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Ana Cecília Romeu em uma Prosa Poética

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Ovelha de Nuvem  Entre desassossegos de grandes passados e pequenas chances de hoje, a mulher inventou um promissor prado cor celeste. Contou carneirinhos, leu pensamentos e amores, respirou raridades, escarrou nas dores, ensaiou beijos e versou nas poucas horas vagas segurando um sorvete de limão, seu favorito. Não passava de uma Ovelha de Nuvem em céu escarlate. Qualquer pingo de satisfação que lhe chegasse aos dedos, o transformaria em algodão: branquinho, macio, modelável, palpável. Pois assim deveria ser sua trajetória: um par de sonhos, outro tanto de obras em andamento e o etéreo na adição das linhas de suas mãos. Um arremesso ao longe na brevidade da vida, e um chega para cá na felicidade em dízimas periódicas Fotografia por Luíse Rodrigues da Costa     Ana Cecília Romeu é gaúcha de Porto Alegre. Graduada em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela PUC/RS, também estudou Artes Plásticas e Arquitetura pela UFRGS. Desde 2010, publica artigos em

Uma prosa poética de Nic Cardeal

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Os olhos chuvosos de Deus Eu imaginava que águas caíssem dos céus porque deus também sentia dores intensas e precisava chorar algumas vezes. Às vezes, muitas vezes. Então naqueles dias tão imensamente aguados eu chorava escondida - junto com deus - acreditando que assim poderia aliviar sua dor. Ele, por certo, nem fazia ideia que uma de suas milhares de criaturas, tão ínfima como um grão de areia perdido no seu universo sem fim, chorava com ele, por ele... Eu, por outro lado, desse lado aqui de baixo, sentia-me útil, num quase mútuo sentimento de compaixão e amor, acreditando piamente na utilidade do meu gesto. Assim segui acreditando por anos a fio, toda vez que chuvas a rodo rolavam lá do alto até cá embaixo. No correr do tempo sempre me perguntava a razão de tanto sofrimento de deus por seus humanos... porque as águas continuavam, ora leves, ora pesadas, nervosas, desesperadas... Perdi a conta por quanto tempo segui acreditando no sofrimento intenso de deus por seus mínimos