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De Prosa & Arte | Por onde andei com a Literatura

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  Coluna 37 foto de acervo pessoal Por onde andei com a Literatura Eu sempre quis escrever. E de fato, não imaginava o quão longe eu caminharia, nos trançados que fiz entre as letras e os números.  Fui sempre mais ligada às letras, achava muito interessante a descoberta e a decodificação desse tal Alfabeto. Com os números travei brigas homéricas, pois ser sempre exata me causava um certo desconforto. Com as palavras, eu podia recriar outras lógicas, signos, mundos... Até que na adolescência me encantei pelos Astros e então comecei a calcular meus caminhos me guiando pelos corpos celestes e pelos cálculos possíveis da Numerologia. Não sou uma expert ou profissional, apenas uma amante desse Universo de possibilidades que dão significâncias a minha trajetória. Dois anos após escrever um poema chamado "Numerologia" que está na página 51 de uma boa ideia (meu primeiro livro publicado), o sonho se concretizou.  51 em sua soma é 6, número que rege o vil metal. Um signo numérico ex

MulherArte Resenhas 11 | "Virgínia" de Stéfanie Sande: estratégias de desarmamento - por Eduardo Mahon

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VIRGÍNIA DE STÉFANIE SANDE: ESTRATÉGIAS DE DESARMAMENTO  - Por Eduardo Mahon Vamos falar um pouco mais sobre o romance Virgínia , de Stéfanie Sande. Deixo assinalado que o livro pode ser uma grande descoberta, sobretudo no público mais jovem. O amor entre duas garotas é tratado sem a costumeira bandeira levantada, sem o rancor típico das resistências entrincheiradas. Considerando a leveza oriunda da naturalidade da relação, o enredo não sublinha aspectos traumáticos. Sim, é possível tratar do lesbianismo (e outras tantas emergentes pautas sociais) sem o recorte do conflito e do sofrimento. Nem por isso a obra será menos profunda. Em termos de narrativa, fiquei muito satisfeito ao ver a mudança de marcha no segundo terço da narrativa. A troca de vozes aponta para o amadurecimento da escritora. Não é fácil e não é comum ver essa alteridade realizada com sucesso. Em geral, quando não há planejamento, o livro fica sem pé nem cabeça. Virgínia nos oferece a dupla perspectiva, sem perder a l

Seis poemas de Thaíse Santana | Mulher-Palavra

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  Imagem de StarzySpri nger  por  Pixabay . Seis poemas de Thaíse Santana Mulher-Palavra Buenos Aires A cidade que dá as costas ao seu rio me sorriu e abriu os braços. De cortar o coração O som do violino corta meu ouvido corta meu sentido corta meu coração. Imagem de Si vonSasson por Pixabay.   Saudade grapiúna Para Ton, meu irmão eterno A felicidade corria pelas roças de cacau como era doce o fruto verde saboreado em boca preta pequena o tempo correu depressa e levou tudo embora sobrou o cacau maduro a amargar minha saudade. Preta Poeta Passo horas remendando palavras costurando versos imprimo meu corpo na tessitura do verbo que vai tingindo de preto a poesia dos meus sonhos. Imagem de Ganossi por Pixabay.   Mulher-Palavra Para minhas mais velhas Te leio me reconheço entre um verso e outro um silêncio profundo a palavra pulsa escrevo e na contramão do mundo me alimento de versos e sonhos. A cura Quando me descobri água lavei meu corpo a minha casa te arranquei de mim

Preta em Traje Branco | Um giro no atelier de Lelé Gomes

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Coluna 31 Um giro no atelier de Lelé Gomes A vida é de ser encontro. As múltiplas linguagens que traçam intertextos com a poética da existência. Lelé Gomes é uma multiartista. Uma criatura adorável no jeito, no trato e no fazer. É das descobertas multicolores, que imprimem versos visuais na paredes, papéis, mentes, no intangível, na virtualidade. Essa miscelânea cósmica do ser mulher e traduzir em Arte o olhar candura para o mundo. Por Guiniver  1          “Desenhando a poesia, poetizando o desenho”, 2020. Desenho em papel A4 (297x210mm) , 150 m/g², Aquarela e caneta nanquim (291x205mm) – Em meio ao isolamento social, ocasionado pela pandemia de 2020, sentir o toque da pessoa amada com o sabor do café é uma dança poética. 1.        “Nem vou citar o nome”, 2021. Desenho em papel A4 (297x210mm) , 150 m/g², canetas marcadores à base de solvente – A ilustração é um retrato @evesilva feito a partir de uma foto que postou nas redes sociais. Os dreads, óculos, a posição e o empoderamento da

