo desiludida com o meu clube, desde a época da má administração da Patrícia Amorim e já que tinha deixado a família, os amigos, a minha praia, e tantas outras coisas que faziam parte de mim, para trás, o meu time do coração, também ficou fora da mala, deixei ali, junto com todas as outras coisas, em um relicário de lembranças. Até que...

Em junho de 2019, alguma coisa mudou dentro de mim.

Aquele senhor, ex-técnico do Sporting, time luso que adotei como meu para sentir-me parte integrante de uma nova vida, me causou extrema simpatia e no qual me sensibilizei por toda a agressão sofrida em Alcolchete, assunto diário nos noticiários em maio de 2018, deixou a sua terra natal e foi recuperar-se em um clube saudita, o Al-Hilal, me causava um misto de admiração e curiosidade. Comecei a ler sobre esse tal de Jorge Jesus e acompanhar a sua trajetória profissional.

Para a minha surpresa, no noticiário que acompanho todas as manhãs no Brasil, o Flamengo estava em negociações para levá-lo para o Rio de Janeiro. E foi desde aí, que começou a minha torcida, mais pelo técnico do que pelo time em si, que há muito já havia me desinteressado.

Ter o coração rubro-negro é como ter uma tatuagem, que faz parte do corpo e quase da alma, con-vive-se com ela, e às vezes até esquece que existe, mas está lá. Para sempre.

Em um dia do mês de junho de 2019, aterrizou (aterrou) no Galeão, esse senhor com o sotaque que tanto aprecio, de madeixas brancas e gestos impetuosos. E em pouco tempo, reacendeu não só em mim, mas em toda a nação rubro-negra, o fogo da paixão, do entusiamo, da veneração e orgulho que sempre o Flamengo despertou em seus torcedores, agora adeptos. Não era mais um técnico a fazer disparates e depois justificar a má atuação, colocando a culpa no seu elenco, era o nosso Mister, que chegou com uma chuva de verão e inundou os nossos corações de alegria e esperança.

Foi sim, por causa dele, que toda a minha saudade e paixão invadiram novamente o meu coração. Paixão pelo meu Mengão, pelo Rio e por tudo que está inserido neste contexto. As lembranças do calor de verão nos campeonatos do brasileirão que terminavam sempre um dia antes do meu aniversário, a cerveja bem gelada, o samba e os domingos, com os jogos de futebol no Maracanã.

Me arrependi de ter deixado a minha camisa do outro lado do Atlântico. Não ia ser muito útil pelo frio que já se fazia por cá... E na primeira oportunidade, voltei aos velhos tempos, desta vez com cachecol e gorro rubro-negro, para acompanhar, vibrar e torcer por esse Mister português, que também descobriu o que é sentir um amor incomensurável pelo tal do Flamengo.


Estávamos todos lá, uma parte dos milhões de adeptos espalhados pelo mundo, brasileiros e portugueses flamenguistas, acompanhando em um telão, no Bar Hawaii, organizado pela Embaixada Fla-Portugal, a cada jogo, unidos, na mistura de sotaques, mas com o mesmo sentimento. E pude novamente gritar a plenos pulmões... “Mengão do meu coração”, com uma cerveja bem gelada nas mãos, à beira do Tejo, envolvida pelo vento frio do inverno, mas com o coração pegando fogo.


E quem disse que mulher não entende de futebol?
Ela - do Flamengo (Brasil)
Ele - do Sporting (Portugal)
Mas por cá, fica tudo junto e misturado

A paixão do futebol (e não só) de um casal com muito para dizer!

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