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Mostrando postagens com o rótulo Literatura brasileira

De epitáfios e pétalas flutuantes - Chris Herrmann

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Arte de Luciane Valença De epitáfios e pétalas  - poemas e prosas poéticas de Chris Herrmann Todos vamos morrer de alguma coisa.  Eu queria morrer de poesia. ꧁ ☬ ꧂ Contracapa quando eu morrer - se for de poesia - não se esqueçam  de virar a página! ꧁ ☬ ꧂ Epitáfio I enfim, a superlua em alta resolução Epitáfio II Farfalhei leve entre as flores, e levando a lembrança de todos os meus amores, vou sem pesar. Epitáfio III foi um Rio que (sempre) passou em sua vida apesar dos amares a dividirem apesar dos poemas a afogarem apesar dos pesares a penas a levarem ꧁ ☬ ꧂ Das Asas antes do último suspiro, ele rascunhou o epitáfio: "aqui jaz apenas um ser humano como outro qualquer: como um outro homem como uma outra mulher" seu companheiro mandou acrescentar na lápide: "tão humano que dá pena que dá asas de saudade que a saudade é tanta que jaz não me c

Resenha do livro MIL MULHERES CABEM EM MIM, de ROBERTA GASPAROTTO

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(ilustração da capa: Lana Queiroga) QUANTAS MULHERES CABEM EM TI? por Nic Cardeal ROBERTA GASPAROTTO estreia no universo literário com MIL MULHERES CABEM EM MIM (Brasília/DF: Sguerra Design, 2019), um 'livro-aventura pela vida', uma viagem de múltiplas dimensões - mergulhos femininos no aqui-agora, no antes e no depois, a palavra costurando a vida no resgate das emoções diante da realidade. Roberta tem fé imensa, quase eterna, na vida que se materializa nos acontecimentos diários do mundo, bem por isso não por acaso foi muito bem escolhida a epígrafe que abre o livro: "Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo outra vez"  (Caio Fernando Abreu). É um livro de desejos - que todas as mulheres caibam em si - porque cada uma é muitas, é todas, todos, tudo. Roberta escreve como quem bate um papo d

A poesia espetacular de Micheliny Verunschk

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Arte de Luciane Valença Seis Poemas de Micheliny Verunschk   OLHE PARA MIM Fang  Yin olhe para mim a lua é uma flor que explode  
 em pétala 
 e um jasm im  
 gravita 
 em torno  
 de um diminuto 
 planeta Terra  
 olhe para mim 
 toda luz 
 reside à flor da alma 
 na paciência 
 que tece 
 n um campo inteiro 
 um único botão de malva 
 olhe para mim 
 há um jardim 
 para além da tua casa. Yosefa olhe para mim 
 há um jardim 
 para além dos territórios do esquecimento uma promessa 
 pousada 
 sem fim nem tempo olhe para mim 
 entre nós  
 uma única palavra 
 e olhos que se espelham 
 numa gota d'água 
 dois corações 
 abertos 
 como um par de asas 
 olhe para mim 
 há um jardim 
 para além da tua casa. ꧁☬꧂ você já observou uma mulher que escreve durante o ato da escrita? já viu como emana dela luz e poder que não são de outra estrela senão dela mesma e do que conseguiu an

Duas prosas poéticas e irreverentes - Chris Herrmann

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Arte de Luciane Valença Nietzsche conto! Dia desses, fui tomar um Schopenhauer e degustar um Platão de batatas fritas. Na hora de pagar, não tinha um Mileto sequer. “Descartes o cartão de crédito, pois só aceitamos dinheiro”, disse o Euclides. “Meu Deleuze”, pensei! Voltaire a mexer na minha bolsa como quem tira e Sócrates tudo no mesmo Kant e nada! “Você é uma Sêneca!”, Foucault em mim um sujeito cheio de Spinoza no rosto. Respondi que não faço isso por Hobbes. A coisa ficou Rousseau!! Nisso, quando pensei que me Freud toda, o Hegel do meu amigo apareceu e pagou tudo em Marcuse alemão. E o Euclides: Sartre fora! Arte de Luciane Valença Caderno de notas etílicas Ouvia que Brahms era um bom Vivaldi e adorava um Chopin com os amigos. Fiquei Verdi! Antes que alguém reclamasse que me Debussy na mesa depois de Dvorák todo o estoque do Bach... Fui lá, Paganini a conta e sumi da Ária.

Uma Mulher Admirável - Maria Valéria Rezende - Homenagem especial

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SOBRE ELA A Revista Marie Claire, em uma entrevista feita com Maria Valéria Rezende , colocou como título: Freira, escritora e feminista, o que seria uma boa descrição. Mas para essa mulher admirável, as descrições e biografias são sempre limitantes para o seu “vasto mundo”. Essa freira, escritora, feminista, que hoje reside na Paraíba e até ganhou título de cidadã paraibana. também esteve em tantos “outros cantos”. Deu a volta ao mundo quatro vezes, alfabetizando adultos e crianças. Mais que isso, educando pessoas para a possibilidade de ser mais, através da educação como missionária. Morou em vários países: China, Argélia, México e Timor Leste. Teve importante papel de mulher de luta nos tempos sombrios da ditadura militar no Brasil, escondendo companheiros e ajudando a libertá-los. Essa mulher destemida, que diz ter começado a ser conhecida por não ter medo de nada, que escreve muito e a partir de 2001 começou a publicar e ganhou muitos prêmios. Essa mulher que

A lucidez do amor - crônica de Chris Herrmann

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 05 A lucidez do amor por Chris Herrmann Meu pai era machista, fruto da educação que recebeu e das suas próprias limitações. Cometeu muitos erros, embora tenha tido seus momentos de acertos. Eu tinha uns 17 anos, quando naquele dia ele retornara do hospital após um derrame (hoje chamado de AVC). Ainda com dificuldades na fala e com um olhar humilde como eu nunca tinha visto antes, ele me disse: - Minha filha, você é uma moça inteligente. Não sei se vou viver por muito tempo (e não viveu mesmo). Continue a se dedicar aos estudos e trabalhe e lute. Sei que você irá longe. Nunca se submeta a um homem. Nunca seja dependente de alguém. Se um dia você se unir a um homem, que seja de igual para igual. Só assim você poderá ser feliz. Sei que não tenho muito tempo para consertar meus erros. Mas você tem todo o tempo do mundo para seguir um caminho mais justo que o da sua mãe. (Eu o abracei e nossas lágrimas selaram aquele mo

Poemas e prosa poética de Nic Cardeal - por causa da Mulher

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Fotografia de Paulo H. Camargo Batista REDEMOINHOS Tua mão na rede não é peixe - nem espere que eu te diga onde fica a isca. Que diabo de poeira essa a turvar os olhos, a alma, os sentidos, não sei dizer se 'inda te acredito quando vens depois das seis, de mês em mês, e esqueces o chapéu sobre o jornal. Tua mão na minha garganta gasta é como sede escondida depois da seca. Nem espere que eu te dê a minha veia, se já não sabes beber a minha sina, se não deitas a alma em minha cama, e nem te lembras do meu nome depois da mesa. Que sinal de fim de tempo esse quando te demoras na esquina, esperando um vento, um torvelinho, uma onda em espiral - redemoinho de saudade - (foi assim que me disseste quando abriste a porta e jogaste a chave). Nunca mais pé de vento - foi apenas um temporal que passou em minha vida ao largo do caminho sem saída. Tua mão na rede nunca foi anzol. Arte de Adam Martinakis JÁ DEU FLOR Eu sou o mi