Uma colher de chá pra ele - Linaldo Guedes
| uma colher de chá pra ele - 03 | Poemas do livro, ainda inédito, “Cabo Branco e outros lugares que não estão no mapa” (Quase vivos) há, entre nós, as mesmas sepulturas: elas foram cavadas para os negros sacrificados como carneiros em feiras livres, em sujas senzalas nossos cadáveres fedem como todos os mortos como os índios dizimados pelos portugueses em aldeias que hoje são apenas vitrines para turistas, para os mecenas do capital nossos cadáveres morreram nas secas nos flagelos, nos sertões deles deles mesmos, os coronéis eles que cortam os dedos e levam os anéis nossos cadáveres tentaram atravessar os anos 60 na paz, no amor mas foram torturados nas prisões no submundo da nossa política imunda nossos cadáveres chegaram ao século vinte e um recebendo golpe atrás de golpe de bastardos vestidos de amarelos, de bastardos furtando nosso amarelo, sendo patos em nossa chacina diária nossos cadáveres existem porq