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Timidez pra que te quero | Marilia Kubota

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  MOSAICO Coluna 15    –  Crônica Timidez pra que te quero  por Marília Kubota Desde criança fui tímida. A primeira vez que escutei minha voz em público levei um susto. Pensei, que voz feia. Falava baixo para ninguém ouvir. Isso fez com que me ouvissem cada vez menos. Sofria de “falta de iniciativa”, como acusavam os boletins escolares. Tirava dez em tudo, menos no item “iniciativa”. Em um mundo que não para de falar, o tímido é doente. Pensei assim por 20 anos de vida. Desisti da escola, aos 15 anos, porque não conseguia fazer uma apresentação oral de 5 minutos. Fiz terapia para tratar a “fobia social”. Não me curei. Voltei a estudar aos 18, fiz curso de Comunicação Social. E continuei tímida. Me apoiei na escrita para suprir o déficit de comunicação. Primeiro veio a leitura, refúgio contra a horda de falantes. Como não sabia abrir a boca para falar, abria um livro para “conversar”. Assim aprendi a conviver com vozes distantes no tempo e no espaço, e com meus botões. A litera

Corpos-sentidos | Lançamento de Helena Arruda

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A poeta, contista, ensaísta, doutora em Literatura , Helena Arruda , em meio a esse período caótico de pandemia, brinda-nos com o novo livro, " Corpos -sentidos " com belíssima capa da também escritora e artista plástica, Deborah Dornellas, pela Editora Patuá. * Um dos  poemas do livro Roupas velhas minha dor são flores descoloridas [do meu jardim] que duram o tempo necessário [saturação] parto e permaneço aconchegada a mim meu corpo, pedra áspera à mercê das águas da cachoeira [espera] equilíbrio e falta, estar e não-estar sou pedaços de roupas velhas cerzidas pelas agulhas do tempo vejo todas as veias pulsando na imensidão do meu corpo: [pulso-sangue] [mundo-pulsa] vivo na emboscada da vida minhas mãos envelhecem à medida da minha dor meu corpo é dor e desejo, viço e cansaço [grito] *** Trecho do Prefácio O novo livro de poesias Corpos-sentidos começa com uma afirmação política, que

PodPapo 03 | entrevista com a poeta e cronista Ingrid Morandian

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| PodPapo 03 | PodPapo - Entrevista com a poeta e cronista Ingrid Morandian por Chris Herrmann A terceira edição  da nossa coluna de entrevistas em formato de áudio é com a poeta paulistana Ingrid Morandian . Foram 18 minutos de uma conversa bem agradável sobre a produção literária da autora e também sobre sua vida e aspirações nessa época de pandemia. A entrevista foi realizada na data de hoje, via WhatsApp. Para ouvir clique na seta abaixo do nosso Podcast: Foto | Acervo pessoal da autora Ingrid Morandian nasceu em São Paulo(SP), onde reside. Participou de várias antologias. Publicações: Água Terra Fogo Ar – Crônicas elementais , Editora Uapê, 2011 – História intima da leitura , Editora Vagamundo, 2012 – Revista Plural 1900 e Revista Plural La barca , 2016, Editora Scenarium Livros Artesanais - Senhoras Obscenas , 2016, Editora Benfazeja.Tem poemas publicados nas revistas eletrônicas Ser MulherArte (onde também foi uma das colaboradoras fixas), Malla

Resenha do livro infantojuvenil O Sapato Falador, de Gloria Kirinus

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PORQUE SAPATOS TAMBÉM FALAM por Nic Cardeal O SAPATO FALADOR (São Paulo: Cortez, 2008) é um livro infantojuvenil escrito por GLORIA KIRINUS  e lindamente ilustrado por Simone Matias, que conta a história de um menino e de seu sapato que fala! Diz a incrível escritora Gloria que uma vez choveu tanto, tanto, tanto, que a chuva, que era pra ser só uma chuvinha de nada, virou logo e muito ligeiro uma grande chuvarada! Só que essa chuvarada continuou chovendo, e então essa mesma chuvarada virou uma enorme inundação, alagando casas, afogando móveis e até brinquedos, conforme lhe contou um menino que viveu aquilo tudo bem de pertinho! A chuva foi tanta que levou embora até os sorrisos, as alegrias e as esperanças de toda aquela gente que morava tanto tempo ali que já estava até virando semente! Não teve misericórdia nenhuma aquela chuva de fazer história: cobriu os campos, os cantos, os montes e os telhados - de casa em casa, de rua em rua - levando pra distante cada pedaço

Fotografia 7 | Projeto Pixel Ladies + Revista Ser MulherArte - Gabriela Radde

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| Fotografia 7 - Gabriela Radde | Projeto Pixel Ladies + Revista Ser MulherArte por Bianca Velloso, Suzana Pires, Chris Herrmann e Lia Sena Pixel Ladies é um grupo de fotógrafas brasileiras com experiências de vida diversas e a Revista Ser MulherArte é um coletivo de artistas mulheres de língua portuguesa. Ambos têm o objetivo de divulgar a produção artística das mulheres. A arte é o que nos salva da dureza dos dias. Por isso a Pixel Ladies e a Revista Ser MulherArte lançaram um desafio poético durante a quarentena. A Pixel Ladies propõe a imagem em postagem no Facebook e as poetas que se sentirem tocadas escrevem um poema. A Revista Ser MulherArte seleciona e publica. A fotografia número 7  foi da Gabriela Radde Estes foram os poemas selecionados com suas respectivas autorias: Não cedo ao medo Sou trilho e sou o caminho Que persigo Alheia a todos perigos Eliane Silva O caminho é longo, algumas vezes

Uma colher de chá pra ele - Gilucci Augusto

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| uma colher de chá pra ele - 07 | Poemas da obra ainda  no prelo:   QUINTAL: DIÁRIO PARA VAGA-LUMES EM DIAS DE CHUVA Foto de  pilipoff  em  flickr Tinha um jardim no meio do meu quintal No meio do meu quintal tinha um jardim Tinha um mangue no meio do jardim do meu quintal No meio do jardim do meu quintal tinha um manguezal Tinham homens sangrando acorrentados no meio do mangue do jardim do meu quintal No meio do mangue do jardim do meu quintal tinham homens sangrando acorrentados Tem óleo preto nos mangues e jardins dos nossos quintais O óleo subiu a praia Subiu o morro Manchou a rosa do povo Destruiu Jardins Manguezais Agora No meio do asfalto ardente Se esforça a rosa doente A brotar A crescer Imagem Pinterest Que tristeza não ter um pequenino riacho No quintal. Poder sentir e ver a lua deitar-se Leitosa como a nata do leite que Vó deixava descansar Após ferver sem derramar, Logo cedo quando