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Mostrando postagens com o rótulo Crônicas que as lembranças me embrulham de presente

A prova de piano - Crônica de Chris Herrmann em co-autoria com Roberta Gasparotto

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 06 por Chris Herrmann Antes de começar a história verdadeira que vivi na época da minha adolescência no Rio de janeiro, preciso falar do llindo projeto literário da escritora Roberta Gasparotto* . Chama-se: “diga-me uma história e eu conto sua memória“ . Ela ouve/lê nossa história e reconta com suas próprias palavras. Um projeto lindo e bem original que me deixou honrada em ser uma das convidadas. Quem quiser participar é só entrar em contato com ela pelo messenger ou pelo e-mail: robertagasparotto16@gmail.com * Roberta Gasparotto nasceu em Passo Fundo e mora atualmente em Brasília. Estudou Psicologia na UniCEUB.  Agora vamos à história: A prova de piano de Chris Herrmann, recontada por Roberta Gasparotto Quase nem acreditei quando  passei na prova de admissão para o Conservatório Brasileiro de Música. Afinal, estava concorrendo à cobiçadíssima vaga de bolsista integral. Apenas uma vaga, para centen

A lucidez do amor - crônica de Chris Herrmann

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 05 A lucidez do amor por Chris Herrmann Meu pai era machista, fruto da educação que recebeu e das suas próprias limitações. Cometeu muitos erros, embora tenha tido seus momentos de acertos. Eu tinha uns 17 anos, quando naquele dia ele retornara do hospital após um derrame (hoje chamado de AVC). Ainda com dificuldades na fala e com um olhar humilde como eu nunca tinha visto antes, ele me disse: - Minha filha, você é uma moça inteligente. Não sei se vou viver por muito tempo (e não viveu mesmo). Continue a se dedicar aos estudos e trabalhe e lute. Sei que você irá longe. Nunca se submeta a um homem. Nunca seja dependente de alguém. Se um dia você se unir a um homem, que seja de igual para igual. Só assim você poderá ser feliz. Sei que não tenho muito tempo para consertar meus erros. Mas você tem todo o tempo do mundo para seguir um caminho mais justo que o da sua mãe. (Eu o abracei e nossas lágrimas selaram aquele mo

Meu melhor amigo - Chris Herrmann

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 04 Meu melhor amigo por Chris Herrmann O melhor amigo que eu tive na vida era gay. Digo que era, porque ele não está mais entre nós. Eu o conheci nos anos 80 quando ainda vivia no Brasil. Trabalhávamos na mesma empresa. Foi uma amizade incrível. Ele era a pessoa mais gente que eu havia conhecido em todos os sentidos, em todos os tempos. Maravilhoso companheiro no trabalho, com os amigos e a família. Ele tinha três empregos porque os pais morreram e ele ajudava financeiramente os irmãos mais novos, como um pai. Eu não sabia que ele era gay. No trabalho ninguém sabia também. Naquela época, a homofobia era até pior do que hoje. Um dia estávamos almoçando no centro do Rio e ele me disse que precisava contar algo muito sério. E falou mais ou menos assim: "Chris, nós somos amigos e eu gosto muito de você. Por isso, devo ser sincero, mesmo que isso signifique que você não queira mais a minha amizade. Se isso acontecer, eu

História de Natal de uma ateia - Chris Herrmann

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 03 por Chris Herrmann História de Natal de uma ateia Eu nasci em uma família católica, com exceção do meu pai que era ateu. Fui batizada, crismada, participei do grupo jovem da igreja do meu bairro no Rio, onde participei de programas de apoio a crianças sem família que moravam em creches. Toquei órgão em missas na igreja. Estudei em colégio de freiras. Depois de passar por algumas experiências (que não vêm ao caso aqui) fui me afastando da vida religiosa até me tornar ateia. Só não divulguei essa decisão abertamente para família e amigos naquela época, até para não magoar minha mãe. Guardei para mim. Eu tinha a desculpa de trabalhar e estudar muito, de “não ter mais tempo para frequentar a igreja”. Porém, respeitava e continuo respeitando a crença (ou a não-crença) de todos. Certa vez, fiz amizade com uma moça do meu trabalho, que mudarei o nome aqui por respeito, assim como o da mãe dela. A chamarei de Silvia. Então,

Em um dia de chuva - Chris Herrmann

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 02 por Chris Herrmann Rio de Janeiro. Anos oitenta. Tinha acabado de completar 19 anos. Trabalhava como secretária-datilógrafa e teletipista (os “dinossáuricos” como eu, entenderão) e era nova naquela empresa. Com poucas semanas de trabalho, fui transferida para outro setor, onde substituiria uma secretária que entrou de férias. A chefe era uma mulher sisuda na casa dos trinta, que eu só conhecia de vista. No novo setor, os comentários corriam à boca pequena que a chefe era “um terror”. Tímida e observadora que eu era, vi que apesar do que falavam, ela demonstrava ser muito competente. Com receio de desagradar a “terrorista”, eu me concentrei ainda mais no meu trabalho  para não dar mancada logo nos primeiros dias e parecia dar certo. Ela chamava à atenção dos colegas por qualquer displicência. Eu ainda não tinha tido o “privilégio”, mas sabia que era apenas uma questão de tempo, hehe. Foto: Maria Balé No

Crônica de uma mãe cronicamente feliz - Chris Herrmann

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 01 por Chris Herrmann Esse título da minha crônica pode parecer estranho, mas é a pura verdade e vocês poderão entender melhor depois que eu contar os porquês. Meu filho agora tem dezessete anos e em três meses fará dezoito. Ele passou por uma difícil maratona e foi selecionado para fazer um “Ausbildung“ aqui na Alemanha - uma espécie de mini faculdade, com estágio e remuneração por três anos para iniciar em seguida uma carreira no “Finanzamt“, a Receita Federal da Alemanha.  Sim, estou terrivelmente orgulhosa dele ter sido escolhido, até porque os outros candidatos eram mais velhos, em sua maioria. Mas não é apenas por isso. Tem muito mais “caroço nesse angu“. Acontece que eu me separei do pai dos meus filhos aqui na Alemanha quando eles ainda eram pequenos, e passei uma fase bem difícil. Sozinha, sem parentes e com poucos amigos em uma cidade pequena como Hilden. Com dois filhos e tendo que disput