Conto | Reminiscência, por Jeane Tertuliano
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6S-As9Irunko-Hbcb8VQDS-CZPIGUF_HM7DqwB2a1a9syjA5DyGr5tPh5p6fPKAqCpx79i_2n_CqUNHSSIbvN1wjZD0wQxbfZK6_Z9_2RQG_SF73SEcNwwSniTMkPJKM8D9sFFZci3ApL/s320/image0.png)
|Coluna 06| EU VAGUEIO SEM SAIR DO LUGAR enquanto observo uma garota a brincar com o seu gato negro. Do alto do meu ser, eu avisto uma criança a correr, sorrindo bobamente... fecho os olhos e tento fazer com que essa sensação nostálgica evapore, pois nada é real no que vejo. Um ser pueril não pode se divertir de tal maneira estando emocionalmente em frangalhos. Deixando as janelas entreabertas, caminho até a minha cama e sento-me na beirada. Pesco Os Sofrimentos do Jovem Werther na cabeceira e o folheio; lágrimas lavam as minhas bochechas róseas enquanto me demoro no seguinte trecho: "Por que tem de ser assim? Por que o que faz o homem feliz pode tornar-se a fonte de sua dor?" Por quê?! — ouço a minha voz chorosa encher o recinto de melancolia. Passos se fazem ouvir do outro lado da porta e, apesar de o som ser demasiado reconfortante aos meus ouvidos, eu anseio fervorosamente não mais escutá-los. Deposito Goethe no seu devido lugar e rumo à porta, mas um tremor repentino me