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A POESIA DE HELENA ARRUDA | Projeto 8M

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fotografia do arquivo pessoal da autora   8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal *) Leia a poesia sempre impressionante de HELENA ARRUDA : 1) NAUFRÁGIOS  sobre o mar ondulante minha embarcação segue à deriva. sou obrigada a pegar o leme e a jogar no mar tudo o que não quero, na tentativa de flutuar um pouco mais. o barquinho segue afundando : água por todos os pequenos orifícios. sou minha própria embarcação. não cabem nela desassossegos desmemórias desviveres. vivo. subo na proa e tento encontrar a ilha, mas descubro com saramago minha existência : cruzo as fronteiras do pensamento e atravesso sem cessar as tempestades. na linha do horizonte alaran

Maria - um conto de Helena Arruda

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  Monika Luniak Maria [ por Helena Arruda ]             As maritacas cantam nas mangueiras da janela. O som estridente vem carregado de cheiros de uma infância feliz. Pouco me recordo da minha infância. Mas me lembro do velho abacateiro nos fundos da casa da memória . Reminders , diria certo filósofo francês. A memória é casa habitada. Ouço o som das folhas da mangueira. Essa é a infância do meu filho. Sinto o cheiro da infância dele se reescrevendo sobre a minha, como num palimpsesto. Leio Elvira Vigna, uma mulher que soube assumir suas dores na solidão da escrita. Tenho medo de não poder escrever meus tantos livros que moram em mim.  Paro. O vento e as sombras entram pela minha janela. Meus pés e pernas florescem rendados pelas folhas e galhos das mangueiras que balançam ao sol da tarde através da cortina. O sol invade meus pensamentos e me aquece. Tenho medo de não poder sentir mais essa sensação. Penso que a sinto agora. Estou no tempo presente. Mas habito outros tempos e outro

Corpos-sentidos | Lançamento de Helena Arruda

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A poeta, contista, ensaísta, doutora em Literatura , Helena Arruda , em meio a esse período caótico de pandemia, brinda-nos com o novo livro, " Corpos -sentidos " com belíssima capa da também escritora e artista plástica, Deborah Dornellas, pela Editora Patuá. * Um dos  poemas do livro Roupas velhas minha dor são flores descoloridas [do meu jardim] que duram o tempo necessário [saturação] parto e permaneço aconchegada a mim meu corpo, pedra áspera à mercê das águas da cachoeira [espera] equilíbrio e falta, estar e não-estar sou pedaços de roupas velhas cerzidas pelas agulhas do tempo vejo todas as veias pulsando na imensidão do meu corpo: [pulso-sangue] [mundo-pulsa] vivo na emboscada da vida minhas mãos envelhecem à medida da minha dor meu corpo é dor e desejo, viço e cansaço [grito] *** Trecho do Prefácio O novo livro de poesias Corpos-sentidos começa com uma afirmação política, que

Amor/Vida/Resistência - cinco poemas de Helena Arruda

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Isabel Emrich   Cinco poemas inéditos do livro  Corpos-sentidos   Amor sei que é possível transcender pequenezas transcendo o azul-griverdoso dos seus olhos baços e sigo [lutando] a vida é mais que existência a vida, meu amor, é resistência. Holly Irwin Mulheres o meu mundo é habitado por Mulheres parideiras, rainhas, princesas e gatas borralheiras o meu mundo é habitado por Mulheres sofridas, vendidas, comidas, vividas o meu mundo é habitado por Mulheres guerreiras, bandidas, prostituídas, mutiladas, desguarnecidas o meu mundo é habitado o meu mundo é se não for, invento um mundo invento um mundo que seja um mundo só um mundo um mundo pra mim. Monika Luniak Morro um pouco todo dia clarões me invadem nessa manhã fria e cinzenta de domingo olho o arvoredo do bosque que me abraça e penso que as árvores me dizem coisas de repente, vem uma tormenta e meus pensamen