O DUPLO - um conto genial de Sonia Nabarrete
Acrílico sobre tela de Wil Shepherd O DUPLO por Sonia Nabarrete O cientista decidiu construir seu duplo, que foi desenvolvido absolutamente à sua imagem e semelhança. A mesma aparência, a mesma personalidade, ele mesmo em dose dupla. A ideia é que o duplo ficasse com as atividades chatas, como acordar cedo, trocar pneu, discutir a relação, participar do almoço de domingo na casa da sogra, pedir empréstimo no banco, pagar impostos, ir à assembleia do condomínio, acompanhar a mulher nas compras. Ele ficaria apenas com o que é gostoso: comer e beber bem, viajar, ter uma vida cultural intensa, encontrar-se com a amante fogosa. Assim foi feito. O único problema era acertar as agendas porque ambos não poderiam ser vistos simultaneamente em lugares diferentes. Nem precisa ser cientista para saber disso. Qualquer estudante de Física sabe que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. O cientista tomou precauções e a sua vida se tornou o sonho de qualquer homem. M