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Mostrando postagens com o rótulo Literatura brasileira

O DUPLO - um conto genial de Sonia Nabarrete

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Acrílico sobre tela de Wil Shepherd O DUPLO por Sonia Nabarrete O cientista decidiu construir seu duplo, que foi desenvolvido absolutamente à sua imagem e semelhança. A mesma aparência, a mesma personalidade, ele mesmo em dose dupla. A ideia é que o duplo ficasse com as atividades chatas, como acordar cedo, trocar pneu, discutir a relação, participar do almoço de domingo na casa da sogra, pedir empréstimo no banco, pagar impostos, ir à assembleia do condomínio, acompanhar a mulher nas compras. Ele ficaria apenas com o que é gostoso: comer e beber bem, viajar, ter uma vida cultural intensa, encontrar-se com a amante fogosa. Assim foi feito. O único problema era acertar as agendas porque ambos não poderiam ser vistos simultaneamente em lugares diferentes. Nem precisa ser cientista para saber disso. Qualquer estudante de Física sabe que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. O cientista tomou precauções e a sua vida se tornou o sonho de qualquer homem. M

Resenha do livro infantojuvenil NO RISCO DO CARACOL, de Maria Valéria Rezende

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(ilustração da capa: Marlette Menezes) UM CARACOL RISCOU MEU CORAÇÃO   por Nic Cardeal  Caracol é um molusco terrestre, que carrega nas costas uma concha em espiral - quase uma casa ambulante. Ele anda levando a concha sempre consigo e, quando necessário, guarda-se todinho dentro dela - é sua melhor proteção em momentos de perigo. Caracol também é um habitante do jardim de 'uma tal de Maria', que adora escrever haicais, 'quase haicais', romances, e tais e tais! Multiarteira essa tal de Maria! NO RISCO DO CARACOL é um livro infantojuvenil (poesia/haicai) escrito por 'essa tal de Maria' -  MARIA VALÉRIA REZENDE  - em 2008 (3a. edição em 2011, Belo Horizonte/MG: Autêntica), e lindamente ilustrado por Marlette Menezes. Foi vencedor do Prêmio Jabuti 2009 - 2° lugar na categoria infantil. A autora escreve, em forma de haicais e de 'quase haicais', sobre 'coisas' encontradas em seu jardim logo depois de uma chuva. Como ela di

Resenha do livro infantojuvenil ASDRÚBAL, de Silvana de Menezes

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(ilustração da capa: Silvana de Menezes) A INCRÍVEL VIAGEM DE ASDRÚBAL! por Nic Cardeal  ASDRÚBAL é um livro infantojuvenil (conto) escrito e lindamente ilustrado por  SILVANA DE MENEZES , publicado pela Editora Canguru (São Paulo, 2017). Asdrúbal é um menino de 6 anos, que habita o planeta Duotoni, onde tudo e todos são feitos de apenas duas cores. Seu melhor amigo é Aníbal, uma espécie de animal de estimação híbrido, nascido de um ovo, com "cabeça de peixe, asas de galinha, bunda de abelha e rabo de burro" (MENEZES, 2017, pg. 11), e que cresce muito mais rápido do que os demais habitantes do planeta Duotoni, inclusive, muito mais depressa do que o menino Asdrúbal! Asdrúbal é muito curioso acerca do espaço, do universo, das estrelas e dos planetas. Por isso passa a maior parte de seu tempo livre, depois da escola, no telhado da casa onde mora, olhando para o alto, sonhando com o alto, imaginando os diversos mundos bem distantes naquele alto. Até que um

Resenha do livro de Danielli Cavalcanti, FLOR DE LINZ

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UM CAFÉ COM FLOR DE LINZ, POR FAVOR! por Nic Cardeal  FLOR DE LINZ é um livro bilíngüe (alemão/português), escrito por DANIELLI CAVALCANTI em 2016, com 2ª edição em português publicada em fevereiro/2017, e 3ª edição em 2019. Danielli vive atualmente em Kolding, na Dinamarca. Nesse romance, entremeado de suas próprias experiências durante o período de 10 anos vividos em Linz, na Áustria, Danielli conta a história da personagem principal, Rosa Cipó. A autora, na realidade, exerceu atividade profissional junto a uma ONG de e para migrantes. A ideia de transferir, no livro, seus  contatos com migrantes na ONG para o ambiente de uma cafeteria, por meio da personagem Rosa, foi justamente para dar maior sensação de acolhimento às mulheres brasileiras chegadas à cidade, assim como a outros(as) estrangeiros(as) ali residentes ou de passagem temporária. Assim, a tarefa primordial do Café Flor de Linz no livro é a de acolher mulheres brasileiras necessitadas de apoio, de co

A prova de piano - Crônica de Chris Herrmann em co-autoria com Roberta Gasparotto

