Postagens

A POESIA DE LÍRIA PORTO | Projeto 8M

Imagem
(Líria Porto, por Carlos Magno Sena) 8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Hoje é dia da poesia - sempre profunda, contundente, espetacular - de LÍRIA PORTO : 1) ARTE  Existe um ipê-amarelo, floresce na minha serra. Antes da chuva ele explode, nada vi assim tão belo. Eu acho - o menino-deus esteve a brincar com ovo, sujou os dedos de gema e limpou a mão nas flores." (* poema publicado no livro Asa de passarinho ) -*-*-*- (capa do livro Asa de passarinho ) 2) ENQUANTO DURMO a poesia me pega no jeito enfia-me a agulha na veia retira uma tinta vermelha  e injeta uma azul escrevo um trevo                      em quatro folhas (* poema publicado no

De Prosa & Arte | Quando as máscaras caem

Imagem
  Coluna 36 https://pixabay.com/pt/users/anncapictures-1564471 Quando as máscaras caem É notório o acúmulo de sentimentos que disfarçávamos. Agora mascarados diariamente, horas a fio nestes dias densos de perdas e adoecimentos, olhos expostos são denúncia e premonição de fatalidades, são resenhas inteiras de insatisfação. A parte quase boa de não mais mostrarmos os dentes em largos sorrisos, é que precisamos de um esforço colossal para que sejam expressos no olhar os afetos. Sinto muito termos aprendido tardiamente a sorrir com os olhos, janelas da alma como diria um poeta, ultimamente esses labirintos de observação e lágrimas, são capazes de denunciar qualquer esboço de aflição e também a sutileza de nossos desejos.  Apartados de beijos e abraços, os olhos são capazes de nos esvaziar dos incômodos e das mazelas. Também podem nos impingir medo. E agora mascarados é que mostramos nossa verdadeira face. Ansiamos reencontros, desvelamos as angústias, isolados do mundo nos vimos a sós cono

Três crônicas de Jozieli Cardenal | Do livro "Árvores solitárias que encontramos pelo caminho"

Imagem
  imagem de ISIMSIZ por Pinterest Três crônicas de Jozieli Cardenal   Do livro  Árvores solitárias que encontramos pelo caminho ENTRE ESTAR E PERMANECER Na cozinha, acomodada na cadeira que precisa de conserto, o segundo momento mais alegre do dia: anoitecer, com a cabeça vazia de trabalho, banho tomado, minha única preocupação é comer um pedaço de bolo de cenoura e tomar o meu chá. Já faz um tempo que peguei o costume de ligar o rádio enquanto me concentro em não cometer nenhum ato de gula extrema. Hoje, ouvi ao acaso uma daquelas mensagens de motivação que antecedem a Voz do Brasil. Um homem imitando Cid Moreira leu um trecho bíblico do livro de Mateus. O texto afirma que basta uma fé do tamanho de um grão de mostarda para alcançar o impossível. Bonito. Indiferente de crer ou não, de ser cristão ou não, é inegável a beleza das histórias narradas na Bíblia. Nesse caso, um lembrete sorrateiro de que não há nada mais triste do que a desesperança. Mas evitá-la

UM TRECHO DE PREMIADO ROMANCE DE ROSÂNGELA VIEIRA ROCHA | VÉSPERA DE LUA | Projeto 8M

Imagem
fotografia do arquivo pessoal da autora 8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal)   Hoje é dia de homenagear a grande romancista Rosângela Vieira Rocha, com o primeiro capítulo de seu livro Véspera de Lua :  I Se pudesse destruir todas as pontes e dizer ah, estou aqui, eu vim, vim para o amor, todas essas frases cinematográficas e baratas, ou não tão baratas, as frases que selecionava de seus poetas prediletos e que escrevia nas primeiras páginas dos livros, nos cadernos, há anos, muitos. Pudesse dizer isso sem culpas e agir solta, um bicho. Entregar-se uma única vez a um grande impulso e esquecer a idade que tem, os anos, tantos, que peso, e quer a le

Prosa Poética | Sinônimo de Resistência, por Jeane Tertuliano

Imagem
|Coluna 13| Eu escrevo como quem ama: mergulho de corpo e alma nas entranhas da poesia. O amor diz muito sobre o ofício de uma poeta, pois não é por dinheiro que produzo a minha arte, mas sim pelo que sinto quando versejo com o coração. Beirando o meu sexto livro, escrevo com mais afinco. A vida parece enfim ter sentido, e isso significa tudo para mim. Ser mulher é um ato de coragem. Ser uma mulher que produz literatura às vistas de uma iminente ditadura, é uma proeza que por si só faz implodir a medonha estrutura da sociedade machista, golpista e tirana. Eu sei que divago demais, mas ser poeta é isso mesmo: é traduzir tudo que me fere a alma o tempo inteiro. Não sei viver se o sentido preestabelecido for ser feliz num padrão contido pelos vãos que ecoam nos lares do mundo infindo. Mulheres não se calam quando têm razão e sonhos. Os opressores podem até espernear, mas se a própria ciência aponta que somos a maioria, não há sentido algum em negar a soberania da nossa existência. Escreve

Pés Descalços 07 | Achadas e Perdidas

Imagem
Achadas e Perdidas Certa vez ouvi uma pessoa dizendo que as mulheres que moram em uma comunidade, na zona rural, perto do sítio onde minha mãe cresceu eram conhecidas como “Mariadizéfa, Mariadipedro, Mariadijão, Mariaditonho...” Interrompi a conversa, perguntei por que tantas mulheres da redondeza tinham nome que começava com Maria e a pessoa respondeu: “Maria era o nome dado às mulheres daquele lugar, mas acrescentava-se os nomes dos maridos no final, para que todos soubessem de quem elas eram, ou de onde vinham.” Lembro de um caso de uma vizinha, órfã de mãe, desde adolescente que cuidava da família. Limpava a casa, lavava, passava, cozinhava e cuidava dos irmãos mais novos, até do mais velho, além do pai, viúvo. Família que teve de lidar com os preconceitos que os seguiam desde quando a falecida contraiu tuberculose. A caçula era uns cinco anos mais nova que eu. Éramos aconselhadas a não beber água no mesmo copo, não ter contato físico, evitar que falassem perto de nós. Quando em

Cinco poemas de Renata Dalmora | Do livro "O Canto Sedutor dos Mortos e Outras Ressurreições"

Imagem
    Ilustração de i.pinimg.com por Pinterest  Cinco poemas de Renata Dalmora  Do livro O Canto Sedutor dos Mortos e Outras Ressurreições   SER MULHER E SEGUIR ADIANTE Te trarei o que te falta E depois, Criará suas ilusões, Fundadas na imagem de mulher Que o mundo te incutiu desde sempre. Verá poesia e confundirá com mistério O mistério que te alimenta os enganos. E depois de se confrontar Com você mesmo, (Inconscientemente, como fazem os homens) Me achará inadequada e louca E eu darei graças aos Deuses e Deusas Por ser mulher e seguir adiante. * Imagem de fennaelena.tumblr.com por Pinterest   CONSTRUO UMA CASA COM FRAGMENTOS DE MIM  Uma janela e um cão Que me conhecem, Parece, Mesmo antes que eu me conheça. Têm, agora, As luzes e o calor voltados para mim Antes mesmo que eu conheça a a luz e o calor. Alguma coisa Muito frágil e muito bonita Envolve essa janela e esse cão Algo, que só se pode tocar Estando também vulnerável. Quase sinto outra vez O que é simplesmente estar Para o que qu