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MulherArte Resenhas 13 | Posfácio ao livro "Carga de Cavalaria" de Divanize Carbonieri - Por Paulo Sesar Pimentel

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  Posfácio ao livro "Carga de Cavalaria"  de Divanize Carbonieri - Por Paulo Sesar Pimentel “Eu não quero as réguas para traçar meus caminhos. Eu prefiro as éguas, num galopar torto y veloz” (Antônio Sodré)   “Pastora de nuvens, por muito que espere, não há quem me explique meu vário rebanho. Perdida atrás dele na planície aérea, não sei se o conduzo, não sei se o acompanho” (Cecília Meireles)   Como uma cavalgada, ler este livro é experimentar ritmos: frente a uma planície tão ampla, pode-se trotar, vagarosamente, degustando imagens pelo caminho, ou, num galope veloz, atravessar as distâncias que Divanize Carbonieri constrói. Esta obra, deste modo, fotografando em palavras que necessitaram ser selecionadíssimas, dadas as limitações do haicai, funciona igual a uma bula que ensina a sobre como olhar, no dorso de um cavalo, o mundo em movimento e, ao mesmo tempo, em pé, na beirada da floresta, as tantas possibilidades de liberdade. Não nos enganemos, leito

MulherArte Resenhas 12 | Prefácio ao livro "Chão Batido" de Juçara Naccioli - Por Cristiane Sobral

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  Prefácio ao livro Chão Batido de Juçara Naccioli  - Por Cristiane Sobral Caro leitor, escrever não é labuta fácil. O poema tem identidade, nasce, mas ainda não está pronto, percorre o caminho único da criação. Publicar no Brasil também é estrada íngreme. O convite para escrever um prefácio é algo que assombra um pouco. Sempre novo e único falar sobre autores e o processo de tornar-se poesia. Palavrear não é ato isento, as palavras curam, ferem, transformam. Desacredito em coincidências no encontro entre a autora e a prefaciadora, quiçá parteira a anunciar o corpo livro. Esse encontro é marcado considerando a intuição e a força do inconsciente coletivo. Sempre destacarei a emoção e a razão como elementos indispensáveis para a construção de um poemário singular. Chão Batido me fez tremer as pernas pela oportunidade de revelar a alta literatura e suas especificidades. Esse livro nasce como um marco, presente referencial para o universo das letras. O poema é flecha certeira, não é

MulherArte Resenhas 11 | "Virgínia" de Stéfanie Sande: estratégias de desarmamento - por Eduardo Mahon

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VIRGÍNIA DE STÉFANIE SANDE: ESTRATÉGIAS DE DESARMAMENTO  - Por Eduardo Mahon Vamos falar um pouco mais sobre o romance Virgínia , de Stéfanie Sande. Deixo assinalado que o livro pode ser uma grande descoberta, sobretudo no público mais jovem. O amor entre duas garotas é tratado sem a costumeira bandeira levantada, sem o rancor típico das resistências entrincheiradas. Considerando a leveza oriunda da naturalidade da relação, o enredo não sublinha aspectos traumáticos. Sim, é possível tratar do lesbianismo (e outras tantas emergentes pautas sociais) sem o recorte do conflito e do sofrimento. Nem por isso a obra será menos profunda. Em termos de narrativa, fiquei muito satisfeito ao ver a mudança de marcha no segundo terço da narrativa. A troca de vozes aponta para o amadurecimento da escritora. Não é fácil e não é comum ver essa alteridade realizada com sucesso. Em geral, quando não há planejamento, o livro fica sem pé nem cabeça. Virgínia nos oferece a dupla perspectiva, sem perder a l

MulherArte Resenhas 10 | Da fluidez do haicai à densidade da palavra: as audácias de uma poeta que versa o imprevisível - Por Juçara Naccioli

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  Da fluidez do haicai à densidade da palavra:  as audácias de uma poeta que versa o imprevisível - Por Juçara Naccioli Divanize Carbonieri é uma fonte efervescente e inesgotável de poesia , que transborda a partir de temas diversos, linguage m inusitada e uma constância no exercício da sua produção literária. Como resultado dessa ebulição, a poeta passa por um processo de maturação rápido, independente e absoluto como escritora. A cada obra que se dedica a escrever, seus leitores são surpreendidos e, neste lançamento, não seria diferente. Agora o trânsito poético é experienciado por meio do gênero haicai, que tem como característica evidenciar o sentimento bucólico de perceber a relação natur eza e ser humano pelo olhar da poesia. Com isso, Carbonieri deixa fluir toda a admiração que tem por cavalos na brevidade dessa forma que consiste em três versos. Nesse novo trabalho, Divanize se mostra uma intrépida haicaista, que se aventura em composições que entretêm a o mesmo tempo

MulherArte Resenhas 09 | Aos 86, Eni Fantini lança seu primeiro livro e nos ensina a libertar por meio da arte

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  Aos 86, Eni Fantini lança seu primeiro livro  e nos ensina a libertar por meio da arte - Por Maizé Trindade Há crença eternizada pela música “Paraíba”, do mestre Gonzagão, de que a paraibana é mulher valente e atrevida. Na verdade se nos dermos ao trabalho de pesquisar, encontraremos exemplos de muitas mulheres inovadoras e progressistas por todo o país. Algumas famosas. Outras, heroínas anônimas, como Eni de Oliveira Fantini. Eni nasceu na cidade mineira de Sabará, em 1934, ano que marcou a edição da terceira Constituição brasileira, considerada progressista para a época por assegurar avanços. Entre eles, ensino primário gratuito, voto secreto e institucionalização do voto feminino. Com certeza, Eni nasceu bafejada por tais ares de abertura pois revelou-se, desde logo, pioneira. Após 27 anos dedicados à área de educação, ingressou no Curso Livre de Artes Plásticas da Escola Guignard, em Belo Horizonte. Em 1987, descobriu interesse novo e enveredou-se pelos caminhos das artes marciai

MulherArte Resenhas 08 | "O quarto canal", de Clara Arreguy: um misto de alívio e suplício, utopia e distopia; um tributo à educação

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O quarto canal , de Clara Arreguy:  um misto de alívio e suplício, utopia e distopia;  um tributo à educação - Por Maria Amélia Elói Quando Clara Arreguy anunciou que lançaria romance novo, intitulado O quarto canal , versão bilíngue Português-Inglês, por sua própria editora, a Outubro Edições (outubroedicoes.com.br), logo fiquei interessada em conhecer a história. Imaginei que encontraria naquele universo narrativo algum tipo de consolo anestésico ou ensinamento cirúrgico. Isso porque, em 2020, em plena pandemia, vim finalmente a experimentar o tal tratamento de canal, não só uma, mas duas vezes, após episódios de dor de dente — eu, que até então só conhecia as habituais limpezas, pequenas obturações, a plaquinha noturna de acrílico e os aparelhos ortodônticos da infância e da juventude. Quem me deu o livro foi a escritora Flávia Ribas, numa brincadeira de amigo oculto do Instituto Casa de Autores (casadeautores.com.br), em dezembro, e só agora tive a chance de me deitar na cadeira do