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Um conto sensível e instigante - por Divanize Carbonieri

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Laurent Folco MESA-REDONDA  por Divanize Carboniere   Olhando a foto, tenho a impressão de que existe certa deformação em meu corpo. Não é apenas o caso de ser feia. É mais do que isso. Um corpo que parece errado de qualquer modo, quase uma monstruosidade. Todas as outras estão bem, se não bonitas, pelo menos sem nada na aparência que as desabone. Uma mulher vale pelo quanto aparenta bem. Uma mulher não vale nada realmente. O que importa se tem boa aparência ou não? O máximo que se pode almejar sendo mulher é merecer ser estuprada. Tudo o que se pode desejar é ser uma bela tolinha, já se sabia faz tempo. Mas nem sempre é possível, por mais esforço que se faça. Não para todas. Algumas aparentam estar apaziguadas em relação a tantos padrões. Provavelmente nem é toda a verdade. Mas nunca experimentei sequer um verniz desse conforto. Sempre em guerra com minha imagem, evitando espelhos e não olhando para baixo ao tomar banho. O corpo, o grande inimigo. Campo de batalhas perd

Giselle Ribeiro, uma poeta líquida e amazônida, correndo em outros rios e terras.

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exercício de ser adulto o pai ontem escreveu uma carta esquisita amigo Wolfgang, não durou muito meu casamento com a Vida agora ando flertando a Morte depois disso vestiu as palavras todas com um envelope e foi fazer chegar ao destinatário nunca mais voltou. diz-se que no caminho estourou o coração de amor pela sua nova namorada.       *** leia a bula outro dia eu fiz uma arapuca para pegar palavras vivas em estado de poesia. nela botei esse meu velho coração ele era a isca uma palavra caiu bem dentro da boca da isca. passei a noite com dor no peito cedo minha mãe me levou ao consultório do Dr. Manoel. ele arrancou graveto por graveto da arapuca e disse tire essa criança da escola lá ela só vai aprender a aprisionar palavras tire essa criança da escola caso contrário a poesia há de estourar-lhe o peito já medicada eu saí de lá cantando feito um passarinho       *** conselhos del mar

A poesia "Vermelha" de Dairan Lima

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Obra de Carlos Sena Passos VI O ritual do amor são vestes jogadas ao chão A tua olheira de prata e um olhar inquisidor. XVIII Sou apenas pó e sinto falta de ar. XIX A vida saía de nossa boca e o encontro era a canção. Um dia, você enrodilhou a estrada colocou-a no bolso e foi assobiando. Eu, engasgada, furei os olhos. xxv Moços todos que passam trepados nos seus motores, suplico: casai comigo, que sou bela virgem santa. Moças todas que desfilam com seus vestidos de gaze, imploro: dormi na minha cama assassina. Moços e moças, é urgente o meu pedido - como fosse ordem divina - não terrestre: -acariciai o meu sexo desgraçado! Obra de Carlos Sena Passos XXX 3/10 Algumas cicatrizes. Eis a essência de meus pertences. Uma cicatriz no supercílio esquerdo, uma taça de cristal quebrada. 4/10 Um presente: o vestido de ninfa que doei à empregada. Um breve encolher de ombros, a vida inteira qu