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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Coluna 02 | Mulherio das Letras na Lua - ANA ACTO (Portugal)

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  Coluna 02   Divulgando autoras Lusófonas, um poema de Ana Acto. VOLTAS Volta E não volta... E a cada regresso Mais uma camada me envolve De tudo e de nada Como escudo, como arma E desacreditada Regrido lentamente ao início Onde amedrontada Receava amar Volta...e torna a voltar E a cada regresso O amor se faz casa A cada toque a aceitação A cada sorriso...perdão E tudo parece voltar Lentamente, a seu lugar Apago resquícios do que foi E abraço, o que quero acreditar Porque o quero Quero mesmo, que sejas tu... Mas sabes? Em solo árido semeaste E o que plantaste dentro de mim Com perseverança brotou Mas a cada colheita vai enfraquecendo E menos me dou... E meu maior receio Seja que um dia De tanto volta e não volta Meu coração secar E já não mais haver Para onde voltar. Ana Isabel Correia Acto, nasceu a 5 de abril de 1979 em Tomar, e reside atualmente em  Setúbal. Abriu em abril de 2018 uma página de autora nas redes sociais com o nome  “Ana Acto” . Escreve-nos sobre amor, em todas as su

Resenha do livro infantojuvenil 'Hai-Quintal', de Maria Valéria Rezende

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(capa do livro Hai-quintal) NO HAI-QUINTAL DE MARIA por Nic Cardeal   Quintal é um terreno que fica atrás de uma casa de moradia ou junto a ela, onde geralmente se cultiva um jardim ou uma horta, às vezes ambos. Ouvi dizer que uma tal de Maria gosta demais da conta de quintais. Gosta tanto, tanto, que já viveu em muitos lugares pelo mundo e - adivinha o que sempre tinha em todos eles - os seus lugares assim feitos de lares? Quintais!  Ainda não conheci nenhum dos tantos quintais de Maria, desses de verdade, em 'carne e osso', de cavoucar a terra e arrancar 'daninhas', de abrir sulcos para o adormecer das sementes. Mas eu descobri um outro quintal de Maria! Diferente. Fascinante. Até mesmo reluzente! Nele, essa tal de Maria usa palavras como sementes! E tudo nasce incandescente. Até haicais - uns tais de tesouros descobertos no quintal! HAI-QUINTAL: HAICAIS DESCOBERTOS NO QUINTAL é um livro escrito por MARIA VALÉRIA REZENDE (AUTÊNTICA, 2011), com lindas ilustrações de

Coluna 03 - In-Confidências - por Adriana Mayrinck

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Coluna 03 "A vida é a arte do encontro" por Adriana Mayrinck A vida é a arte do encontro, como imortalizou o nosso Poetinha, mas hoje não vou falar de poesia, e nem do Vinicius de Moraes, mas sim, de parceria! Como muitos sabem, desde 2009 aventuro-me com projetos de revistas, começou com a Horizonte, mas coloquei na gaveta, após muitas andanças e esperas nas portas da Empetur e da Astur/PE, em Recife e em diversas secretarias de turismo dos nove estados do Nordeste. Depois em 2015 tentei unir forças com uma escritora de Niterói que também não aconteceu... Acho que essas coisas, têm o seu momento certo e apesar da vida ser a arte do encontro, foram tempos de muitos desencontros. O projeto da Revista Literária foi repaginado em 2017, agora com ares lusos, mas deixei nos arquivos para um melhor momento. Entre muitos livros e eventos, fui adiando... esperando as férias, esperando lançar primeiro o meu livro, esperando completar cinquenta anos, esperando, esperando... até vir

Preta em Traje Branco | Fotopoesias encorpadas de Susana Malu Cordoba

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Coluna 10  Foto por Sonia Regina Bischain Fotopoesias encorpadas de Susana Malu Cordoba A foto marca o início, a descoberta da palavra.  Foi ali que toda uma vida anterior se esvaiu por entre os meus dedos.  Discreta e invasiva   a poesia marcava esse corpo de carne e ego. Primeiro, consumiu meus olhos, no espelho e nas fotos passei a carregar novos  olhos que não os meus, os olhos antigos foram arrancados e me deram esses de presente, esses que se prendem no horizonte e sem motivo algum se perdem no amontoado de casas sem reboco.   Depois me arrancou a voz, mas não toda a voz, me arrancou aquela voz antiga precoce que antecede a dor, t ambém me tirou a pele... essa roupagem talhada de estigmas. Invasiva a poesia vem e me imputa novas vestes e a pele de hoje é tão frágil quanto a certeza de que um dia ensolarado é um dia feliz. Agora ela deu de mexer com minhas mãos essas que até ontem eram mãos de trabalho, mas que hoje se revolta... se rebela, sinto que perderei minha mãos da

