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Maria - um conto de Helena Arruda

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  Monika Luniak Maria [ por Helena Arruda ]             As maritacas cantam nas mangueiras da janela. O som estridente vem carregado de cheiros de uma infância feliz. Pouco me recordo da minha infância. Mas me lembro do velho abacateiro nos fundos da casa da memória . Reminders , diria certo filósofo francês. A memória é casa habitada. Ouço o som das folhas da mangueira. Essa é a infância do meu filho. Sinto o cheiro da infância dele se reescrevendo sobre a minha, como num palimpsesto. Leio Elvira Vigna, uma mulher que soube assumir suas dores na solidão da escrita. Tenho medo de não poder escrever meus tantos livros que moram em mim.  Paro. O vento e as sombras entram pela minha janela. Meus pés e pernas florescem rendados pelas folhas e galhos das mangueiras que balançam ao sol da tarde através da cortina. O sol invade meus pensamentos e me aquece. Tenho medo de não poder sentir mais essa sensação. Penso que a sinto agora. Estou no tempo presente. Mas habito outros tempos e outro