Preta em Traje Branco | Três Tretas de Valéria Rufino

 


Coluna 22


Três Tretas de Valéria Rufino



Chuva

Chovendo a vida

Correndo sangue abaixo, a chuva

Soluços, sorrisos, gritos e abraços

Evaporando sentimentos, sentindo momentos

Guardados em nuvens de pensamentos... mente... menta...

 

Chove em cima da cabeça... chuvas caem sem cabeça.

Molha o coração... que soa queda d’água

Navega e retorna ao nada, nadando na amplidão

Sonhando à sombra do real

Sentando na macia anormalidade de um ser normal.

 

Fechando os olhos

Que sorriem o riso dos lábios

Lacrimejantes lábios

Osculando a libido da meditação...

 

Só palavras soltas

Soltando num hálito

O orgasmo de um grito sangrento

 

Os olhos se fecham para ver

E sentir as batidas

Caladas pela eletricidade

 Olhos fechados, sorrindo sempre

Vendo tudo e sempre


*****************************


 Decomposição

                 ação

                 imã...terra

                          era de DES

                                              NUDO

                                              AMOR

                                              NUTRIR

                                              AMPARO

                                              TRUIR

Paro para parabolizar frente ao espelho

Espelhando a imagem que contradiz e diz

DES ilude...

Invadido

Perdido na composição

Dos seres, música, espaço...

Cor vermelha

                      Latente posição de gente

Derrete e volta a lama

Amaciando a calma

Que acalma o liquido humano

Sangue de água, rio de vinho

                             Urinando champanhe

 

*****************************


Ele se foi

Nós éramos tão nós

E ele morreu

Morreu também o nós

Ficou um EU

Fragmentado e sem jeito

De ser sujeito.

Em outro conto de nós.

 

Um pronome oculto

Dentro de frases sem sentido.

Onde estamos? Não estamos.

Estás

Sem saber caminhar...

Chora...

Sem saber viver...

Sonha.

 

Encontre-se no laço

Que como abraço

Mais fácil se desfaz.




 Valéria Rufino Martins, paulistana, professora de história, mestre em educação. Poeta e educadora. Sua escrita traça poemas curtos, inspirações em haicais, poesias concretas e produção de vídeo-poesias. Valéria por ela mesma: “ eu sou eu, mas nem sempre eu, nem sempre sou”.





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