UniVerso de Mulheres 12 - A voz da selva na poesia de Sandrinha Barbosa, por Valeska Brinkmann

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UniVerso de Mulheres 12                                                                                                                             Foto  © Luciana Frazão   A voz da selva na poesia de Sandrinha Barbosa, por Valeska Brinkmann Eu selvagem   selvagem como as pedras não polidas e intocadas selvagem como o fogo o sol do meio-dia e as grandes tempestades selvagem como os terremotos maremotos secas e enchentes selvagem como a pororoca amazônica que em sua passagem arrasta o tudo e o todo selvagem como a febre alta como a ferrada de arraia e o choque do puraquê selvagem como a noite sem fim sem luz e sem som repleta de pesadelos selvagem assim eu sou assim estou seria uma certeza ou auto-defesa? não sei explicar mas por alguns instantes ao deixar a selva encontro vocês: amigos fiéis que tanto falam, brincam e sorriem em seus olhos quanta esperança firmeza e carinho traduzidos a mim selvagem em jeito de luta persistência e não desistência o oxigênio a segurança a brisa morna qu

De Prosa e Arte | Numérico - de encontros insanos, amores escassos, vamos ao jogo!

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Coluna 16 https://pixabay.com/pt/illustrations/xeque-mate-xadrez-figures-2147538/ Numérico - de encontros insanos, amores escassos, vamos ao jogo!  Ela não tinha ideia do poder que escondia na sua aparente timidez, aquela pulsão que às vezes a acometia, não sabia de onde vinha. Tinha medo da própria lascívia. A vida toda tentou conter, controlar, sufocar a sua insaciedade.  Quando o radialista chegou ela ainda não se sabia tão voraz. Não imaginava que aquele encontro era gatilho para disparar sua natureza esfomeada, dele só soube o primeiro nome, dois encontros casuais, encantou-se de seus dreadlocks. Mas a culpa consumiu a consciência, por isso às vezes se esquece do gosto. Jurou não mais ceder a própria insanidade, pois tinha medo de descer ladeira abaixo sem controle. Então, concentrou-se em manter seus pés e o resto do corpo distante de problemas... mas aquele chegou com pés de bailarino, e valsaram alegres por uma boa temporada. Ele lhe apresentou um espelho diferente daqueles que

Coluna 02 | LIVREMO-NOS! - Só Duas Coisas Que, Entre Tantas, Me Afligiram (Pequenas memórias) de Alice Vieira

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  coluna 02   Alice Vieira , em 2020, celebrou 40 anos de carreira literária. A jornalista portuguesa é uma das maiores e mais queridas escritoras da literatura infanto-juvenil da atualidade. Escreve com maestria não só livros direcionados ao público jovem, mas também excelentes contos, prosas, poesia e romances.  Só Duas Coisas Que, Entre Tantas, Me Afligiram  (Pequenas Memórias) de Alice Vieira Nas memórias que marcaram o meu mundo e nas nossas memórias colectivas, do nosso mundo português, só duas coisas que, entre tantas, me afligiram..., mas mesmo apenas uma ou duas, porque as lembranças de lugares marcantes como o bar do Rick, em Casablanca; o teatro Capitólio; o Santini, em Cascais; o irrequieto mar do Guincho; a redacção do Diário de Lisboa; a tertúlia do café Monte Carlo; o pequenino mundo que começava e acabava no boulevard Richard Lenoir, em Paris, não me afligiram. De todo. Entraram na minha vida e insistiram, teimosamente, em aí ficar a morar, acompanhando-me dia a dia, co

Cinco poemas de Gilda Portella Rocha | "Eu e os outros Eus"

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  StockSnap por Pixabay.   Cinco poemas de Gilda Portella Rocha Eu e os outros Eus Mendigo que há em mim Saúda o pedinte que há em ti Assaltante contido nos meus Eus Vibra na tua freqüência ladra Bêbado errante em mim Caminha junto ao seu cracudo Freqüento o prostíbulo Por que minha carne Sente o teu cheiro         Meus delírios de loucura Visitam a tua insanidade leviana Meus erros e fraqueza Se ligam ao teu fardo de culpas e medo Arrogância entremeada de mim Senta e ceia Junto aos teus flambados vaidosos   Reconheço a âncora que nos aprisiona Vejo a roda do leme em outras mãos Sinto as escotilhas se fechando A lua ilumina mares de paixões, vícios e ódios O farol indica caminhos que desconheço Quilha nos travestirá na roupagem de libélula Ouço transgredir-me Transmutada em flor de maracujá       Cadê tu, Catarina?   Pele reluz lumes O sorriso acalma a alma Ilumina passos apressados Vassoura navega na Catedral   Mãos ali