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Mostrando postagens com o rótulo poesia literatura de autoria feminina

O Tempo sonha em travesseiros de pedra: cinco Poemas de Lua Serena

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Tempo virá em que o mundo há de ficar sozinho Gemem as mãos na repulsa das carícias choram as estrelas no apagão dos olhos descrentes Contar o tempo é mania que se apanha e não se aprende não se rende o corpo da teimosia ainda que falhe a fé e cale a alma ... Tempo virá ainda que tarde o entendimento há de ficar sozinho o mundo na imensidão dos céus ... Logo anoitece. A vida é um encantamento que o tempo tira pra dançar com o vento ora tempestade ora brisa mansa. Mas as secas chegam... Mas a vida cansa. Eu moro na fé dos desesperados nos joelhos dobrados dos sem teto sem chão sem eira nem beira de estrada nem caminho a seguir. Eu moro na esperança dos caídos sofridos até a raiz dos cabelos dos fios e meados da vida enredados alma e breu coração

UniVerso de mulheres 03 Poesia Alemã e Indígena - Três poemas de Márcia Kambeba

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Três  Poemas de Márcia Wayna Kambeba, por Valeska Brinkmann                                                 Foto ©Márcia W. Kambeba Amazonidas Somos filhas das ribanceiras Netas de velhas benzedeiras Deusas da mata molhada Temos no urucum a pele encarnada Lavando roupas no rio, lavadeiras No corpo um gingado de carimbozeiras Temos a força da onça pintada Lutamos pela aldeia amada Mas viver na cidade não tira de nós o direito se ser nação Ter ancestralidade, sabedoria, cultura Somos filhas de Nhanderú, Senerú, Nhandecy O Brasil começou bem aqui ou será que foi ali Não nos sentimos aculturadas Temos a memória acesa E vivemos a certeza de que nossa aldeia  Resistirá ao preconceito do invasor Somos a voz que ecoa Resistência? Somos, sim senhor! Guerreiras Nas penas que trago no cocar Nas contas que contam minha história No espírito que carrega a memória Na cara ou n

O martelo de Adelaide – Marília Kubota

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MOSAICO Coluna 02    –  Resenha O martelo de Adelaide por Marília Kubota O martelo (Garupa, 2017), de Adelaide Ivanóva, recorre à metáfora de uma ferramenta considerada arma branca entre os povos primitivos. Na Revolução Industrial, torna-se  símbolo da classe operária: é um instrumento para pregar pregos. Na era moderna, ao lado da foice  do camponês, transforma-se no ícone da bandeira comunista. Há duas referências  para as  quais o livreto (com 82 páginas e   29 poemas) aponta.  O martelo do juiz, que  representa o poder de proferir sentença nos tribunais, batendo com força em vítimas de estupro e o livro O   martelo das feiticeiras , manual no qual a Inquisição da Igreja Católica   se baseava para caçar hereges, entre eles, “mulheres que haviam feito pacto com o demônio” ou adúlteras.  O livro amplifica estas duas vozes, a da estuprada e a da adúltera. Estas mulheres, segundo o  Imperador   Constantino, eram consideradas foras-da-lei. As vozes femininas são an