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A poesia tocante de Wanda Monteiro

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"River"  por Justina Kopania sob a liturgia do tempo um chão itinerante move-se na respiração da memória Justina Kopania I em leito outrora fecundo línguas ondas quebravam sonantes ao toque da lira no-ágora-do-outrora só há espectros mudo-surdos habitantes de um deserto seco e demente de palavras II no gargalo da garganta ergue-se um mausoléu de asas em santo sepulcro de palavras aladas III que presságios traz a mudez do flagelo verbo fugitivo de um poema em chamas ? Justina Kopania sobre a carne viva da página o talo do verbo ergue totem de sentidos jorra-lhe sem pudor seiva e sumo à espera de abrir-lhe a rosa do poema Justina Kopania tu que habitas essa ilha de memória margeando passado nessa terra de parto vida e morte olha procura por debaixo das coisas miúdas os sentidos partidos ao meio pelo tempo recusa a morte corrente-leito-de-espera do rio que já não é aceita as manhãs

A poesia visceral de Maria Marta Nardi - seis poemas

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Vermelho I Pincelei seus olhos Pelo meu corpo Decalque na pele Pontas da mesma estrela Na extensão da madrugada II Dentro de mim Vermelho de algas Alguma sede Invertebrada Água - Viva Água – Linfa Sais Seios Línguas Até o osso I Suturas em linhas Que se esgarçam Ou apenas Sínteses E antíteses Da existência II Tensão estirada Sobre cactos Centenas De espinhos Contra o corpo Abrem a vida Até o osso III Galho ereto Corte de folha afiada Perfume Que escapa Arpejo De violetas Terminais IV Bigornam Os ouvidos Vão – se Os pássaros De chumbo Na pele da manhã A noite exala seu hálito de lírios Deitada sobre o linho Todos os sentidos me despem Lateja em flashes O nervo exposto Palimpsesto de esperas Um furor negro me atravessa Todas as vísceras me movem A noite é um grito de êxtase E distâncias Iridescência de todas as febres Dissolvidas na pele

Poesia, música, parcerias de Chris Herrmann - vídeos

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Arte: Aquarela e Nanquim, “Prelúdio“ por Luciane Valença 2018 [Esta pintura faz parte do acervo pessoal de Chris Herrmann] Poesia, música, parcerias - vídeos por Chris Herrmann Desde criança sentia muita atração por ler, escrever e pela música. Quando aprendi a escrever mais ou menos, antes mesmo de entrar para a escola, saí escrevendo pelas paredes do apartamento onde morávamos. Meus pais quase morreram de susto quando viram! ☺️ No antigo primeiro ano primário (estou ficando menos jovem), a professora nos pediu uma redação sobre poluição e que trouxéssemos no dia seguinte. A minha ela rasgou na frente da turma, dizendo que aquela redação não podia ser minha! Chorei muito naquele dia. Eu fazia os deveres de casa sozinha. Mas aquela era uma escola pública em plena ditadura militar no Brasil, e os alunos eram os soldados. Não tinham direito de pensar por si próprios, muito menos de possuir inteligência e argumentar algo contra. Mas isso tudo só me fez gostar ainda mais de

Força e delicadeza - A maravilhosa obra de Lilian Goulart

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Falar da multiartista  Lilian Goulart , é território vasto, tema complexo, em virtude da imensa gama de possibilidades inseridas no seu fazer artístico. Há sim, algo muito claro que salta aos olhos; a beleza escancarada que captura olhares, corações e almas, embebidos na ternura e potente carga de lirismo inegáveis. Lilian passeia pelas aquarelas em papel, pelas telas, pela música, com sua linda voz, pela poesia, pelas aulas de arte que contemplam todas as idades, pelos muros, pela vida, esbanjando coloridos, pretos e cinzas. A arte de Lilian não se conta; vejam, sintam! Lia Sena "tudo faz sentido até mesmo quando os olhos estão fixados no nada." Lilian Goulart  "Assim meio lua, com cara de quem não quer ir, lá vai a moça se desfazendo de flores de chita. Canta versos dos poetas e os seus, que tira do bolso e oferece ao vento." Lilian Goulart "... as vezes nem percebi

Encontro artístico - a intensa poesia de Luciane Lopes ilustrada por Amanda Barros Velloso

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Quando mulheres artistas se encontram em intersecção de linguagens, surgem parcerias felizes que nos presenteiam com bálsamos de palavras, cores, melodias, formas... Elementos capazes de nos tocar em profundidade. Pude presenciar, ao longo dos últimos doze anos ou até um pouco mais, o encontro artístico entre Luciane Lopes* e Amanda Barros Velloso* , ambas talentosas e competentes artistas, cada uma com sua linguagem - Luciane é poeta, Amanda é artista visual, tendo também uma trajetória musical como cantora. Em 2009 um dos frutos desse encontro trouxe muita alegria: ambas ganharam um festival de música com a canção "Indizível" - poema de Luciane musicado e interpretado por Amanda -, selando a qualidade dessa parceria. O tempo passou, e eis que recentemente elas se encontraram de novo nas Artes, agora com poesia em palavras e imagens. Amanda ilustrou poemas de Luciane Lopes com a mesma sensibilidade que já se lhe sabia peculiar na música. Trago a vocês três desses poem