Meus anos de hikikomori | Marilia Kubota
MOSAICO Coluna 03 – Crônica Meus anos de hikikomori por Marília Kubota Nos anos 2000, o psicólogo Tamaki Saitô criou o termo hikikomori. A palavra japonesa designa a pessoa, em geral jovem do sexo masculino, que fica isolada em casa, com apetrechos eletrônicos. O fenômeno começou a ser observado com a popularização de computadores pessoais e celulares. No Japão, hikikomori são um problema de saúde pública. Com o isolamento social compulsório da pandemia , lembrei. Também tive minha época de hikikomori. Durante três anos morei numa chácara, em bairro nos limites de Curitiba. Vendi um apartamento no centro da cidade. Era uma fase de instabilidade emocional, motivada pela depressão. Não me entusiasmei a comprar um novo imóvel. Uma amiga médica ofereceu abrigo. A nova casa era o paraíso. Tinha bosque, pomar, horta e animais domésticos. Cachorros, gatos e coelhos conviviam com um cavalo, carneiros e pavões. De noite, grilos, sapos e corujas cantavam, à luz de um