De Prosa & Arte | Quando ela disse não

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Coluna 36 Foto by Maria Aparecida Castro Augusto Quando ela disse não Espera-se de nós gentileza, resiliência, paciência, candura, "postura", maternidade romântica, que sejamos "boas de cama", e que sejamos fiéis aos desejos do patriarcado. Ninguém nos conta, que dar conta do manejo de todos esses desejos alheios é capaz de tolher nossa caminhada, inibir nossa criatividade, imobilizar nosso corpo e frustrar nossos desejos. Daí a gente passa uma boa temporada numa trágica performance "feminina dócil". É sempre a última a sentar a mesa, nossas gargalhadas precisam ter um controle cirúrgico - não ser tão escandalosa que chame a atenção e nem ser tão miúda que nos torne  invisível - precisa estar no molde social ideal.  Usamos os banheiros com as crianças à porta, precisamos saber onde estão meias, cuecas, brinquedos preferidos, chupetas, o dia da reunião da escola, o motivo da nota baixa do filho mais novo. Saber separar por cor e textura as roupas do marido,

Cinco poemas de Kelly Midori | O universo da leitura

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  Imagem de  Free-Photos  por  Pixabay. Cinco poemas de Kelly Midori O universo da leitura Homenagem ao escritor Escrever desperta a imaginação Com muita emoção. Escritor é um herói Que nem um cowboy. Ele escreve muitas vidas, Mas nem todas são lidas. Eles criam muito lugares. Personagens e seus pares. Por isso, se você é um escritor, Você é um vencedor! Pois todo leitor Tem muito amor. Homenagem à leitura Ler livros é fundamental E genial. Você entra em outro universo E vamos para outro verso. Com a leitura você aprende E sente As emoções dos personagens. Expande a criatividade Sendo para qualquer idade, Ampliando a imaginação Impressionando qualquer barão. Portanto, leia sempre! Não vai se arrepender! Até deu vontade de ler. Imagem de Hermann Traub por Pixabay.   Harry Harry é o garoto que sobreviveu, Uma história se envolveu. Houve muita magia E bruxaria. Portanto, todos devem ler E conhecer Esse universo. E esse foi o verso. Mochileiro Havia um mochileiro Bem

Um poema de Imaculada Moura | Relembrando o Tempo de Criança

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  Imagem de Yuliya Harbachova por Pixabay.   Um poema de Imaculada Moura Relembrando o Tempo de Criança  Vejo a velha paineira,  dela tenho boa lembrança.  Minha paineira querida  fez parte da minha vida.  Era uma boa amiga,  mais linda quando florida.  Em sua sombra eu deitava,  olhava as nuvens e sonhava.  Sonhava acordada  vendo aquela beleza,  quando as nuvens se mudavam  com tanta delicadeza.  Ora era uma figura,  ora outra escultura,  e isso me encantava.  Quando olhava lá para o horizonte  via aquele grande monte,  parecia tão perto do céu...  a mente então voava  e batia forte as asas.  Lá em cima então eu chegava.  Com um bambu na mão, Só bastava um cutucão  para o céu se abrir  e bem rápido eu podia subir,  e até falar com Deus. Por que é assim o destino?  - Eu quero ser um menino!  E falava sem rodeio:  - Ser menina, eu odeio.  Pra menina tudo é feio,  pro menino é sem maldade.  Apesar da pouca idade  eu sentia a diferença,  e na doce inocência  eu tinha fé que um dia daria

Para não dizer que não falei dos cravos | Quatro poemas de Renato Suttana

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Coluna 22 Quatro poemas de Renato Suttana JOGO   Espetáculo vazio: minha mão sustinha a rosa, e a tua buscava o fio.   Espetáculo circense: na corda eu me equilibrava, e ignoravas o suspense.   Eu fazia uma pirueta no centro do picadeiro; e ias ao mundo, discreta.   Espetáculo deserto: eu dizia uma palavra, mas teu ouvido era incerto.   (Eu formava um pensamento de asa e cor na tarde morna; e tu fugias no vento.)   Espetáculo vazio: meu sentir batia à porta, e o teu ignorava o frio.     ABRO A MINHA PORTA   Abro a minha porta. Abro-a para ti, para que tu possas entrar.   Abro a minha porta para que entres na casa e para que possas morar nela comigo —   na minha casa situada próximo ao círculo dos gelos, quase alcançando o Polo Norte,   entre os esquimós: a minha casa com as portas abertas e as janelas.   Abro a minha porta para que possas amanhecer dentro dela, como a melhor palavra dentro da voz,   como o melhor sol dentro da mais clara manhã, ajudando-a a amanhecer quando chega o inv