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Uma colher de chá pra ele - Linaldo Guedes

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| uma colher de chá pra ele - 03 | Poemas do livro, ainda inédito, “Cabo Branco e outros lugares que não estão no mapa” (Quase vivos) há, entre nós, as mesmas sepulturas: elas foram cavadas para os negros sacrificados como carneiros em feiras livres, em sujas senzalas nossos cadáveres fedem como todos os mortos como os índios dizimados pelos portugueses em aldeias que hoje são apenas vitrines para turistas, para os mecenas do capital nossos cadáveres morreram nas secas nos flagelos, nos sertões deles deles mesmos, os coronéis eles que cortam os dedos e levam os anéis nossos cadáveres tentaram atravessar os anos 60 na paz, no amor mas foram torturados nas prisões no submundo da nossa política imunda nossos cadáveres chegaram ao século vinte e um recebendo golpe atrás de golpe de bastardos vestidos de amarelos, de bastardos furtando nosso amarelo, sendo patos em nossa chacina diária nossos cadáveres existem porq

A Poesia empoderada de Josimey Costa, em três poemas

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Cícero Dias EU TU DEUSA Cada mulher é um portal Há em seu ventre mundos Templos que erguem histórias Biografadas em carne Cada boca de cada uma É riso e grito incessante Fonte profunda telúrica Das muitas fases da lua Crescendo e minguando Como humor sazonal de rio Cada vagina faz rugir as feras As bestas dançarem mansinho Ao som dos tambores da pele Enquanto tudo é o tempo Sua cabeça de oráculo Emaranha qual serpente Sentenças certezas sentidos Seu rastro arando a terra Com fogo espaço e estrelas Cícero Dias INDISCRIÇAO A garganta ganha uma gruta de silêncio tenso imenso e só rarefeito no óxido do tempo A palavra mastigada entre os dentes pende quase rota quase nada que diz tudo No fundo o segredo dorme vazio na cara o escape acorda o espanto   Cíciero Dias NÃO Quero não o seu abraço de hera Se o corpo não basta, quanto mais braço ou perna Tudo tudo é só o que você quer Nã

Velas ao vento - novo livro da poeta Rita Queiroz

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Velas ao vento: ou quando os olhos singram pela correnteza da poesia Em novo livro autora mergulha seus poemas em metáforas aquáticas As águas já foram tema de canções belíssimas. Estão também presentes em várias religiões como o elemento purificador de corpos e almas. Na natureza, as águas, assim como os outros elementos, ar, terra e fogo, simbolizam toda a essência da vida. É seguindo essa corrente de pensamento que o novo livro da autora Rita Queiroz navega e conduz o leitor pelas suas margens poéticas. “Velas ao vento” sai pela Editora Penalux, é o seu quinto livro de poesia. Em entrevista à editora, a autora diz que o seu livro traz uma singela contribuição para a literatura e para o cenário atual, pois representa um bálsamo para os dias difíceis. A obra pretende “passar a ideia de beleza, de sofrimento, mas, primordialmente, da força que há nas águas”, diz.   E complementa: “O livro traz um tributo às águas, sejam estas doces ou salgadas, e de como se pode atrave

UniVerso de Mulheres 04 - Poesia Alemã e Indígena - -Dois Poemas e Três Epigramas de Liselotte Rauner

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Dois Poemas e Três Epigramas de Liselotte Rauner, por Valeska Brinkmann Madeira utilitária Nós matamos a floresta Dia após dia e atingimos a nós mesmos com cada golpe Aquilo que verdes copas carrega cortado desfolhado descascado serrado torna-se madeira utilitária - torna-se papel e nele escrevemos poemas sobre árvores para que nossos descendentes saibam quão maravilhosas as florestas eram Nutzholz Wir schlagen die Wälder Tag für Tag und treffen uns selber mit jedem Schlag Was aufrecht grüne Kronen trägt gefällt entlaubt geschält zersägt wird Nutzholz - wird Papier und darauf schreiben wir Gedichte über Bäume damit die nach uns kommen erfahren wie wunderbar die Wälder waren Fui demitido Fui demitido, que significa liberado Então, sabemos como eles chamam isso Em sua língua são reconhecidos: Segurança social significa seguro-desemprego E racionalizar significa tanto quanto substituir gente por tecnologia O que as pesso