Azuis como o fogo, cinco poemas de Solange Damião
      " Blue Strike, Acrylics on canvas", de Dacanal       ÂNSIA DE AZUIS     Toda vez que olho o mar   sonho ao encontrar-me defronte   de um mistério vasto, sinuoso,   de um mistério íntimo,   onde sons se esforçam por bradar,   por lhe sumirem do inaudível imo     Em frente ao mar eu desatino,   nesse silêncio de quem descortina   a vida da própria alma;   em frente ao mar sou um tu,   a outra parte de mim   a se batizar     Prendo-me a ti,   porque o desatino que me inunda   tem a sinuosidade dos teus traços:   fortes e marcantes   em que me transubstancio   ao mais profundo sentimento sem barragem     nesta ânsia de azuis do meu olhar.       "Mar mãe", de Catarina Machado     ESTA TARDE     Esta tarde a brisa toca as árvores e   um amor envolve as sementes. Se os sons   das folhas dançassem pelo chão, o caminho   guardaria o tempo. E se confessasses   o teu amor eu voaria até a copa   Assim, refugiar-me-ia em ti – tudo   por ter desejo de viver, porque o aconch...