Resenha do livro infantojuvenil de poemas, POEMEAR DE PERNAS PRO AR, de Adriana Barretta Almeida



(ilustração da capa: Thomas Almeida Warren)



PORQUE A POESIA QUER CAMBALHOTAS DE FAZER ENORMES ALEGRIAS!

por Nic Cardeal 

POEMEAR DE PERNAS PRO AR (Curitiba/PR: Insight, 2018) é um lindo livro infantojuvenil de poesia, escrito por ADRIANA BARRETTA ALMEIDA e incrivelmente ilustrado por seu filho THOMAS ALMEIDA WARREN. Não é um livro lindo só para crianças, também é livro lindo de encantar adultos (e suas crianças que moram por dentro!). Adriana tem o dom de 'poemear' as palavras de um jeito tão bonito, que qualquer coisa vira verso, e depois do verso fica delicioso fazer desenho - na própria folha, no verso ou até no avesso do verbo! Ou ao contrário: um desenho surge de repente do menino Thomas e, já sai logo animando toda a turminha das palavras moradoras da Adriana! Bem faceiras - as palavras e a Adriana! -, querem logo 'poemear' a brincadeira! Porque Adriana sabe "(...) que poema colore a gente/com a cor do pirilampo/em dia que a noite venta./Criança sabe que/poema é ciranda/que a gente dança/e se estonteia (...)" (2018, p. 5)!

'Poemear' é fazer poesia de choro de criança, de um dia de domingo que a gente quer ficar na cama, de uma lagarta que não vê a hora de virar borboleta, de jacaré lelé que não gosta de chulé, e até de menino elástico que adora esticar de lá pra cá e daqui pra lá  (sem arrebentar!). Como pode tanta coisa assim caber na poesia dessa menina, e nos desenhos tão 'animados' do filho dessa menina? É porque tem amor, muito amor nessa parceria tão inspirada (e inspiradora)! Coube nela até a pequenina minhoca, que quase ninguém vê, que quase ninguém sabe - você acredita que hoje eu soube, só por causa do poema da minhoca, que ela nem é carnívora, nem é herbívora, e muito menos onívora? Pois então, pra saber, afinal, o que come a minhoca, é melhor você 'poemear' bastante, junto com a mãe Adriana e o filho Thomas! Garanto que nunca mais você esquecerá da comida preferida da minhoca!

Tem muito, muito mais nesse 'poemear'! Tem saudade de avô e avó, tem um tal de 'desmanchar com o namorado', tem gente que é craque de ficar "em nove meses de espera" (2018, p. 25), tem uma "belibélula com asas de fada" (2028, p. 26), e a gente até aprende que o céu nunca cai, só sky pro seu inglês! Ficou curioso(a)?

Ahhh! Você também pode 'poemear' pro seu gatinho, porque tem poesia de carinho, de "gavetas, caixas, corações", bem ao estilo dos felinos (2018, p.31)!

Antes que eu me esqueça, nesse quintal-'poemear' de tantas palavras e desenhos coloridos, você pode virar de 'pernas pro ar', e até sonhar que vai voar, aproveita e conta pra Lua que ali naquele 'jardim' mora um grilo apaixonado, e até um ninho de gravetos (com carinho)! Olha, esse 'poemear' é cheinho de belezas, um poema, dois poemas, todos eles fazem a gente virar criança!

Agora que já estou indo, vou te contar um segredinho bem baixinho (antes que a Adriana escute e me arrume um castigo!): o poema que eu colhi desse lindo 'poemear' foi aquele que eu achei o mais bonito - só porque eu quero ler essa maravilha para os meus três gatinhos:

"AVE GATINHA

Ave gatinha cheia de graça 
Pega o garfo e agora disfarça 
Gatinha, gatinha bendita sois vós
Debaixo da mesa com fome atroz
Santa Maria, ai meu Deus
Gatinha, os repolhos são todos seus
Rogai pela minha beringela
Que eu passo muito bem sem ela
Agora é hora da sobremesa
Pudim de amora, que beleza
Gatinha, gatinha, não vem que não tem
Pudim de amora eu não fico sem.
Amém!"
(2018, p. 8)

Então, se eu fosse você eu iria ligeiro lá no 'poemear', pra escolher o seu poema favorito! Garanto que a Adriana e o Thomas - essa dupla maravilhosa de mãe e filho - muito felizes irão ficar!

(* Sobre o Poemar: "Uma fala de criança vira verso. Um poema vira desenho. Um desenho vira poema. Assim é Poemar de Pernas pro Ar. Uma parceria de afeto e poesia, um encontro de mãe que escreve e filho que desenha (e inspira), numa troca de olhares entre si e com o mundo (...)" - na quarta capa do livro).




ADRIANA BARRETTA ALMEIDA, por ela mesma:

"Nasci em São Paulo, mas vivo nessa cidade de cores lindas que é Curitiba. Estudei Letras na USP e Artes na Embap. Mas o que tenho de mais importante a dizer de mim é minha ligação muito forte com o universo infantil. Sempre me toca profundamente o olhar das crianças sobre as coisas: ao mesmo tempo tão novo e tão íntimo. Como mãe e como professora, tive sempre o privilégio de tê-las por perto.  Escrever para crianças, para mim, é um exercício de alma."

Adriana também é autora do livro 'A última folha' (literatura infantojuvenil, Curitiba/PR: Editora Insight, 2017).


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