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 06 por Chris Herrmann Antes de começar a história verdadeira que vivi na época da minha adolescência no Rio de janeiro, preciso falar do llindo projeto literário da escritora Roberta Gasparotto* . Chama-se: “diga-me uma história e eu conto sua memória“ . Ela ouve/lê nossa história e reconta com suas próprias palavras. Um projeto lindo e bem original que me deixou honrada em ser uma das convidadas. Quem quiser participar é só entrar em contato com ela pelo messenger ou pelo e-mail: robertagasparotto16@gmail.com * Roberta Gasparotto nasceu em Passo Fundo e mora atualmente em Brasília. Estudou Psicologia na UniCEUB.  Agora vamos à história: A prova de piano de Chris Herrmann, recontada por Roberta Gasparotto Quase nem acreditei quando  passei na prova de admissão para o Conservatório Brasileiro de Música. Afinal, estava concorrendo à cobiçadíssima vaga de bolsista integral. Apenas uma vaga, para centen

O martelo de Adelaide – Marília Kubota

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MOSAICO Coluna 02    –  Resenha O martelo de Adelaide por Marília Kubota O martelo (Garupa, 2017), de Adelaide Ivanóva, recorre à metáfora de uma ferramenta considerada arma branca entre os povos primitivos. Na Revolução Industrial, torna-se  símbolo da classe operária: é um instrumento para pregar pregos. Na era moderna, ao lado da foice  do camponês, transforma-se no ícone da bandeira comunista. Há duas referências  para as  quais o livreto (com 82 páginas e   29 poemas) aponta.  O martelo do juiz, que  representa o poder de proferir sentença nos tribunais, batendo com força em vítimas de estupro e o livro O   martelo das feiticeiras , manual no qual a Inquisição da Igreja Católica   se baseava para caçar hereges, entre eles, “mulheres que haviam feito pacto com o demônio” ou adúlteras.  O livro amplifica estas duas vozes, a da estuprada e a da adúltera. Estas mulheres, segundo o  Imperador   Constantino, eram consideradas foras-da-lei. As vozes femininas são an

Podcast - Pod Ser MulherArte

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Pod Ser MulherArte  por Chris Herrmann O Podcast da Revista Ser MulherArte é uma das novidades que reservamos para todas e todos que têm acompanhado nosso trabalho coletivo no site, no Instagram e no Facebook. Autoras e leitoras/leitores: agora teremos também ouvintes. Nosso Podcast está hospedado no site Anchor.fm e também está disponível no Spotify. A URL do Pod Ser MulherArte é: http://anchor.fm/podsermulherarte e o link para o Spotify: AQUI Podemos ser ouvidas lá e aqui na revista também, como trago abaixo as duas primeiras faixas: minhas boas-vindas e a segunda, o poema ‘Fendas’ lido pela autora Maya Falks . Nosso Podcast está disponível nas seguintes plataformas: Esperamos que apreciem nosso Podcast que, em breve, estará com muitas novas faixas de autoria de mulheres, seja no gênero poesia, crônica, conto, prosa poética, humor,  bem como música.

Uma crônica dos sentidos, por Nic Cardeal

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(imagem do Google) LISTA DE DESEJOS por Nic Cardeal Eu não quero só a flauta. Eu quero a música que mora dentro da flauta. Cada nota escondida em sustenidos sentidos. Eu quero os acordes da poesia virando canção - e a voz que a faz palavra entoada. Sim, sou egoísta por querer a flauta e a moradora da flauta.  Eu também quero a vida que atravessa a palavra. Sorver até a última gota esse silêncio que sufoca a garganta e impede a voz de ser o órgão febril da palavra. Eu não quero apenas a mão que ergue a caneta e escreve a palavra. Eu quero a alma que percorre a mão, eu quero o gesto, o verbo, a liberdade voando solta nas asas da palavra - tão fugidia. Esguia. Esgueirando-se sorrateira no teu olhar de mistérios. Sorrisos soltos em silêncios tão sérios. Eu não quero apenas a roupa da carne. Eu quero o corpo, o osso, a veia repleta de vivo vermelho, a seiva que alimenta o peito e lateja o doce e o amargo. Eu quero conhecer tua ferida. O corte da pele, o sangue jorrand

Uma mulher admirável - homenagem à Ana Elisa Ribeiro

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Foto: Sérgio Karam Ana Elisa Ribeiro - mulher de muitas artes e talentos por Chris Herrmann Conheci a Ana Elisa, primeiro virtualmente há alguns anos. Desde então acompanhava pelas redes uma parte da sua atuação como escritora/poeta, professora, pesquisadora, editora e agitadora cultural. Admirava há tempos seus talentos, dedicação extrema e seriedade junto aos seus projetos de trabalho , bem como sua responsabilidade e carinho com seus alunos, amigos, e principalmente com seu filho. Minha admiração cresceu ainda mais quando selei essa amizade pessoalmente em Maio de 2018, quando estive em Belo Horizonte para lançar um livro.  Em Belo Horizonte, com Ana Elisa Ribeiro Maio, 2018 Nosso encontro foi na Livraria da Rua, que ainda não tinha tido o prazer de conhecer. A sugestão foi da própria Ana Elisa. E foi perfeita. Muita animação, mil livros para se apaixonar, pessoas interessadas em cultura enchendo a livraria e a rua. E, de quebra, um show ao vivo do Clube da Esqui