CINCO POEMAS DE PATRÍCIA MEIRELES


fotografia do arquivo pessoal da autora 


A VIDA SÓ FAZ SENTIDO

Uma vida sentida 
é o amor que partilhamos,
os seres que vamos encontrando 
ao longo dos anos.
Sou um ser afortunado, 
apesar de todos os danos: 
traições, abandono...
Mas a vida só faz sentido 
quando percebemos 
que quem perdemos foi uma vitória. 
Quem permanece na história 
é quem deixa saudade.
Tu foste um ser que eu conheci 
em poucos minutos, 
ou talvez horas, 
mas foi uma empatia tão grande, 
que me apeteceu agradecer-te com palavras. 
Um grande ser humano, uma menina mulher.
Põe-me sorrisos estampados no rosto 
de forma fácil pela pureza, 
genuidade e grande coração que possuis. 
Desejo-te um percurso risonho, 
igual à alma que te pertence. 
Anseio conhecer-te e apaixonar-me 
todos os dias da minha vida. 
Eu gosto de ti e quero-te de forma tão intensa 
e genuína como nunca quis ninguém.

-*-

imagem do Pinterest 

CARTAS QUE TE ESCREVO

Todos os dias penso, 
perdi-me com a tua partida, mas fito-te: 
olho para o céu e vejo-te 
com saudade e esperançosa 
por te abraçar.
Acredito no destino, 
duas linhas não se cruzam à toa, 
acredita, todos os dias te escrevo, 
mesmo que seja apenas no pensamento, 
nunca te esqueci. 
Sinto-te perto, a tua alma faz parte de mim.
Todos os dias penso
fui tão feliz, 
e lembrar-te a acariciar-me a alma por inteiro, mantém-me viva.
Sou grata à vida por nos ter cruzado,
Fui e serei sempre feliz, 
guardando o melhor de ti dentro de mim.

As cartas de amor 
escrevi-as somente para ti. 
Lanço-as ao vento, 
olho para o céu e desejo 
que as folhas te abracem 
e continues feliz 
mesmo distante de mim:
a proteger-me e amar-me 
como desde o primeiro dia 
que nos olhamos e nos conectamos. 
Esta carta de amor é para ti, 
meu querido e eterno João! 
Amo-te com tudo o que tenho 
cravado dentro de mim.

-*-
imagem do Pinterest 

NO INTERIOR EU NASCI

Às vezes penso sentir saudade 
e desminto o quão bem estou, 
falta-me uma certa maturidade
para não sentir este vazio de ti. 
No interior eu cresci, 
e sempre me lembrei de ti.
Entretanto, penso, 
se sofri demais, não é espanto, 
é a vida!
E a vida agora não é sobre viver
ou sobre as coisas que perdi.
É só até onde consegui sobreviver,
para escrever esta noite sobre ti.
Não choro pelas mágoas de te não ver,
só me choro a mim, 
porque quem fui não voltará mais.
Em ti eu aprendi a valorizar o interior. 
Hoje, nostálgico.

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imagem do Pinterest 

POESIA DO ADEUS

Não saberei nunca 
dizer adeus.
Só quem fica é que sabe 
a melodia da saudade, 
o aperto que fica entalado no peito
pela ausência da pele,
o abraço, a voz..
Mas o amor fica, e com ele
ficam as memórias
de quem parte e deixa histórias 
para acalmar a alma, 
de quem escreve e palavreia para tranquilizar o corpo cansado, 
e a mente que pensa, pensa...
em torno do adeus. 
Nunca saberei dizer adeus.
Sou inconformada pela minha
ânsia e sede de querer sempre mais.

-*-
imagem do Pinterest 


UM DIA REGRESSO

Abandono o silêncio, 
e rumo à descoberta
de um ser que cobre o mundo
e um cais de areia em sangue, 
um aborto profundo...
um comboio que chega,
e o trem que continua. 
Anseia tudo aquilo que algum dia alguém não possuiu 
ser o detentor da sua alma, perdida Nunca se encontrou.
Então decidiu partir.
Numa multidão desesperada, 
correu, fugiu, não se identificou.

Não chores, aflita, 
com o meu desencontro.
Nunca fui mais que um mero ser 
que sentiu demais por nascer
numa sociedade inquieta. 
Apenas não chores, 
recorda-me, sei lá.
Talvez amanhã seja um novo dia 
e, quem sabe, porventura 
o teu anjo te torne abraçar 
e te dê colo 
para te sentires amada, 
curada.
Um sol que caminha devagar, 
mas atravessa o mundo.

-*-
imagem do arquivo pessoal da autora 


PATRÍCIA MEIRELES é natural de Ribeira de Pena, Portugal. Licenciada em Educação Ambiental, formada em geriatria e cuidados geriátricos, secretariado e assessoria. Escreve poesia e prosa e, recentemenente, quis aliar a escrita à música - suas grandes paixões - em um clip: poesia declamada em dueto, com a colaboração do ator Paulo Magalhães, convidando, ainda, um rapper internacional, 'Jorge MK nocivo', para a edição/ masterização do mesmo, assim como o instrumental. Escreve para os jornais e revistas brigantinos, e sonha continuar a partilhar o que escreve pelo mundo afora.

Participação em antologias e coletâneas: 'Antologia de poesia' (Edita, 2020); 'Liberdade' (Chiado Books); e 'Inventário dos poetas portugueses - antologia do país da poesia' (Volume 1, Maio/2021).

Livros publicados: Des(ordem), o trocadilho sentido (Editora Poesia Fã-Clube, 2021); e Carta que nunca escrevi (Editora Poesia Fã-Clube, 2021).





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