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UM POEMA DE MARIA DOS NAVEGANTES QUEIROZ

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Poema em homenagem a  Valdeci de Andrade Gomes fotografia do arquivo pessoal da autora I A casa de taipa adormece em Guamaré. De madeira, cheia de sombras verdes. Estrelas através do crepúsculo na maré. Sonhos de pescadores seguros nas paredes. Nas tábuas de um aparador desbotado humildes pratos repousam como amigos. Uma rede, com cores de um tempo passado, estende-se perto dos colchões antigos. Há nove crianças, almas jogadas ao vento. O fogão de lenha, com chamas dos trópicos, curva-se diante do teto sem mantimentos, em rezas de joelhos para Santa Conceição. E, lá fora, redemoinhos de poeira dançam. No céu, os ventos, as dunas, o coração. Na sombra, as ondas do mar soluçam. II Um homem no mar.  Desde criança, marinheiro, seu corpo se lança na batalha rumo ao acaso. Na máquina do Mundo, ele deve ir primeiro, seus filhos estão com fome, sem atraso. A água sobe os degraus da ventura humana. Sozinho, governa seu barco com quatro velas. A mulher em casa, costurando a lona insana, remontan