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Mostrando postagens com o rótulo Susana Malu Cordoba

Preta em Traje Branco | Deságues de Susana Malu Cordoba

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Coluna 33 Foto by Arek Socha from Pixabay Deságues de Susana Malu Cordoba DERRAMAR ESCORRER  SE DEMORAR Verbos transitivos que enfeitam GARGANTAS *********************************** O que separa as meninas das mulheres Ouviu-se apenas um disparo "Eu queria que você me amasse" De repente um silêncio morno o beijo no rosto e o impacto da bala que ricocheteou *********************************** Liberdade em gotas Foi uma gargalhada daquelas bem dadas Estava só E ali, onde as confissões só são permitidas  aos que queimam Duvidou do matrimônio *********************************** Um segredo Gosto de mergulhar em pessoas,  se pudesse  mergulharia em você *********************************** Tem noites em que minha maior ânsia é derramar em sua boca o líquido quente e escorregadio dos desejos  que me tiram o sono São nesses momentos que imagino  meu sussurro clandestino de fêmea lambendo seus ouvidos É ali que minhas intenções te mordiscam o sono, os lábios, o falo E ao amanhecer  te

Preta em Traje Branco | Poética em Maiúsculas de Susana Malu Cordoba

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Coluna 24 Estética em Maiúsculas de Susana Malu Cordoba pixabay.com christoph_mschrd  Não se pede poesia como quem compra meia dúzia de pães na padaria Embora até o ato de comprar pães para quem saboreia a insignificância de existir, é poesia Não se pede poesia com a simplicidade de quem apaga as luzes A escuridão tem seus mistérios, seus perigos e carrega poesia Não se pede poesia como quem entra em um avião e dorme no trajeto Para voar, se faz necessário abrir o relicário da infância, só assim é poesia Não se pede poesia como quem compra um saco de terra na floricultura Para se tocar a terra, é preciso estar livre, recolhido em suas miudezas e entender que a terra de onde viemos é sagrada, tem sangue, glória e somos todos pequenas sementes de poesia. ******************** Intenções   São as intenções, que dilaceram as palavras que saem de minha boca. Foi a intenção e seu liquido corrosivo, que derreteu as vogais do seu nome. Todas as vezes que seu nome abriga minha boca

Preta em Traje Branco | Dueto de Paixões de Susana Malu Cordoba

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Coluna 14 Dueto de Paixões  de Susana Malu Cordoba Texto 1 Amar e me jogar aos abismos Uma obra de arte e sua tragédia Porque é na queda que sente vivo É em queda livre que se sente A lâmina afiada, o derradeiro corte É lá que se morre É lá que as mulheres queimam de tanto amar Em queda livre que o amor Nos vira do avesso e nos espalha... Nossos eus… pequenos pedaços É na queda livre que o amor nos consome E nos leva a fina camada de pele, Corrompe o tutano dos ossos E lambe lentamente o líquido de nossa vaidade E sem cautela, amamos E com urgência, amamos E com bravura, amamos Amamos sem outras garantias Que não a sensação de estarmos vivos   ************************ Texto 2   Sim, todas as vezes que o amor me bater à porta Me encontrará sentada à sua espera Me entregarei ao ato de amar Afundarei irremediavelmente em bocas Provarei do mel desses corpos que queimam Sim, todas as vezes que o amor me bater à porta Agarrarei tornozel

Preta em Traje Branco | Pequenas Prosas Poéticas de Susana Malu Cordoba

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Coluna 4 Pequenas prosas poéticas de Susana Malu Cordoba https://pixabay.com Se pudesse desaprenderia tudo sobre essa máquina de moer gente, sobre essa necessidade de produtividade, que não me faz sentir viva. Se eu ousasse permaneceria inerte beijada pelo vento, acalentada pelo gorjear dos pássaros. Se em mim corresse o fio da coragem, acompanharia a transmutação das nuvens por horas a fio. Abriria o relicário da infância, estática deixaria o entardecer cair sobre meus olhos, e na penumbra me amaria sobre a luz da lua. Ficaria ali corpo imóvel, imaginando mundos ou nada Seria feliz na miudeza de existir. *** O silêncio me pariu Lembro da vertigem que me acometeu,   logo após meu nascimento. A boca amargava decepção. Em meus olhos refletia a lembrança das senhoras de face endurecida que colecionam derrotas com a elegância de quem carrega  troféus. Pensei em quantas vezes o silêncio haveria de me parir para que eu me tornasse essa couraça rígida de mulher