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A Poesia de Claudia Manzolillo

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lanço cartas ao mar: vagas memórias manuscritos sem destino testemunham o tempo que me coube lanço-me ao mar: difícil tarefa de lutar contra a maré águas salgam-me e deságuo lanço ao mar letras e alma: adenso as águas oceânicas berço do tanto que fui e sou lanço ao mar minha herança: um nada esse deus que mora em mim fugidia esperança de eternidade lanço enfim minha carta de navegação: bússola inexata guiou-me até aqui praia bravia praia deserta praia serena praias sem fim me acobertam lanço-me assim ao crepúsculo de mim Pele é mapa: inscrevem-se amores mágoas linhas horizontes abismos Pele é retrato: revelam-se calendários festas perdas mares securas Pele é deserto: escondem-se oásis miragens desafios assombros Pele é rota: escrevem-se alguns poemas cartas de amor de despedida enquanto dias e noites TRANS Eis meu corpo nele cabem sonh

RITUAIS - Um conto de Sílvia Palaia

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Rituais por Silvia Palaia Apagamos a luz, só o abajur permanece aceso, desenhando o teto junto com os risquinhos da veneziana. Respiro aliviada. Estou feliz. Blues tocando baixinho, seus braços em volta da minha cintura, nossas pernas tão enroladas, que se confundem. Sua respiração leve e às vezes um sussurro no meu ouvido: “– Já disse que te amo?” “– Nunca”. E começávamos tudo de novo, e de novo, e de novo. Na madrugada quando um sonho me acordava, lá estava você. Roubava um beijo, falava ao seu ouvido o quanto o queria. Você sorria e levava suas mãos aos meus seios. Eu gostava. No domingo saíamos de mãos dadas pelo mundo. O mundo era ali mesmo, virando à esquerda. Preparávamos o banquete, servido com mel, néctares, hortelã, e uma rosa à mesa. Só nós dois. Nus. Nós dois, nossos corpos, nossa alegria e os mais requintados beijos. Não fazíamos planos, nem embalávamos sonhos ou conquistas. Apenas ficávamos ali. Nós dois, recriando nossa história. Da última vez sussurrei no seu o