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PIETÀ - Um conto de Claudia Manzolillo

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Michelângelo *Conto retirado do livro premiado pela UBE, A Dona Das Palavras PIETÀ por Cláudia Manzolillo Não sabia quando começara a verter lágrimas grossas, compridas, pesadas. Sabia que de seus olhos antigos brotava um líquido contínuo e doce,e às vezes, salgado como se fosse água do mar. Chorava ou destilava dor? Se parasse, esse fluxo explodiria ou incharia como um balão de gás e se perderia entre as nuvens num voo sem rumo? Não sabia dizer e por isso continuava sua missão: chorar e secar até que o algodão ensopasse e a vida lhe desse uma trégua. Pensava ser impossível ter tanta água  em seu corpo esmirrado. Seria um desígnio de Deus condensar em seus olhos essa água sem fim? Deveria pagar alguma promessa esquecida? Reparar algum erro ancestral?  Um crime, traição, algo inominável? Por que chorava a mulher? nenhum parto a fizera chorar assim, algum aborto teria rasgado a sua alma a ponto de chorar a vida arrancada? Ou um amor afogado na taça egoísta de um orgasmo soli

A Poesia de Claudia Manzolillo

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lanço cartas ao mar: vagas memórias manuscritos sem destino testemunham o tempo que me coube lanço-me ao mar: difícil tarefa de lutar contra a maré águas salgam-me e deságuo lanço ao mar letras e alma: adenso as águas oceânicas berço do tanto que fui e sou lanço ao mar minha herança: um nada esse deus que mora em mim fugidia esperança de eternidade lanço enfim minha carta de navegação: bússola inexata guiou-me até aqui praia bravia praia deserta praia serena praias sem fim me acobertam lanço-me assim ao crepúsculo de mim Pele é mapa: inscrevem-se amores mágoas linhas horizontes abismos Pele é retrato: revelam-se calendários festas perdas mares securas Pele é deserto: escondem-se oásis miragens desafios assombros Pele é rota: escrevem-se alguns poemas cartas de amor de despedida enquanto dias e noites TRANS Eis meu corpo nele cabem sonh