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Mostrando postagens com o rótulo Literatura brasileira

Um olhar poético - por Mariana Belize/4 poemas

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Carmen Luna Cavo pouco a pouco um buraco no quintal para enfiar dentro dele a mulher desiludida. *** quilates tradição e linhagem um de nome outra de sangue alheio no combate que não estive lava a honra no sangue e na espada fracamente a luz balança na casa onde a mãe e a menina se mantém cativas honra e glória para a posteridade do homem que primeiro assinou um papel de seu desejo a propriedade quem dera voltar no tempo e resgatar minhas delicadezas impossivelmente real como a padaria do outro lado da rua fechada sem tabuleta na porta sem ninguém que venda o pão sem alguém que olhe aqui pra mim neste quarto e me faça erguer os braços agradecendo por estar viva nada disso que mulher só fica vai ficando permanecendo cada vez mais quieta sem deixar rastros nem palavras catando etiquetas poeiras e as palavras já vai esquecendo permanece propriedade de outro. descansa, amor, dessa aflição

Giselle Ribeiro, uma poeta líquida e amazônida, correndo em outros rios e terras.

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exercício de ser adulto o pai ontem escreveu uma carta esquisita amigo Wolfgang, não durou muito meu casamento com a Vida agora ando flertando a Morte depois disso vestiu as palavras todas com um envelope e foi fazer chegar ao destinatário nunca mais voltou. diz-se que no caminho estourou o coração de amor pela sua nova namorada.       *** leia a bula outro dia eu fiz uma arapuca para pegar palavras vivas em estado de poesia. nela botei esse meu velho coração ele era a isca uma palavra caiu bem dentro da boca da isca. passei a noite com dor no peito cedo minha mãe me levou ao consultório do Dr. Manoel. ele arrancou graveto por graveto da arapuca e disse tire essa criança da escola lá ela só vai aprender a aprisionar palavras tire essa criança da escola caso contrário a poesia há de estourar-lhe o peito já medicada eu saí de lá cantando feito um passarinho       *** conselhos del mar

Até onde as palavras nos levam - Chris Herrmann

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 07 Até onde as palavras nos levam  - elocubrações & improvisos por Chris Herrmann Em 1989 passei por uma das situações mais engraçadas, e ao mesmo tempo, mais constrangedoras da minha vida. Participei de um concurso de frases de humor promovido pela Rádio Antena 1, do Rio de Janeiro. Mandei pelo correio cerca de 110 frases no tema proposto ("eu sou do tempo que...") e venci. Ganhei um aparelho de videocassete que eu tanto sonhava. Naquele tempo era novidade e custava caríssimo. Meu companheiro, na época, filho de portugueses, não se importou da frase vencedora ser uma sátira justamente com portugueses! Eu não imaginava (embora desejasse muito) ganhar o concurso, muito menos que aquela frase seria a escolhida. Então, dias depois, num almoço de aniversário na casa da tia dele, toda a família portuguesa estava reunida. Eles me deram os parabéns pelo prêmio e meu companheiro insistiu para eu contar sobre a fra

Resenha do livro infantojuvenil de poemas, POEMEAR DE PERNAS PRO AR, de Adriana Barretta Almeida

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(ilustração da capa: Thomas Almeida Warren) PORQUE A POESIA QUER CAMBALHOTAS DE FAZER ENORMES ALEGRIAS! por Nic Cardeal  POEMEAR DE PERNAS PRO AR (Curitiba/PR: Insight, 2018) é um lindo livro infantojuvenil de poesia, escrito por ADRIANA BARRETTA ALMEIDA  e incrivelmente ilustrado por seu filho THOMAS ALMEIDA WARREN . Não é um livro lindo só para crianças, também é livro lindo de encantar adultos (e suas crianças que moram por dentro!). Adriana tem o dom de 'poemear' as palavras de um jeito tão bonito, que qualquer coisa vira verso, e depois do verso fica delicioso fazer desenho - na própria folha, no verso ou até no avesso do verbo! Ou ao contrário: um desenho surge de repente do menino Thomas e, já sai logo animando toda a turminha das palavras moradoras da Adriana! Bem faceiras - as palavras e a Adriana! -, querem logo 'poemear' a brincadeira! Porque Adriana sabe "(...) que poema colore a gente/com a cor do pirilampo/em dia que a noite venta./