Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Nic Cardeal

CINCO POEMAS E UMA PROSA POÉTICA DE IVA FRANÇA

Imagem
fotografia do arquivo pessoal da autora   CRÍVEL Porque escrevo e sou capaz  De apontar o dedo  Para meus próprios anseios  Também tenho vontade  De negar sua veracidade e devaneios  Porque escrevo  Não quero que duvides  Nas histórias descabidas  Apontadas no fio das linhas.  Muitas vezes não são fingidas   Porque escrevo Me deixe no sossego adormecido  Sei que te parece inverossímil  Palavras tortas  Numa pele de pêssego   Mas, porque escrevo  E pareço um inventário dândi  Não significa que detenho toda a razão  É que deambulo vivência  Para dar vazão ao verbo  De um todo libertário. imagem do Pinterest  -*- CAROLINA, MARIA, JOANA   Carolina acorda às quatro horas da manhã Vê o amarelo-alaranjado do crepúsculo Por cima do zinco do barraco Não tem café para coar Maria toma o trem das cinco O estômago amarrotado pelo suco, O gástrico, da noite anterior Não teve café para coar Jo...

Para não dizer que não falei dos cravos 14 | UM CONTO DE MIGUEL ARCANGELO PICOLI

Imagem
  Para não dizer que não falei dos cravos (14) Um conto de  Miguel  Arcangelo Picoli "KORÉ CAFÉ"  Tudo tão igual... pessoas, notícias, conversas... a cidade repleta de atrações, exposições, dança, teatro, cinema, mas nada me atraía. Olhei o que havia para o jantar... dezenas de diferentes potes que só precisaria aquecer, mas nenhum me apetecia. Pensei em ir ao parque. Meu irmão disse que deveria e eu precisava ver algo do local para lhe dizer que havia ido. Vesti uma roupa qualquer e saí com tempo fechado, escuro. Melhor seria se estivesse chovendo e não pudesse ir...  Lá chegando, após estacionar refugiei-me no primeiro banco que vi, o mais afastado da feira, vendedores e ruídos da avenida. Nem os pássaros nada diziam.  Era o que desejava ... nada. Sem pensar passei a observar abelhas numa flor, uma flor qualquer.  — Pensando no mito de Perséfone?  O comentário me fez ver que não estava só naquele banco, e não sabia por quanto tempo. De qualquer ...

QUATRO POEMAS DE MARIA EMANUELLE CARDOSO

Imagem
fotografia do arquivo pessoal da autora  ALGAS VERMELHAS  na primeira vez que entrei no rio fechei os olhos e mergulhei profundamente fiquei com gosto de areia e sangue na pele passei então a mergulhar como quem para a noite se despe não completamente, apenas o suficiente sabendo que tanto na noite quanto no rio a Areia sempre vem imagem do Pinterest  -*- NAMAZU os peixes-remo medem aproximadamente seis metros.  quando aparecem, dizem aos japoneses que é tempo de terremotos.  a gramática diz:  sua saída causa terremoto.  o beiço diz: o terremoto  causa sua saída.  hoje, quando se vê um peixe-remo sabe-se que é tempo de terremotos e tsunamis. as relações da causa e consequência  do influxo  e efluxo de humanos,  por outro lado, ainda não  são totalmente conhecidas.  há quem diga  que todo humano  é prelúdio de incêndio. há quem acredite que toda carbonização é prelúdio de humano.  não se sabe se houve...

CINCO POEMAS DE SONALI SOUZA

Imagem
fotografia do arquivo pessoal da autora   DRAMA Difícil escrever versos infinitos com a TV no centro da família,  da sala na casa no bairro de antenas ao infinito. “Querida, você não precisa me amar deixe apenas que eu a ame.” Silêncio. E se ela concorda acaba o drama e escrevo um verso. Se ela discorda ele a persegue e no canto dos meus olhos essa imagem idiota será mais forte e não haverá a literatura de Borges. Difícil escrever versos infinitos quando ele grita em idiota desilusão: “Suja! Você é calhorda! Você é Holly Anderson!”. E, como minha mãe e minhas tias, murmuro: “Coitado!” -*- NA AREIA DA PRAIA As palavras vêm até mim como as ondas do mar na praia. Dizem-me em sopros de ventos marinhos o que talvez me faça mulher adivinha. Mas infindo de todas as cores, do translúcido ao fosco enigma, perto de ti oceano caminho nas beiras, nas praias, respeitosa de teus redemoinhos, de teu profundo abismo, de teu horizonte inalcançável. imagem do Pinterest   -*- MEU FILHO...

Minha Lavra do teu Livro 20 | "PINTE-ME DE AZUL!", de GISELA MARIA BESTER, por Nic Cardeal

Imagem
    Minha Lavra do teu Livro 20 - resenhas afetivas - "PINTE-ME DE AZUL"  PORQUE  "QUEM PINTA  COM PALAVRAS É POETA!"   (Rubem Alves)   Em  PINTE-ME DE AZUL!  (poesia, Goiânia-GO: Mondru Editora, 2023), seu primeiro livro individual fora do âmbito acadêmico jurídico,  GISELA MARIA BESTER comprova que, de fato, possui o dom da palavra, é sua amiga íntima, sua irmã, sua cúmplice! Com ela, Gisela viaja a todos os 'lugares' possíveis e imagináveis da linguagem, arriscando-se, com pleno domínio desta, muito além dos limites do papel - sua poesia é correnteza de rio, marola, onda de mar, queda de cachoeira, gota profunda do silencioso lago, permitindo vida própria a cada poema nascido dessas 'águas internas'!  Com seus poemas, Gisela  consegue alcançar aqueles recônditos inimagináveis do pensamento, brincando com a poesia intuitiva, com a materialidade das palavras, como quem desenha sensações invisíveis e estas tornam-se capazes de ...