Preta em Traje Branco | Quarteto de Versos de Valéria Rufino


Coluna 34

Foto Nika Akin by Pixabay


Quarteto de Versos de Valéria Rufino

1.Corda

Acorda

Por mais um passo,

Um segundo e...

A corda

Segura-te o corpo

Balançando sobre a doce ilusão

Ilustra a janela do seguro

Que prudente não serra os olhos

Temendo sonhar.


2.Asterisco

Iscnofônica e inerte

Anseio por sua leitura

No pé da página de meu ser

Contida entre os dedos contraídos

A frase...

Te quero, te amo, leia-me

Sinto meus olhos como asteriscos

Saltitantes desejando festejar...

Jardim!!!

Sem-terra, sem água...

Folha seca.

Viro o rosto, fecho os olhos,

Volto a página

Impossível a mesma leitura

Sem nota de rodapé

Sem pé, nem pescoço

Osso roído de medo do não

Comeu-se todo

Sem jamais saber

Se ouviria o sim ou o não.


 3.Fazer

Fazer

Do inicio ao fim

Traz prazer

Assim, sente o homem

No objeto

Concreto

A abstração

Coloca-se no mundo

É parte do mundo

Do homem ao homem

Nos vegetais

Que semeia, cultiva e colhe

Alimenta assim

Corpo e alma

Come o abstrato

No concreto fazer

Te aquece as mãos

Que guardam ovelhas

Retiram a lã

Fiam e tecem

O pano que guarda teu calor

Somos muitos

Para sermos uno!

 

4.Sai de mim

Sua cara

Seu olhar

Que denuncia

Supereu

Supera o eu


Valéria Rufino Martins, paulistana, professora de história, mestre em educação. Poeta e educadora. Sua escrita traça poemas curtos, inspirações em haicais, poesias concretas e produção de vídeo-poesias. Valéria por ela mesma: “ eu sou eu, mas nem sempre eu, nem sempre sou”.



 

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